As escrituras atestam que aonde o Evangelho chegou, ele não aterrissou apenas em palavras, mas, sobretudo em demonstração de poder. O Ap. Paulo foi o maior missionário do cristianismo e embora fosse um grande erudito, tivesse uma perfeita oratória, isto é, fosse um profícuo comunicador, admitira que toda a sua suficiência e sucesso ministerial na conversão de judeus e gentios era advinda do poder soberano de Deus (2 Co 3. 5), e não da sua capacidade persuasiva. Destarte, podemos compreender um pouco do atributo do poder absoluto e infinito de Deus, o qual é capaz de realizar o que quer e quando quer, no mundo ou na vida de quem Ele quiser (Is 46. 9,10). EL SHADDAI, o nome de Deus que em hebraico significa Todo-Poderoso, revela o senhorio supremo dEle sobre toda a criação e criatura.
Quando o Evangelho chegou à cidade de Éfeso através do esforço missionário de Paulo, homens e mulheres foram salvos pela graça mediante a fé em Cristo (Ef 2. 8), entrementes, pessoas foram curadas e libertas (At 19. 11,12). É visto em vários textos da palavra de Deus, mormente no ministério de Jesus e nas primeiras missões do cristianismo relatadas no livro de Atos dos Apóstolos, que a pregação geralmente era acompanhada de sinais, prodígios, curas e milagres, de modo que todos os eleitos fossem alcançados e salvos. Estes sinais eram oriundos, obviamente, do poder de Deus. Portanto, o Deus Soberano é a fonte do poder de cura, não os apóstolos nem qualquer outro humano.
Contemporaneamente, muito se tem debatido acerca de questões relacionadas à cura divina. Algumas denominações neopentecostais e até tradicionais têm deturpado horrendamente versículos bíblicos isolados e fora de seus respectivos contextos para fundamentar suas mais variadas doutrinas heréticas e perniciosas. Muitos falsos ensinos propagam a inverdade de que um cristão não pode ter enfermidades, e caso esteja doente é por falta de fé, e se tomar remédios estará duvidando do poder de Deus. Os pseudo-apóstolos afirmam falsamente que são dotados do poder da cura divina, todavia, muitas vezes seus “cultos de cura” não passam de encenação teatral de quinta categoria.
Por outro lado existe outro extremo, onde cristãos ficaram céticos em relação ao poder da cura divina, duvidando de tudo e acreditando que Deus não mais restaura a saúde de alguém milagrosamente, o que também é um equívoco inconcebível e incompatível com as Sagradas Escrituras. Ora, Deus é imutável, ou seja, Ele não muda. O salmista disse: “Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim” (SI 102. 27). “Porque eu, o SENHOR, não mudo” (MI 3.6), em Deus não há mudança nem sombra de variação (Tg 1. 17). Logo, o Deus que curou no passado milagrosamente é o mesmo que pode curar hoje de semelhante modo!
Mas afinal, onde encontrar então o discernimento e o equilíbrio correto para esse assunto tão polêmico? O Pastor Brian Edwards no livreto “Existe o Milagre de Curas Hoje?” sabiamente comentou acerca dessa questão: “[…] o fato é que curas não estão acontecendo no nível em que as pessoas estão afirmando que elas se realizam. Muito do que se afirma, na melhor das hipóteses é aquilo que se desejaria que fosse realidade e, na pior das hipóteses uma ilusão peversa”¹. Portanto, temos de julgar tudo à luz da palavra de Deus, pois infelizmente muitas pessoas que sofrem de enfermidades crônicas têm sido vítimas do falso evangelho da cura e buscado em Cristo tão somente a restauração da sua saúde física, no entanto, quando a cura não vem, ficam totalmente decepcionadas com Deus.
Nos cultos de oração da nossa igreja, sempre há pedidos de orações por pessoas que estão acometidas por enfermidades, e assim o fazemos. Via de regra nós oramos para que Deus cure os enfermos milagrosa e imediatamente, mas também se O aprouver Ele os restaurem usando médicos, medicamentos ou tratamentos. O Ap. Paulo, por exemplo, orientou a Timóteo que tomasse um pouco de vinho, devido às suas enfermidades estomacais (1 Tm 5. 23), ou seja, uma prescrição medicinal. Na carta de Tiago capítulo 5 vs. 14 e 15 ele orienta o seguinte: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente…”. O azeite ou óleo quando mencionado na bíblia, geralmente está relacionado a questões de rituais religiosos (no Antigo Testamento) ou como sendo usado de forma medicinal (no Novo Testamento), como é o caso do verso 14. Podemos perceber, então, que não há incompatibilidade alguma em orar pelas nossas enfermidades, ao passo que fazemos tratamentos medicinais. Deste modo, cremos que toda cura emana de Deus, independente do método que Ele quiser usar!
Em ultima análise, caro leitor, gostaria de encorajá-los a fazer duas coisas. A primeira é estimular vocês a continuarem orando pelos enfermos ou por suas próprias enfermidades, pois “…a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5. 16). Não duvide do poder do Deus Todo-Poderoso, pois só Ele poderá nos curar e, é à Ele a quem devemos dirigir nossa petições (Fp 4. 6)! A segunda é lembrá-los de que em muitas ocasiões relatadas na Escritura, Deus permitiu que Seus servos padecessem com enfermidades e momentos de profundas angústias e tribulações. Assim foi com Jó através da sua devastadora lepra, que o fez se coçar com cacos de telha (Jó 2. 8). Também com o Ap. Paulo, que sofreu intensamente com o “espinho na carne” (2 Co 12. 7).
Contudo, esses dois homens supracitados no parágrafo anterior, não obstante todos os sofrimentos vívidos alcançaram a cura maior, a saber, a redenção do corpo (Rm 8. 23), e foram cada vez mais moldados ao Seu Criador. Ademais, não é nenhuma doença, seja a mais corrosiva e virulenta possível, que irá nos afastar das veredas do nosso Salvador: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8. 38-39).
Rafael Durand
https://www.facebook.com/RafinhaDurand
¹ EDWARDS, Brian. Existe o Milagre de Curas Hoje?. São José dos Campos: Ed. Fiel, 2001, p. 15.