Sermão pregado na manhã de Domingo, 24 de outubro de 1869,
Por Charles Haddon Spurgeon
No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.
“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Lucas 23:34
Nosso Senhor estava suportando naquele exato momento as primeiras dores da crucificação; os verdugos acabaram de meter os cravos em Suas mãos e pés. Além disso, Ele deve ter ficado grandemente deprimido e reduzido a uma condição de extrema debilidade pela agonia da noite no Getsemani, e pelos açoites e as cruéis zombarias que tinha suportado de Caifás, de Pilatos, de Herodes e dos guardiões pretorianos no decorrer de toda aquela manhã. No entanto, nem a debilidade do passado nem a dor do presente impediram que Jesus continuasse em oração. O cordeiro de Deus guardava silêncio com os homens mas não com Deus. Emudeceu como ovelha diante de Seus tosquiadores, e não tinha nem uma palavra a dizer em defesa própria diante de homem algum, mas continuava clamando a Seu Pai em Seu coração, e nem a dor nem a debilidade podem calar Suas santas súplicas.
Amados, que grande exemplo nosso Senhor nos apresenta nesse ponto! Temos de continuar em oração enquanto nosso coração palpite; nenhum excesso de sofrimento deve nos apartar do trono da graça, mas antes deve nos aproximar dele –
“os cristãos devem orar no tanto que vivam,
Pois só quando oram, vivem”
Deixar de orar é renunciar às consolações que nosso caso requer.
Em todas as perturbações do espírito e opressões do coração, grandioso Deus, ajuda-nos a seguir orando, e que nossas pisadas, levadas pelo desespero, não se afastem jamais do propiciatório.
Nosso bendito Redentor perseverou em oração ainda quando o ferro cruel rasgava Seus sensíveis nervos e os repetidos golpes do martelo faziam que Seu corpo todo tremesse com angústia; e essa perseverança se explica pelo fato de que tinha um hábito tão imaculado de orar que não podia deixar de fazê-lo; Ele tinha adquirido uma poderosa velocidade de intercessão que o impedia de se deter. Essas longas noites na fria borda do monte, os muitos dias que tinha passado em solidão, essas perpétuas aspirações que costumava elevar aos céus, todas essas coisas tinha desenvolvido Nele um hábito tão arraigado que nem mesmo os mais severos tormentos podiam deter sua força.
No entanto, era algo mais que um hábito. Nosso Senhor foi batizado no espírito de oração; esse espírito vivia Nele; tinha chegado a ser um elemento de Sua natureza. Ele era como essa preciosa espécie de árvore que, ao ser cortada pelo machado, não deixa de exalar seu perfume e que, de fato, produz com maior abundância devido aos golpes, já que não é uma qualidade externa e superficial, mas uma virtude interior essencial a Sua natureza, que é extraída pelos golpes que fazem com que revele Sua alma secreta de doçura.
Como um feixe de mirra produz aroma ou como os pássaros cantam porque não sabem fazer outra coisa, assim Jesus também ora. A oração cobria Sua própria alma como se fosse um manto, e Seu coração saia vestido dessa forma. Eu repito que esse deve ser nosso exemplo e não devemos jamais cessar de orar, sob nenhuma circunstância, por grande que seja a severidade da tribulação ou por mais deprimente que seja a dificuldade.
Ademais, observem na oração que estamos considerando que nosso Senhor permanece no vigor da fé quanto a Sua condição de Filho. A extrema prova à qual se submetia agora não podia impedir que se apegasse firmemente a sua condição de Filho. Sua oração começa assim: “Pai”. Não foi algo desprovido de significado que nos ensinasse a dizer quando oramos: “Pai nosso”, pois nosso predomínio na oração dependerá muito de nossa confiança em nossa relação com Deus. Sob o peso de grandes perdas e cruzes, um é propenso a pensar que Deus não está tratando conosco como um pai com seu filho, mas sim mais bem como um juiz severo com um criminoso condenado; porém, o clamor de Cristo, quando é conduzido ao extremo que nós jamais experimentaremos, não delata nenhuma vacilação no espírito de Sua condição de Filho.
Quando o suor sangrento caía rapidamente sobre o chão no Getsemani, Seu clamor mais amargo começou assim: “meu Pai”, pedindo que se fosse possível, o cálice de fel passasse dEle; argumentava com o Pai como Seu Pai, tal como o chamou uma e outra vez naquela escura e doída noite. Aqui disse outra vez, nessa, a primeira das sete palavras pronunciadas quando expirava: “Pai”.
Ó, que o Espírito que nos faz clamar: “Aba, Pai” não deixe nunca Suas operações! Que nunca sejamos conduzidos à servidão espiritual pela sugestão: “se és Filho de Deus”; ou se o tentador nos assedia, que possamos triunfar como Jesus o fez no deserto faminto. Que o Espírito que clama: “Aba, Pai”, expulse cada medo incrédulo. Quando somos disciplinados, como temos de ser (porque que filho é aquele a quem o pai não disciplina?), que possamos estar em uma amorosa sujeição ao Pai de nossos espíritos, e viver, mas que nunca nos voltemos cativos do espírito de servidão para duvidar do amor de nosso clemente Pai e de nossa porção de Sua adoção.
Mais notável, porém, é o fato de que a oração de nosso Senhor a Seu Pai não pedia algo para Si mesmo. É certo que na cruz Ele continuou orando por Si mesmo, e que Sua oração de lamento: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, mostra a personalidade de Sua oração; mas a primeira das sente grandiosas palavras pronunciadas desde a cruz não possui nem sequer uma escassa referência indireta a Si mesmo. Diz: “Pai, perdoa-lhes”. A petição é inteiramente para outros, e ainda que exista uma alusão às crueldades que estavam sendo aplicadas a Ele, ela é, no entanto, muito remota; e vocês observarão que não diz: “eu os perdoo” – isso é tido como certo – parece perder de vista o fato de que lhe estavam fazendo dano; em Sua mente está o mal que eles estavam fazendo ao Pai, o insulto que estavam lançando ao Pai na pessoa do Filho; não pensa em Si mesmo em nada. O clamor: “Pai, perdoa-lhes”, é completamente desinteressado. Ele próprio é, na oração, como se não fosse; tão completa é sua auto aniquilação que perde de vista Sua pessoa e Suas aflições.
Meus irmãos, se houvesse tido um tempo na vida do Filho do Homem quando este poderia ter confinado rigidamente Sua oração para Si mesmo, sem merecer nenhuma critica por fazê-lo, seguramente teria sido quando Suas angústias de morte estavam começando. Se um homem fosse submetido à fogueira ou cravado em uma cruz, não poderia assombrar-nos se sua primeira oração, e inclusive a última, e todas as suas orações fossem petições pessoais de apoio contra uma atribulação tão árdua.
Porém, vejam, o Senhor Jesus começou pedindo por outros. Vocês não veem que grandioso coração é aqui revelado? Que alma de compaixão existia no Crucificado! Que semelhante a Deus, que divino! Alguma vez já houve alguém antes dEle que, ainda nas próprias dores da morte, oferecesse como sua primeira oração uma intercessão por outros? Esse mesmo espírito de abnegação deve estar em vocês também, meus irmãos. Que ninguém olhe por suas próprias coisas, antes, todo homem deve mirar pelas coisas dos demais. Amem a seus semelhantes como a vocês mesmos, e como Cristo colocou diante de vocês esse excelente modelo de abnegação, procurem seguir-lhe pisando sobre Seus passos.
No entanto, existe uma jóia suprema nesse diadema do glorioso amor. O Sol da Justiça se oculta no Calvário em um maravilhoso esplendor; mas em meio das brilhantes cores que glorificam Sua partida, existe uma em particular: a oração não era só pelos outros, mas sim que pedia por Seus mais cruéis inimigos. Seus inimigos, disse, porém deve-se considerar algo mais. Não era uma oração por inimigos que lhe tinham feito um mal anos antes, mas sim era por aqueles que estavam ali assassinando-o, nesse exato momento. Não foi a sangue frio que o Salvador orou, mas orava enquanto as primeiras gotas vermelhas de sangue manchavam as mãos que metiam-lhe os cravos, quando o martelo estava ainda salpicado de coágulos de cor carmesim, Suas boca bendita pronunciava a fresca e quente oração; “Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem”.
Digo também que essa oração não estava limitada a Seus verdugos imediatos. Eu creio que era uma oração de grande alcance que incluía aos escribas e aos fariseus, a Pilatos e a Herodes, aos judeus e aos gentios, sim, a toda raça humana em certo sentido, pois todos nós estávamos envolvidos nesse assassinato; mas certamente as pessoas imediatas, sobre as quais foi pronunciada essa oração como precioso perfume de nardo, eram aquelas que estavam ali naquele momento cometendo o ato brutal de cravá-lo no madeiro maldito.
Que sublime é essa oração quando é considerada a partir desse enfoque! Ela é única e está sobre um monte de glória solitária. Nenhuma outra oração como essa tinha sido orada antes. É certo que Abraão, Moisés e os profetas tinham orado pelos malvados; porém, não por homens perversos que tinham perfurado suas mãos e pés. É certo que os cristãos ofereceram essa mesma oração daquele dia em diante, tal como Estevão clamou: “não lhes tome em conta esse pecado”; e as últimas palavras de muitos mártires na fogueira foram essas palavras de piedosa intercessão por seus perseguidores; mas vocês sabem de onde aprenderam isso. Mas deixem-me perguntar-lhes: onde Ele a aprendeu? Não foi Jesus o original divino? Ele não a aprendeu de nenhuma parte; isso brotou de Sua própria natureza semelhante a Deus. Uma compaixão peculiar para Si mesmo ditou a originalidade dessa oração; a íntima realeza de Seu amor lhe sugeriu uma intercessão tão memorável que pode nos servir de modelo, porém da qual não existia nenhum modelo antes. Penso que seria melhor que eu me ajoelhasse nesse momento diante da cruz de meu Senhor em vez de estar parado neste púlpito dirigindo-me a vocês. Quero adorar-lhe, quero venerar-lhe no coração por essa oração; ainda que não conhecesse nada mais exceto essa oração, devo adorar-lhe, pois essa súplica sem par pedindo misericórdia me convence da deidade de quem a ofereceu, de maneira sumamente contundente, e enche meu coração de reverente afeto.
Dessa forma lhes apresentei a primeira oração vocal de nosso Senhor na cruz. Agora, com a ajuda do Espírito Santo de Deus, irei dar uma aplicação. Primeiro, a veremos como uma oração ilustrativa da intercessão de nosso Salvador; em segundo lugar, consideraremos o texto como instrutivo para a obra da igreja; em terceiro lugar, a consideraremos como sugestiva para os não convertidos.
I. Primeiro, meus queridos irmãos, vejamos esse texto tão maravilhoso como uma ILUSTRAÇÃO DA INTERCESSÃO DE NOSSO SENHOR.
Ele orou pelos Seus inimigos, e segue orando por Seus inimigos agora; o passado na cruz foi o sinal do presente no trono. Ele está agora em um lugar mais sublime e em uma condição mais nobre, mas Sua ocupação é a mesma; Ele continua ainda diante do trono eterno apresentando súplicas em favor dos homens culpados, clamando: “Pai, perdoa-lhes”. Toda Sua intercessão é, em certa medida, como a intercessão no Calvário, e as palavras do Calvário podem nos ajudar a adivinhar o caráter de toda Sua intercessão no alto.
O primeiro ponto em que podemos ver o caráter de Sua intercessão é esse: que é muito misericordiosa. Aqueles pelos quais nosso Senhor orou, de acordo com o texto, não mereciam Sua oração. Não tinham feito nada que pudesse motivar Nele uma benção como recompensa pelos seus esforços em Seu serviço; pelo contrário, eram pessoas muito indignas que tinham conspirado para sentenciá-lo à morte. O tinham crucificado e O fizeram de forma injustificável e malignamente; estavam inclusive tirando-lhe naquele momento Sua vida inocente. Seus clientes eram pessoas que, muito longe de serem meritórias, eram completamente indignas de um só bom desejo do coração do Salvador. Eles certamente jamais lhe pediram que Jesus orasse por eles; o último pensamento de sua mente era dizer-lhe: “Intercede por nós, moribundo Rei! Oferece petições em nosso favor, Filho de Deus!”. Eu me aventuro a crer que a própria oração, quando foi ouvida por essas pessoas, foi ignorada ou passada por alto com depreciativa indiferença. Ou talvez foi tomada como um tema de zombaria. Admito que pareceria demasiadamente severo para com a humanidade supor que seja possível que semelhante oração pudesse ter sido tema de risadas zombeteiras, e, no entanto, houve outras coisas implementadas em torno da cruz que foram igualmente brutais, e então posso imaginar que isso pode ter acontecido também.
No entanto, nosso Salvador orou por pessoas que não mereciam a oração, e, pelo contrário, mereciam uma maldição: eram pessoas que não solicitaram a oração e inclusive zombaram dela quando a ouviram. De igual forma o grandioso Sumo Sacerdote está lá no céu suplicando por homens culpados: por homens culpados, queridos ouvintes. Ele não suplica por ninguém se baseando na suposição de que verdadeiramente ela o merece. Está lá para interceder como o Justo em favor dos injustos. Não intercede como se alguém fosse justo, mas sim que “Se alguém tiver pecado, temos advogado para com o Pai”.
Recordem também que nosso grandioso Intercessor suplica por aqueles que nunca lhe pediram que intercedesse por elas. Seus eleitos são objeto de Suas intercessões compassivas estando ainda mortos em delitos e pecados, enquanto eles zombam até mesmo de Seu Evangelho, Seu coração de amor está implorando o favor do céu para eles. Vejam, então, amados, se tal é a verdade, que seguros estão de ter sucesso para com Deus aqueles que lhe pedem sinceramente ao Senhor Jesus Cristo que interceda por eles. Alguns de vocês, com muitas lágrimas e muita veemência, estiveram pedindo ao Salvador que seja seu advogado. Por acaso Ele os rejeitará? É lógico pensar que possa fazê-lo? Ele intercede por aqueles que rejeitam Suas súplicas; com muito mais razão o fará por você que as valoriza mais que o ouro.
Recorde, meu querido ouvinte, que se não existe nada bom em você e que existe todo o concebível que é maligno e mal, nada disso pode ser uma barreira para impedir que Cristo exerça o ofício de Intercessor por você. Ele suplicará inclusive por você. Vamos, coloque seu caso em Suas mãos, pois Ele encontrará súplicas que você não poderia descobrir por si mesmo, e apresentará seu caso diante de Deus como o fez por Seus assassinos: “Pai, perdoa-lhes”.
Uma segunda qualidade de Sua intercessão é: seu espírito cuidadoso. Notem isso na oração: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Por assim dizer, nosso Senhor revirou Seus inimigos para encontrar neles algo que pudesse ser argumentado em seu favor. Mas não pode ver nada até que Seus olhos sabiamente afetuosos pousaram em sua ignorância: “não sabem o que fazem”. Que cuidadosamente Jesus inspecionou as circunstâncias e as características daqueles por quem se importunava! O mesmo Ele faz agora no céu. Cristo não é um advogado negligente para com Seu povo. Ele conhece sua precisa condição nesse momento e o exato estado de seu coração em relação à tentação pela que atravessa; mais ainda, Ele vê antecipadamente a tentação que está lhe esperando, e em Sua intercessão toma nota do evento futuro que Seu olhar já contempla. “Satanás os pediu para cirandar como o trigo, mas eu roguei por ti, para que sua fé não falte.”
Ó, a condescendente ternura de nosso grandioso Sumo Sacerdote! Ele nos conhece melhor do que conhecemos a nós mesmo. Ele entende cada dor e cada gemido secreto. Você não precisa se preocupar sobre a fraseologia de sua oração, pois Ele retificará seu texto. E inclusive, quanto ao entendimento da petição exata, ainda que você falhe em entendê-la, Ele não pode falhar, posto que conhece a mente de Deus e também conhece o que está em sua mente. Ele pode espiar alguma razão para ter misericórdia de você que você mesmo não poderia detectar, e quando tudo está tão escuro e nublado em sua alma que não pode discernir um ponto de apoio para uma petição que pudesse solicitar ante o céu, o Senhor Jesus tem preparadas as súplicas que deverão ser formuladas, e tem as petições redigidas, e pode apresentar elas de forma aceitável diante do propiciatório. Observarão, então, que Sua intercessão é muito clemente e em segundo lugar, muito ponderada.
Continuando, devemos notar sua veemência. Quem quer que leia essas palavras: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, não pode duvidar que traspassavam o céu em seu fervor.
Irmãos, vocês estão seguros, inclusive sem pensá-lo, de que Cristo era terrivelmente veemente nessa oração. Mas existe um argumento para demonstrá-lo. As pessoas veementes são geralmente sagazes e de rápido entendimento para descobrir qualquer coisa que lhes ajude em seu propósito. Se estão pedindo por sua vida, e se lhes solicitasse um argumento para serem perdoadas, lhes garanto que pensariam em um quando ninguém mais poderia fazê-lo.
Agora, Jesus estava tão ávido da salvação de Seus inimigos que recorreu a um argumento para misericórdia que um espírito menos ansioso não teria concebido: “Não sabem o que fazem”. Vamos, senhores, isso foi na mais estrita justiça, uma escassa razão para misericórdia; e verdadeiramente, a ignorância, se é deliberada, não atenua o pecado e, no entanto, a ignorância de muitos que estavam ao pé da cruz era uma ignorância deliberada. Eles deveriam ter conhecido que Ele era o Senhor da glória. Por acaso não foi Moisés suficientemente claro? Por acaso Isaías não tinha sido muito valente em Sua mensagem? Não eram os sinais e signos tão claros que duvidar desses argumentos de que Jesus é o Messias era duvidar de qual é o sol no firmamento? No entanto, apesar disso tudo, o Salvador, com maravilhosa veemência e conseguinte destreza, converte em um argumento o que não teria podido ser um argumento, e o expressa assim: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Ó, então, que poderosos em sua veemência são Seus argumentos no céu! Não suponham que Seu entendimento é mais lerdo ali, ou que Suas petições são menos intensas na veemência. Não, meus irmãos, o coração de Cristo ainda labora arduamente com o Deus eterno. Ele não é um intercessor adormecido, antes, pela causa de Sião não cala e não descansa, nem descansará, até que saia como resplendor Sua justiça, e Sua salvação se acenda como uma tocha.
É interessante notar, em quarto lugar, que a oração ali oferecida nos ajuda a julgar Sua intercessão no céu no tocante a sua persistência, perseverança e perpetuidade. Como comentei antes, se nosso Salvador teve uma oportunidade de fazer uma pausa em Sua oração intercessora, certamente foi quando o cravaram no madeiro; quando eram culpados de atos diretos de violência mortal contra Sua divina pessoa, teria podido cessar então de apresentar petições em favor deles. Porém, o pecado não pode atar a língua de nosso Amigo intercessor. Ó, quanto consolo existe aqui!
Você tem pecado, crente, você contristou ao Espírito, porém, você não detém a essa poderosa língua que intercede por você. Você foi infrutuoso talvez, meu irmão, e como a árvore estéril, merece ser cortada; todavia, sua falta de fertilidade não retirou o Intercessor de Seu lugar. Ele intervém nesse momento, clamando: “Deixa ela ainda esse ano”. Pecador, você tem provocado a Deus ao rejeitar por longo tempo Sua misericórdia e ao ir de mal a pior, mas nem a blasfêmia, nem a injustiça nem a infidelidade poderiam deter ao Cristo de Deus de litigiar o caso do primeiríssimo dos pecadores. Ele vive, e ao longo de sua vida Ele intercede; e enquanto exista um pecador na Terra que deva ser salvo, haverá um intercessor no céu que argumente em favor dele. Esses são só fragmentos de pensamento, mas eles o ajudarão a entender, espero, a intercessão de seu grandioso Sumo Sacerdote.
E mais, pensem que essa oração de nosso Senhor na terra é semelhante a Sua oração no céu, em razão de sua sabedoria. Ele busca o melhor e o que Seus clientes necessitam: “Pai, perdoa-lhes”. Esse foi um grande ponto em questão; eles precisam, ali e então, do perdão de Deus. Ele não diz: “Pai, ilumina-lhes, pois não sabem o que fazem”, pois a simples iluminação não teria criado nada a não ser tortura de consciência e haveria acelerado seu inferno: mas clama: “Pai, perdoa-lhes”; e ao mesmo tempo que usava Sua voz, as preciosas gotas de sangue que estavam destilando então das feridas dos cravos, estavam intercedendo também, e Deus ouviu, e sem dúvida perdoou.
A primeira misericórdia que é necessária para os pecadores culpados é o perdão do pecado. Cristo ora sabiamente pela benção mais necessária. O mesmo sucede no céu; Ele intercede sábia e prudentemente. Deixem-no tranquilo; ele sabe o que há de pedir da mão divina. Vá ao propiciatório, e derrama ali seus desejos da melhor maneira que possa, mas quando tenha feito isso, expresse-o sempre assim: “Ó, meu Senhor Jesus, não responda a nenhum de meus desejos se não são de acordo com Seu juízo; e se em algo que eu pedi falhei em buscar o que preciso, emenda minha súplica, pois Tu és infinitamente mais sábio que eu”. Ó, é doce ter um amigo na corte que arruma nossas petições antes que cheguem ao grandioso Rei.
Eu creio que o que se apresenta unicamente a Deus agora é uma perfeita oração; quero dizer que diante do grandioso Pai de todos nós, nenhuma oração de Seu povo sobe de maneira imperfeita; não resta nada fora, e não existe nada que deva ser apagado; e isso não porque as suas orações foram perfeitas em si mesmas originalmente, mas sim porque o Mediador as faz perfeitas por meio de Sua infinita sabedoria, e se elevam diante do propiciatório modeladas de acordo com a mente do próprio Deus, e Ele responderá com certeza a essas orações.
Ademais, essa memorável oração de nosso Senhor crucificado era semelhante a Sua intercessão universal no assunto de seu predomínio. Aqueles pelos quais orou foram, muitos deles, perdoados. Vocês recordam que ele se dirigiu a Seus discípulos quando lhes ordenou a pregar: “comecem em Jerusalém”, e naquele dia quando Pedro se colocou de pé com os onze, e acusou o povo de que com mãos ímpias haviam crucificado e imolado ao Salvador, três mil pessoas que foram assim justamente acusadas de Sua crucificação se converteram em crentes Nele, e foram batizados em Seu nome? Essa foi uma resposta à oração de Jesus. Os sacerdotes estavam no fundo do assassinato de nosso Senhor, e eles eram os mais culpados, mas se diz que: “Muitos dos sacerdotes obedeciam à fé”. Aqui está outra resposta à oração. Posto que todos os homens participaram representativamente, gentios assim como judeus, na morte de Jesus, o Evangelho foi pregado logo aos judeus e em breve tempo foi pregado também aos gentios. Não foi essa oração: “Pai, perdoa-lhes”, como uma pedra lançada em um lago, que forma primeiro um estreito círculo, e logo um anel mais amplo, e logo uma esfera maior, até que todo o lago fique coberto com ondas em forma de círculos?
Uma oração como essa, lançada em todo o mundo, criou primeiro um pequeno anel de judeus e de sacerdotes convertidos, e logo um círculo mais amplo daqueles que estavam sob a influência romana; e hoje sua circunferência é tão ampla como o globo todo, de tal forma que dezenas de milhares são salvos por meio do predomínio dessa precisa intercessão: “Pai, perdoa-lhes”. Sucede exatamente assim como Ele no céu; jamais intercede em vão. Com mãos sangrentas, teve êxito; com pés cravados ao madeiro, saiu vitorioso; desamparado por Deus e desprezado pelo povo, triunfou com Seus argumentos; quanto mais agora que a tiara cinge Suas têmporas, que Sua mão sustenta o cetro universal e Seus pés estão calçados com sandálias de prata, e que Ele é coroado Rei dos reis e Senhor dos senhores! Se as lágrimas e os clamores produzidos pela debilidade são onipotentes, muito mais poderosa tem de ser – se fosse possível – essa sagrada autoridade que, como Sacerdote ressuscitado, intercede quando está diante do trono do Pai e menciona o pacto que o Pai fez com Ele.
Ó, vocês, trêmulos crentes, confiem a Ele suas preocupações! Aproximem-se dEle, vocês que são culpados, e peçam que interceda por vocês. Ó, vocês que não podem orar, vamos, peçam-lhe que interceda por vocês. Corações quebrantados, cabeças rendidas e peitos desconsolados, aproximem-se dAquele que colocará Seus méritos de tal forma que se elevarão como o fumo do perfume, como uma fragrante nuvem para as narinas do Senhor Deus dos exércitos, que exala um doce aroma, onde serão aceitos você e suas orações no Amado. Temos aberto agora um espaço mais que suficiente para suas meditações em casa nessa tarde, e, portanto deixamos esse primeiro ponto. Temos recebido uma ilustração, na oração de Cristo na cruz, do que são Suas orações no céu pela eternidade.
II. Em segundo lugar, o texto é INSTRUTIVO PARA A OBRA DA IGREJA.
Como Cristo foi, assim Sua igreja tem de ser nesse mundo. Cristo veio ao mundo não para ser servido, mas sim para servir, não para ser honrado, mas sim para salvar a outros. Sua Igreja, quando entender sua obra, perceberá que não está aqui para acumular para si riqueza ou honra, ou para buscar qualquer engrandecimento e posição temporal; a igreja está aqui para viver abnegadamente, e se fosse necessário, para morrer abnegadamente para a libertação das ovelhas perdidas, para a salvação dos homens perdidos.
Irmãos, eu lhes disse que a oração de Cristo na cruz foi completamente desinteressada. Ele não se incluiu nela. Assim deveria ser a vida de oração da igreja, a ativa intervenção da igreja em favor dos pecadores. Não deve viver jamais para seus ministros ou para si mesma mas, pelo contrário, deve fazê-lo sempre para os filhos perdidos dos homens. Vocês imaginam por acaso que as igrejas são formadas para manter ministros? Vocês concebem que a igreja existe nessa terra para que simplesmente se possa dar certo salário aos bispos e diáconos, regalias e cúrias, e não sei mais que outras coisas?
Meus irmãos, seria bom que a instituição inteira fosse abolida se esse fosse seu único objetivo. O objetivo da igreja não é prover alívio externo para os mais jovens filhos da nobreza; quando não tenham cérebro o suficiente para ganhar de alguma outra maneira seu sustento, devem permanecer nas habitações familiares. As igrejas não são estabelecidas para que os homens de fácil palavra se coloquem de pé aos domingos e falem, e assim obtenham de seus admiradores o pão diário.
E mais, existe outro fim e objetivo distintos desse. Esses lugares de adoração não são construídos para que vocês possam se sentar confortavelmente, e ouvir algo que lhes faça passar seus domingos agradavelmente. Uma igreja em Londres que não exista para fazer o bem nos bairros baixos, e nas guaridas e cubículos da cidade, é uma igreja que não tem razão para justificar sua existência por mais tempo. Uma igreja que não existe para resgatar do paganismo, para lutar contra o mal, para destruir o erro, para derrubar a falsidade, uma igreja que não existe para colocar-se do lado dos pobres, para denunciar a injustiça e sustentar no alto a justiça, é uma igreja que não tem o direito de existir.
Você não existe para si mesma, ó igreja, assim como tampouco Cristo existiu para Si mesmo. Sua glória consistiu em que deixou de lado Sua glória, e a glória da igreja se dá quando deixa de lado sua respeitabilidade e sua dignidade, e considera que sua glória é atrair os rejeitados, e que sua mais excelsa honra é buscar, em meio da lama mais imunda as joias inestimáveis pelas quais Jesus derramou Seu sangue. Sua ocupação celestial é resgatar do inferno as almas e conduzi-las a Deus, à esperança, ao céu. Ó, que a igreja sentisse isso sempre! Que ela tenha seus bispos e seus pregadores, e que sejam sustentados, e que tudo seja feito decentemente e em ordem por Cristo, mas o fim deve ser considerado, quer dizer, a conversão dos desviados, a instrução dos ignorantes, a ajuda aos pobres, a manutenção do bem, o abatimento do mal e o sustento a qualquer custo da coroa e do reinado de nosso Senhor Jesus Cristo.
Agora, a oração de Cristo tinha uma grande espiritualidade de propósito. Vocês notarão que não se busca nada para essas pessoas exceto aquilo que concerne a suas almas: “Pai, perdoa-lhes”. E eu creio que a igreja faria bem em lembrar que luta não é contra carne e sangue, nem com principados e potestades, mas sim com a maldade espiritual, e que o que deve oferecer não é a lei e a ordem pela qual os magistrados possam ser respaldados, ou as tiranias demolidas, mas sim o governo espiritual por quem os corações são conquistados para Cristo, e os juízos são submetidos a Sua verdade. Eu creio que quanto mais a igreja de Deus se esforça, diante de Deus, pelo perdão dos pecadores, e quanto mais busque em sua vida de oração ensinar aos pecadores o que é o pecado, e o que é o sangue de Cristo, e o inferno que os espera se o pecado não é limpo, e o que é o céu que é garantido a todos aqueles que são limpos do pecado, quanto mais se apegue a isso, melhor será.
Prossigam como um só homem, meus irmãos, para assegurar a raiz do assunto no perdão dos pecados. Quanto a todos os males que afligem a humanidade, custe o que custar, participem na luta contra eles; a temperança deve ser mantida, a educação deve ser apoiada; as reformas políticas e eclesiásticas devem ser levadas adiante na medida do tempo e do esforço disponível, mas a primeira ocupação de cada cristão e de cada cristã está com os corações e as consciências dos homens quanto a sua posição diante do Deus eterno, ó, que nada os aparte de sua parcela de misericórdia para almas imortais. Esse deve ser seu único negócio: devem dizer aos pecadores que o pecado os condenará, que só Cristo pode tirar o pecado, e devem fazer disso a única paixão de suas almas: “Pai, perdoa-lhes, perdoa-lhes! Faça com que eles saibam como devem ser perdoados. Faça com que sejam realmente perdoados, e que eu não descanse a menos que eu seja o instrumento de condução dos pecadores para serem perdoados, inclusive os mais culpados deles”.
A oração de nosso Salvador ensina à igreja que se bem é certo que seu espírito deve ser de abnegação e que seu propósito deve ser espiritual, o alcance de sua missão deve ser ilimitado. Cristo orou pelos malvados, e que reação vocês tem se eu digo que foi pelos mais malvados dos malvados, essa turba lasciva que rodeava Sua cruz! Ele orou pelos ignorantes. Por acaso não disse: “Não sabem o que fazem”? Ele orou por Seus perseguidores; as próprias pessoas que estavam mais contra Ele, estavam mais próximas de Seu coração.
Igreja de Deus, sua missão não está direcionada aos poucos seres respeitáveis que se congregam em torno de seus ministros para escutar respeitosamente suas palavras; sua missão não é para a elite e para os ecléticos, os inteligentes que criticarão suas palavras e farão juízos sobre cada sílaba de seu ensino; sua missão não é para aqueles que o tratam amavelmente, generosamente, afetuosamente, quero dizer, não somente para esses, ainda que certamente é para esses como parte do resto; mas seu grande encargo certamente é para a rameira, para a prostituta, para o ladrão, para o blasfemo e para o bêbado, para os mais depravados e pervertidos. Ainda que ninguém mais se preocupe por eles, a igreja sempre deve fazê-lo, e se alguém deve ocupar o primeiro lugar em suas orações, deveriam ser esses que, ai, são geralmente os últimos em nossos pensamentos. Devemos considerar diligentemente aos ignorantes. Não basta que o pregador pregue de tal forma que os que são instruídos desde sua juventude possam entendê-lo; ele tem que pensar naqueles para os quais as frases mais comuns da verdade teológica são tão carentes de significado como o gíria de uma linguagem desconhecida; ele tem que pregar com o objetivo de conseguir a mais mínima compreensão; e se os muitos ignorantes não se aproximam para ouvi-lo, ele deve usar os melhores meios que possa para induzi-los, e mais, para forçá-los a ouvir as boas novas.
O Evangelho também está dirigido para aqueles que perseguem a religião; aponte suas flechas de amor contra os corações de seus inimigos. Se existe alguns aos quais devemos buscar primeiro para levá-los a Jesus, deve ser justamente àqueles que estão mais longe e mais opostos ao Evangelho de Cristo. “Pai, perdoa-lhes, ainda que não perdoes a ninguém mais, agrade-se em perdoar a eles”.
De igual forma, a igreja deve ser veemente como Cristo o foi; e se o fosse, advertiria rapidamente qualquer base de esperança naqueles com que trata e observaria qualquer argumento que pudesse usar para Sua salvação.
A Igreja também tem de estar cheia de esperanças, e certamente nenhuma igreja teve jamais uma esfera mais esperançosa do que a igreja da época presente. Se a ignorância é um argumento para com Deus, olhem aos pagãos desse tempo; milhões deles jamais ouviram o nome do Messias. Perdoa-lhes, grandioso Deus, verdadeiramente eles não sabem o que fazem. Se a ignorância constitui alguma base para esperança, existe suficiente esperança nessa grande cidade de Londres, pois, por acaso não temos centenas de milhares para os quais as verdades mais simples do Evangelho seriam as maiores novidades?
Irmãos, é triste pensar que esse país ainda está sob o manto da ignorância, mas o aguilhão de um fato tão terrível é entorpecido pela esperança quando lemos corretamente a oração do Salvador; ela nos ajuda a esperar enquanto clamamos: “Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. A atividade da igreja tem de ser buscar aos mais caídos e aos mais ignorantes, e buscá-los perseverantemente. Ela não deve jamais deter sua mão de fazer o bem. Se o Senhor viesse amanhã, não existe razão para que vocês, pessoas cristãs, se convertam em meros faladores e leitores, reunindo-se para o consolo mútuo, e esquecendo-se das miríades de almas que perecem. Se fosse certo que esse mundo pode se fazer em pedaços em algumas semanas e que Napoleão III é a besta apocalíptica, ou se não fosse certo, não me importa absolutamente, isso não modifica meu dever em nada, nem muda meu serviço. Que meu Senhor venha quando queira, pois enquanto eu trabalhe para Ele, estou pronto para Sua vinda. O propósito da igreja segue sendo ainda de vigiar pela salvação das almas. Se ela ficasse contemplativa, como os profetas modernos gostariam que o fizesse, se estivesse disposta para entregar-se a interpretações especulativas, ela faria bem em temer a vinda de seu Senhor; porém, se você continua fazendo seu trabalho, e com um labor estafante busca as preciosas joias de seu Senhor, você não será envergonhada quando o Esposo vier.
Meu tempo foi muito breve para um tema tão vasto como o que eu abordei, mas gostaria de poder dizer umas palavras que fossem tão fortes como o trovão, com um sentido e uma veemência tão poderosa como o raio. Gostaria de poder motivar a cada cristão aqui presente e avivar nele uma ideia correta do que é seu trabalho como parte da igreja de Cristo.
Meus irmãos, vocês não devem viver para si mesmos; a acumulação de dinheiro, a educação de seus filhos, a edificação de casas, a obtenção de seu pão diário, tudo isso vocês podem fazer; mas tem de existir um propósito maior do que esse se vocês devem ser semelhantes a Cristo como deveriam, já que foram comprados com o sangue de Jesus. Comecem a viver para os outros, façam evidente para todos os homens que vocês mesmos não são o fim de tudo nem o ser de toda sua própria existência, mas antes gastem o que é seu e ainda vocês mesmo se gastarão do tudo para que pelo bem que fazem aos homens Deus seja glorificado e Cristo veja em vocês Sua própria imagem e fique satisfeito.
III. O tempo já me esgotou, mas o último ponto é uma palavra de SUGESTÃO PARA OS NÃO CONVERTIDOS.
Escutem atentamente essas frases. As farei tão suaves e condensadas quanto seja possível. Alguns dos presentes aqui não são salvos. Agora, alguns de vocês foram muito ignorantes e quando pecaram não sabiam o que faziam; vocês sabiam que eram pecadores, sabiam disso, porém não conheciam o grande alcance da culpa do pecado. Não frequentaram a casa de oração por longo tempo, não leram suas Bíblias, não possuem pais cristãos. Agora estão começando a se ansiarem pelas suas almas. Lembrem que sua ignorância não os desculpa; de outra maneira Cristo não diria: “Perdoa-lhes”; pois inclusive aqueles que não sabem o que fazem tem de ser perdoados; daí que sejam individualmente culpados; mas ainda assim essa sua ignorância lhes dá justamente um pequeno raio de esperança. Deus passou por alto os tempos de ignorância, mas agora manda a todos os homens em todo lugar que se arrependam. Fazei, pois, frutos dignos de arrependimento. O Deus a quem esqueceram ignorantemente está disposto a perdoar e pronto a absolver. O Evangelho é justamente isso: confiem em Jesus Cristo que morreu pelos culpados, e serão salvos. Ó, que Deus os ajude a fazer isso essa manhã, e vocês se converterão em homens novos e mulheres novas; uma mudança terá lugar em vocês igual que a um novo nascimento; serão novas criaturas em Cristo Jesus.
Porém, ah meu amigo, existem alguns presentes para os quais Cristo mesmo não poderia fazer essa oração, ao menos no sentido mais amplo: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”, pois vocês sabem o que fazem e cada sermão que ouvem, e especialmente cada impressão que é gravada em seu entendimento e em sua consciência pelo Evangelho aumenta sua responsabilidade, e lhes suprime a escusa de não saber o que fazem. Ah senhores, vocês sabem que aí estão o mundo e o Cristo, e que não podem ter a ambos. Vocês sabem que ai está o pecado e também Deus, e que não podem servir ambos. Vocês sabem que está ai o prazer do mal e os prazeres do céu, e que não podem ter aos dois. Ó, à luz que Deus lhes deu, que também se uma a Seu Espírito e lhes ajude a escolher aquilo que a verdadeira sabedoria os induzirá a escolher. Decidam hoje por Deus, por Cristo, pelo céu. Que o Senhor os conduza a decidir isso por causa de Seu nome. Amém.
Porção da Escritura lida antes do sermão: Mateus 23:1-37
ORE PARA QUE O ESPIRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA TRAZER UM CONHECIMENTO SALVÍFICO DE JESUS CRISTO E PARA EDIFICAÇÃO DA IGREJA
FONTE:
Traduzido de http://www.spurgeon.com.mx/sermon897.pdf
Titulo original: La Primera Palabra desde la Cruz (THE FIRST CRY FROM THE CROSS)
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público e com autorização de Allan Roman.
Sermão nº 897 — Volume 15 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,
Tradução: Armando Marcos Pinto
Capa: Victor Silva
Projeto Spurgeon – Proclamando a Cristo crucificado.
Projeto de tradução de sermões, devocionais e livros do pregador batista reformado Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) para glória de Deus em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo, para edificação da Igreja e salvação e conversão de incrédulos de seus pecados. Acesse em: www.projetospurgeon.com.br
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