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Uma vida infeliz

Não procuramos a desilusão, mas, mais cedo ou mais tarde, ela nos encontra.

Essa visita indesejada apareceu na minha porta anos atrás, quando uma tempestade de calúnias causou estragos em nossa família e ministério. A calúnia destruiu reputações piedosas, cortou a comunhão cristã e devastou anos de ministério frutífero. Parecia que uma vida inteira servindo a Deus tinha sido em vão e eu caí em desespero. Nos anos seguintes, eu orava e esperava pelo bem. Mas, à medida que as falsas acusações continuavam a se espalhar e devastar, eu me perguntava se valia a pena orar, já que Deus parecia não responder.

Porém, Deus estava respondendo às minhas orações. Embora eu não tenha percebido inicialmente, o bem que eu esperava estava acontecendo dentro do meu coração. Deus não estava mudando minhas circunstâncias, ele estava usando minhas circunstâncias para me mudar. Por meio do estudo do livro de Eclesiastes, Deus graciosamente me libertou do meu desespero e me ajudou a encontrar paz e alegria em meio à nossa tempestade.

Ocupada com um trabalho enfadonho

Nossas circunstâncias dolorosas me pegaram desprevenida, mas eu não deveria ter ficado tão surpresa. Não estávamos experimentando algo incomum ou único. Deus já disse que é assim que a vida realmente é. Como Eclesiastes 1:13 nos diz: “este enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens, para nele os afligir”. Talvez este não seja um versículo que você tenha sublinhado em sua Bíblia. Mas, se o considerarmos cuidadosamente, esse texto divinamente inspirado transformará nossa perspectiva das dificuldades e sofrimentos da vida.

Eclesiastes 1.13 nos informa que todos nesta vida estarão “aplicados” a “trabalhos enfadonhos”. Agora, nós mulheres sabemos o que é estar ocupada. Todos os dias estamos ocupadas com alguma coisa: escola, amigos, obrigações familiares, tarefas domésticas, responsabilidades de trabalho, compromissos da igreja, evangelismo comunitário e a lista continua. No entanto, muitas de nós não contamos estar ocupadas com um trabalho enfadonho. No entanto, como Eclesiastes deixa claro, “trabalhos enfadonhos” são um evento agendado regularmente no calendário da vida. É por isso que devemos estar prontas para isso.

Quando esperamos um trabalho enfadonho, não somos pegas desprevenidas ou desiludidas quando ele aparece. No entanto, se ignorarmos o fato de que está chegando, ficaremos ressentidas com sua chegada todas as vezes. Ressentir-se e resistir ao nosso trabalho enfadonho apenas nos cegará para quem nos dá isso em primeiro lugar.

Deus, o Doador

Se Eclesiastes 1.13 simplesmente ensinasse que estaríamos ocupados com um trabalho enfadonho, então todos nós nos desesperaríamos. Mas, felizmente, este versículo também contém estas palavras: “Deus deu”. Deus é o doador de todas as experiências dolorosas e desconcertantes nesta vida. Que palavras doces e reconfortantes. Seja qual for a nossa dificuldade – preencha o espaço em branco – Foi Deus quem nos deu.

Eu precisava abraçar essa verdade em minhas circunstâncias difíceis. Eu estava lutando contra aqueles que pecavam contra minha família. Mas quando comecei a reconhecer que, em última análise, Deus era o doador do meu trabalho enfadonho, fui capaz de desviar os olhos dos outros e me arrepender de minha amargura. O pregador puritano Thomas Watson disse sabiamente: “Quem quer que nos traga uma aflição, é Deus quem a envia”.

Saber que Deus envia nossa aflição muda tudo. Em vez de relutarmos amargamente em nosso problema, podemos aceitá-lo humildemente. Isso porque conhecemos o Remetente. Ele é bom e faz o bem (Salmo 119.68). Ele promete nunca nos deixar nem nos abandonar (Hebreus 13.5). Ele não permitirá que sejamos tentados além de nossa capacidade de resistir (1 Coríntios 10.13). Ele promete nos ajudar (Salmos 46.1) e nos consolar em todos os nossos problemas (2 Coríntios 1.3–4). E ele faz com que todos os nossos trabalhos enfadonhos cooperem para o nosso bem (Romanos 8:28).

Confiar versus tentar entender

Embora possamos ter certeza de que Deus está fazendo o bem em nosso trabalho enfadonho, nem sempre percebemos isso. Repetidas vezes, bem quando eu pensava que finalmente estava vendo o bem que Deus estava criando em nossas circunstâncias desconcertantes, tudo desmoronava. O que Deus está fazendo? Eu perguntei, quebrando a cabeça. Quanto mais eu tentava entender, mais frustrada ficava. Mais uma vez, encontrei ajuda no livro de Eclesiastes. Lemos em Eclesiastes 3.11: “[Deus] pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim”.

Descobrimos neste versículo que Deus nos dá o desejo de saber o que ele está fazendo: “Ele pôs a eternidade no coração do homem”. No entanto, ele também limita nossa compreensão: “Sem que esse [o homem] possa descobrir as obras que Deus fez”. Em outras palavras, Deus ordenou nosso desejo de entender e nossa incapacidade de fazê-lo.

Agora, não devemos concluir disso que Deus está sendo irracional e cruel. Pelo contrário, Deus está graciosamente nos ensinando a confiar nele. Embora sejamos incapazes de entender o que Deus está fazendo, podemos aprender a confiar nele de qualquer maneira. Como Charles Spurgeon disse uma vez: “O cristão . . . confia [em Deus] onde ele não pode rastreá-lo”. E de todas as razões que temos para confiar em nosso Deus, não há nenhuma mais gloriosa e garantida do que esta: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o estregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8.32).

Esperança Somente em Deus

Às vezes, pensamos que estamos confiando em Deus quando não estamos. Esse foi o meu caso. À medida que o ataque calunioso continuou, percebi que não estava esperando em Deus. Em vez disso, esperava um resultado específico. Sempre que o resultado desejado não se concretizava, eu me desesperava. Eu precisava colocar minha esperança em Deus, independentemente do resultado. Grande parte de nossa miséria em apuros se deve à esperança equivocada – esperar em algo ou alguém que não seja o próprio Deus. Mas a confiança silenciosa somente em Deus gera estabilidade e deleite em meio a todos os negócios infelizes da vida.

Devemos confiar em Deus como Sara e as outras “santas mulheres que esperavam em Deus” — mulheres que o apóstolo Pedro recomenda como exemplos para seguirmos (1 Pedro 3:5). Sabemos pela leitura do Antigo Testamento que a desilusão atraiu essas mulheres. No entanto, elas não ficaram surpresas com a visita. Elas sabiam que Deus era o doador de seus trabalhos enfadonhos. E elas confiaram em sua bondade soberana mesmo quando a vida não fazia sentido. Elas não colocaram sua esperança em circunstâncias alteradas, mas fixaram sua esperança em Deus e somente nele. Pela graça de Deus, podemos fazer o mesmo, não importa o quão ocupadas estejamos com os trabalhos enfadonhos da vida.

Publicado Originalmente em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2023/07/quando-me-percebo-com-uma-vida-infeliz/

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