3. O momento de louvor pode fomentar uma cultura de entretenimento.
Terceiro, o momento de louvor pode fomentar uma cultura de entretenimento. Esse perigo é irônico, é claro, porque um dos propósitos do momento de louvor é unificar um grupo de cânticos em torno de um conteúdo teológico. Mas eu temo que, com freqüência, o que a congregação experimenta ao cantar durante um momento de louvor não é uma nova apreciação de um tema bíblico, mas uma jornada semelhante à de um show através de uma sequência empolgante de cânticos.
Embora eu não seja contra a criatividade e a emoção na adoração pública, eu creio que é possível priorizar a resposta emocional que advém da música de tal modo que a verdade bíblica é negligenciada, em vez de iluminada. Uma implicação de Colossenses 3.16 é que, se a palavra de Cristo não habitar ricamente em nós à medida que cantamos, então alguma coisa deve mudar na maneira como cantamos.
Como Neil Postman defendeu em Amusing Ourselves to Death[“Distraindo-nos até a morte”, sem tradução em português], o entretenimento tornou-se o discurso dominante de nossa época. Embora a igreja deva reconhecer esse fato, ela não deve capitular a ele. Nossos cultos não devem parecer com um show ou programa de TV, ainda que esses modos de discurso definam a maneira como o homem pós-moderno experimentam o fluxo de idéias. Em vez disso, nós temos a oportunidade, em nossos cultos, de moldar um tipo diferente de discurso, um que comece com a autorrevelação de Deus. O nosso culto – seja contemporâneo ou tradicional, mais ou menos litúrgico – deve fugir do experiencialismo centrado no homem e abraçar o Deus transcendente.
Então, se o momento de louvor puder ajudar as pessoas a adorar, entesourar e entender mais do nosso santo Criador, então use-o sem pestanejar. Mas se em sua igreja o momento de louvor tende a pôr mais ênfase na habilidade da banda do que na excelência do Redentor, alguma coisa precisa mudar.
Como podemos resistir à tendência de o momento de louvor, lentamente, levar a igreja a um “entretenimentismo”?
Faça tudo o que puder para assegurar que a congregação seja capaz de ouvir o canto uns dos outros. Esse é um princípio bíblico básico, dado que Paulo exorta os crentes a falarem “uns aos outros” com salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5.19). Mas também há um longo caminho para cultivar uma atmosfera de alegria e envolvimento com as letras.
A consciência da presença de outros no culto corporativo, e de como o volume e a expressão do seu próprio canto efetivamente encoraja outros, ajuda a impedir o egocentrismo. Na prático, isso pode envolver diminuir o volume da banda ou orquestra, e instruir os músicos a focarem em um acompanhamento simples e de bom gosto, em vez de uma exibição complexa ou cheia de técnica.
Proporcione uma estrutura que ajude a interpretar o louvor por meio da música. Por exemplo, em vez de começar o culto com as luzes apagadas e um solo de guitarra cheio de efeitos (o que soa demais como um show), comece com um chamado à adoração extraído da Palavra de Deus ou uma breve oração.
Antes de a música começar, faça com que o líder de culto dê algumas palavras de instrução ou exortação de modo a colocar o(s) cântico(s) em contexto. Essa interpretação do que está por vir é de grande valor não apenas para os crentes, mas também para os incrédulos, que podem não saber o que fazer com a música que estão prestes a escutar. (Veja 1Coríntios 14.24 acerca da prioridade em tornar o culto compreensível aos visitantes incrédulos). Sim, pode parecer um pouco travado e estranho ter esses pequenos comentários antes do canto. Mas até mesmo essa quebra de ritmo no culto é uma coisa boa, porque envolve a mente da congregação e inibe a passividade que a cultura de entretenimento promove.
Semelhantemente, mantenha as luzes acesas. Penumbra, máquinas de fumaça e holofotes, todos gritam que o foco deve estar nos músicos à frente. Em contraste, a luz acesa e uma plataforma modesta – até mesmo colocando os músicos fora dela, na lateral, se possível – transmite a idéia de que o que realmente importa aqui não é o coral ou o grupo de louvor, mas o conteúdo dos cânticos e a participação de toda a congregação.
Veja o silêncio como um amigo, não um adversário. Se houver alguns momentos de quietude entre um cântico e uma oração, ou entre o ofertório e o sermão, isso não é um desastre. Afinal, este é um encontro de cristãos para o louvor, não uma produção de TV. De fato, permitir momentos de silêncio nas transições pode renovar o paladar mental das pessoas e permitir que a igreja reflita no que já aconteceu no culto. Além disso, use momentos planejados de silêncio para reflexão e oração. Sentar-se em um salão com dúzias ou centenas de outros crentes e, simplesmente, ficar quieto perante o Senhor é fortemente contracultural em nossa época barulhenta e distraída.
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