Transcrição do Áudio
Primeiro, há uma pregação que quase nunca destaca a verdade que Cristo morreu não apenas para assegurar nosso perdão, mas para assegurar nossa obediência que mata o pecado.
Quase nunca chama a atenção das pessoas para isso. Parece que em 99% do tempo se chama a atenção para o fato que ele morreu para que você fosse justificado, e sua culpa fosse removida, e os seus pecados fossem perdoados, o que é, claro, glorioso.
Porém, a maior parte do Novo Testamento não fala dessa forma. Leia, leia! Está falando de como fazer coisas, de como ser a igreja! Pode ler as epístolas, elas não parecem com isso, não parecem.
O que estou dizendo é que 1 Pedro 2:24 não recebe o tratamento devido. “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça.” Cristo morreu… para adquirir sua obediência a centenas de mandamentos, e ele morreu para adquirir o Espírito que habita em você, que te faz andar em seus estatutos.
A beleza e o poder da cruz de Cristo são vistos e apreciados na experiência de obediência aos mandamentos de Cristo comprada pelo sangue. Experimentar isso é uma dimensão de alegria que não se pode ter de nenhuma outra forma, e um hedonista cristão não ficará satisfeito sem isso.
Eis minha primeira preocupação: existe um tipo de pregação que é deficiente em mostrar toda a aquisição da cruz nestas implicações da nova aliança. Portanto, a cruz pode ser diminuída quando se destaca apenas a cruz.
Aqui está a nossa segunda maneira de dizer isso: estes pregadores tendem a recuar da intenção apostólica da lei de Cristo (1Co 9.21). A lei de Cristo desdobrada em centenas de mandamentos do Novo Testamento que definem o caminho do amor que leva a vida.
Se você perguntar: Por que tantos mandamentos no Novo Testamento? Não precisamos apenas do Espírito? Não, evidentemente não. Evidentemente o jeito de Deus é dar as ordenanças e dar o Espírito que faz você amar as ordenanças. Ele poderia fazer de outro jeito. O Novo Testamento poderia ser um terço do que é: Cristo morreu por você e adquiriu o Espírito. Vá viver pelo Espírito, fim do livro.
Por quê? Por que estas centenas de mandamentos particulares? Ele tem outro jeito de fazer isso. É um jeito melhor, muito melhor! Há mais alegria em descobrir como o Espírito se relaciona com os mandamentos do que se você apenas tivesse o Espírito sem os mandamentos! É um jeito melhor, ou a Bíblia é falsa. Eu amo a Bíblia. Nós a amamos, não é? Deus me mostrou como essas centenas de mandamentos são ótimos para nós.
Então aqui está minha segunda preocupação. Deixe-me repetir. Eles hesitam em chamar a atenção para a Lei de Cristo; mas, em vez de chamar à obediência a todos esses mandamentos, eles dizem coisas como esta; e isso vem de uma distinção muito artificial entre lei e evangelho. Não é bom. Dizem: “Aqui está o propósito dos mandamentos: Demonstrar hospitalidade? Viver sem murmurar? Você não consegue! Cristo fez isso por você, perfeitamente hospitaleiro! Nunca murmurou! Confie na imputação da obediência de Cristo.” Fim do sermão. Celebre.
Isso é tão alheio ao Novo Testamento! É tão alheio ao Novo Testamento falar dessa forma! Isto é meio evangelho, baseado em meia graça, oferecendo meia alegria. Ele realizou mais, muito mais, ao derramar seu sangue por nós! É uma santidade comprada com sangue, é uma obediência comprada com sangue, é um sofrimento comprado com sangue, através de resistência paciente e alegria renovada em Cristo e em suas conquistas na cruz! Não pregue meio evangelho! Todos esses mandamentos devem destacar na sua vida o poder do Espírito comprado pelo sangue de Jesus.
É uma grande conquista, é uma grande conquista, o que ele fez ao morrer por nós. Todos os mandamentos no Novo Testamento não foram dados meramente para expor nosso pecado. Eles foram dados para mostrar o tipo de vida que Cristo morreu para criar na igreja que lhe pertence. Eles foram dados para que, ao cumpri-los pela fé em Cristo, pelo poder do evangelho, comprado pelo sangue, possamos ter mais alegria, mais alegria do que apenas destacando a preciosidade da justificação, embora sempre devamos fazer isso.