Uma maneira de falar da natureza narrativa da vida humana é afirmar que todas as pessoas perguntam e respondem, conscientemente ou não, quatro perguntas fundamentais acerca da natureza da vida:
- Onde nós estamos? Qual é a natureza do mundo em que vivemos?
- Quem somos nós? Qual é a natureza essencial dos seres humanos?
- O que há de errado? Por que o mundo – e a minha vida – estão de cabeça para baixo?
- Qual é o remédio? Como esses problemas podem ser resolvidos?[4]
Essas perguntas – e como nós as respondemos – formam a espinha dorsal narrativa de nossas vidas. Elas moldam como nós interpretamos os eventos da vida, dos mais banais aos mais terríveis. Elas moldam como nos vemos e como vemos os outros. Elas moldam nossa visão do que constitui uma vida significativa, até mesmo um momento significativo. Elas moldam nossas crenças, emoções e decisões a cada dia. Todos têm uma história mais abrangente que é vivida um momento após o outro. Todos nós somos criadores de sentido com categorias que lhes permitem dar sentido à vida. A questão é esta: qual história, qual narrativa nós usaremos para ver nosso mundo e interpretar nossas vidas?
E é aqui que a teologia bíblica mostra a que veio! O desvelar da narrativa bíblica dada a nós de Gênesis a Apocalipse responde às perguntas acima e nos orienta na direção da verdadeira realidade, se tivermos ouvidos para ouvir.
Onde nós estamos? No bom mundo de Deus (Gênesis 1–2).
Quem somos nós? Somos portadores da imagem de Deus, criados para portar a sua semelhança, levando o seu bom e sábio governo até os limites da terra (Gênesis 1.26-27).
O que há de errado? Nós escolhemos viver de modo autônomo, por roteiros de nossa própria criação. Nós trocamos a adoração do Criador pela adoração de coisas criadas (Gênesis 3; Romanos 1.25).
Qual é o remédio? A redenção, iniciada na história de Israel e completada por Jesus Cristo, que “veio para fazer suas bênçãos chegarem / até onde a maldição se possa achar”.