“Eu só quero saber quem está no comando”. Aquela frase trouxe luz à minha situação. Eu havia acabado de pregar meu sermão de candidatura, e estava prestes a fazer um rápido lanche antes da sessão de perguntas e respostas com a congregação. Mas, em vez de comer, o moderador do conselho de presbíteros e pastor executivo 1 interino me puxou para uma sala nos fundos para uma reunião de última hora com o pastor de adoração. Ele não fez rodeios, foi direto ao ponto:
Se eu fosse chamado para ser o pastor principal, quem iria decidir o que aconteceria nos domingos de manhã, antes do sermão? Quem escolheria a música? Quem escolheria a ordem? Quem, enfim, estaria no comando?
Era uma pergunta razoável. Ele era o responsável por aquelas decisões na igreja até aquele momento e, aparentemente, eu havia deixado pistas o suficiente no meu exame de candidato para que ele começasse a imaginar se as coisas não mudariam. E eu de fato planejava, como o novo pastor principal, assumir a responsabilidade última por todo o culto. Eu planejava até mesmo escolher a música. Então foi isso que eu lhe disse.
Embora haja princípios bíblicos que orientavam a minha resposta, no final, era uma questão de prudência e pragmática. Biblicamente, eu creio que algum presbítero deveria supervisionar a escolha da música e de todos os demais detalhes do culto. Prudencialmente, eu penso que é apropriado ao pastor principal, aquele responsável pela pregação, ser esse indivíduo.
Aqui estão três argumentos para essas convicções.
Cantar é ensinar
Nós geralmente pensamos acerca do nosso canto como a expressão da nossa adoração a Deus. E está certo. Mas isso não é tudo. Os nossos cânticos ensinam e reforçam aquilo que nós cremos acerca de Deus e, porque são postos em forma musical, os nossos cânticos com frequência exercem sobre os nossos membros uma influência mais profunda do que podemos perceber. Como R.W. Dale, um ministro congregacional inglês do século XIX, observou em uma série de palestras sobre pregação que proferiu na Universidade de Yale, “Deixe-me escrever os hinos e a música de uma igreja, e me importo muito pouco com quem escreve a teologia” (Nine lectures on preaching, 1878, p. 271). Talvez ele estivesse exagerando um pouco o argumento, mas não muito.
Paulo instruiu os Colossenses a admoestarem e ensinarem uns aos outros cantando “salmos, e hinos, e cânticos espirituais” (Colossenses 3.16). Uma vez que o ensino ocorre ao cantarmos corporativamente, os presbíteros são responsáveis pela supervisão e, particularmente, o pastor/presbítero a quem foi dada a resposabilidade primária pelo ministério de ensino da igreja (Tito 1.9). Se não estivermos dando atenção às palavras que estão sendo cantadas em nossa igreja, semana após semana, então não estamos sendo obedientes ao nosso chamado como presbíteros. É preciso reconhecer, isso não pressupõe que o pastor principal escolha todas as músicas pessoalmente. Mas isso de fato pressupõe que ele esteja familiarizado com elas e as aprove. Na minha própria igreja, eu trabalho próximo ao nosso líder de louvor, que está muito mais familiarizado com a música contemporânea do que eu, ao passo que eu estou mais familiarizado com os hinos. Nós formamos um bom time, mas, no final, como presbítero, sou eu o responsável.