Em seu ministério, o Apóstolo Paulo proclamou audaciosamente a Cristo e este crucificado; como seguidores de Cristo, nós somos chamados para fazer o mesmo, ainda que o façamos sabendo que a mensagem do evangelho é loucura para o mundo. Como tal, ele foi sempre o objeto de escárnio para os não-crentes. Nós vemos um exemplo disso numa peça de escrita antiga que foi desenterrada em Roma em 1857. A imagem retrata uma figura humana com cabeça de burro pregada numa cruz. Próxima à figura na cruz está um jovem. Uma inscrição em grego diz: “Alexamenos adora o seu Deus”. Aqueles que acreditam que a imagem se destina a retratar Cristo na cruz entendem que ela é uma zombaria intencional da adoração cristã a Jesus Cristo.
Em nosso tempo, o escárnio e a zombaria de Cristo e dos cristãos continuam. Há inúmeras peças de comédia anticristãs, vídeos online e memes que declaram, por exemplo, que se Jesus foi erguido dos mortos, então os cristãos adoram um zumbi judeu. Os cristãos deveriam ficar surpresos com tal blasfêmia e, francamente, com tais ataques tolos? Como nós defenderemos a pessoa e a obra de Cristo de tais calúnias?
A fim de proclamar e defender a mensagem de Jesus Cristo e este crucificado, alguns princípios encontrados no primeiro capítulo de 1Coríntios precisam ser entendidos. Os cristãos coríntios tinham se comportado de acordo com os padrões da sabedoria mundana (vv. 10-17). Para lidar com esse problema, Paulo introduz uma seção longa na qual primeiro ele critica a pretensa sabedoria do mundo (1.18-2.5) e aí oferece a verdadeira sabedoria de Deus (2.6-3.4).
Em 1Coríntios 1.18-31, dentro da seção que critica a sabedoria do mundo, Paulo olha primeiro àqueles que rejeitam o evangelho (vv. 18-25), e então àqueles que o aceitam (vv. 26-31). Fazendo assim, ele é capaz de expor as fortes diferenças entre a verdadeira sabedoria e a falsa. Por três vezes nos versículos 18 a 25, Paulo fala de a mensagem do evangelho ser “loucura” para os que não creem (vv. 18, 21, 23). Ele conclui esta seção asseverando que “a loucura de Deus é mais sábia que os homens” (v. 25). De acordo com o que o mundo considera sabedoria, a mensagem de Jesus Cristo e este crucificado é insensatez. É loucura. Nós não devemos ficar terrivelmente surpresos, portanto, quando os não-crentes tratam nosso Senhor e o evangelho dele com desdém.
Como nós respondemos a esse desprezo? Bem, nós não faremos isso alterando a mensagem do evangelho a fim de torná-la algo que os não-crentes vão considerar sábio. Em outras palavras, nós não adaptamos a mensagem do evangelho aos padrões da sabedoria mundana. Outras passagens da Escritura apontam a necessidade e a importância de providenciar evidências (1João 1.1-4, por exemplo), mas aqui Paulo nos previne com respeito às nossas expectativas. Nós estamos proclamando algo que os não-crentes veem como loucura, e só o Espírito de Deus pode abrir os olhos deles. Nós continuaremos a proclamar a verdade, entretanto. Nós continuaremos a pregar Cristo e este crucificado. Enquanto esta mensagem é loucura para os que se perdem, é “o poder de Deus” para os que estão sendo salvos (1Coríntios 1.18,24).
O aviso de Paulo quer dizer que nós não podemos providenciar evidências objetivas que mostrem que a “sabedoria” do mundo é a real tolice? Não. O fato de que os não-crentes suprimem a verdade não quer dizer que nós vamos parar de declará-la. Há evidências abundantes de que Jesus ressuscitou dos mortos. A tumba está vazia porque ele ressuscitou. As multidões o viram vivo porque ele ressuscitou. Além disso, pode ser historicamente mostrado que a doutrina bíblica da ressurreição não significa o que algumas pessoas (antigas e contemporâneas) pensam que significa, a saber, a mera reanimação de um cadáver.
Se Jesus ressuscitou dos mortos, então as coisas que ele fez e disse que são explícitas ou implícitas requerem que a divindade deve ser levada a sério. Se ele é quem ele disse ser – o eterno Filho de Deus – e se ele oferece completo perdão do pecado a todos aqueles que colocam a fé nele, então o apogeu absoluto da verdadeira loucura é rejeitá-lo.