
Neste vídeo, Phil Newton nos fala sobre uma igreja que achava que estava viva, mas Jesus disse que, na verdade, estava morta. Confira:

Por Alessandro Miranda Brito
O movimento de Plantação de Igrejas, que surgiu nos Estados Unidos e Reino Unido na década de 90, era uma esperança para aqueles que acreditavam que, por meio da plantação de novas igrejas, ainda que algumas igrejas morressem outras, novas comunidades, equilibrariam os números. A questão é que, mesmo igrejas recém plantadas vieram a morrer com pouco tempo de vida também. Além disso o número de igrejas plantadas foi bem menor do que o número de pessoas que deixaram de frequentar uma igreja local, ainda que crendo em Cristo.[1]
Para esse grupo, chamado de “desigrejados”, a igreja, como instituição, é algo falho. Isso levou, e ainda leva, várias igrejas a um estágio de estagnação, declínio ou morte. Em 1991, por exemplo, 21% da população Norte Americana era composta por cristãos que não frequentavam uma igreja. Quase uma década depois, esse número passou para 31% da população. No Brasil não foi diferente, pois de acordo com o IBGE, em 2003 havia 4% de evangélicos sem ligação com uma igreja e já em 2009 esse número saltou para 14%, o que representa o número de 4 milhões de pessoas só no Brasil.
A igreja que estava no centro, e tinha poder, no passado, perdeu força e vive as margens hoje. Além disso, a igreja aos moldes da velha cristandade não é capaz de resolver o problema do declínio e morte, pois a mensagem das “boas novas” não parece tão “nova” assim para a geração atual. O evangelho tornou-se irrelevante e sem sentido para a nova cultura identificada como pós-cristandade, pós-moderna ou pós-cristã.[1]
HISTÓRIA DO MOVIMENTO E SEUS PRINCÍPIOS
Dan Kimball escreveu o livro, Igreja Emergente, onde se mostrou preocupado com essa cultura emergente que se distancia cada vez mais rápido da igreja:
O que antes era uma nação com uma cosmovisão judeu-cristã está rapidamente se tornando uma nação pós-cristã, não-alcançada e sem experiência nem vínculo com a igreja. Tom Clegg e Warren Bird no livro Lost in America afirmam que a população dos Estados Unidos sem vínculo com alguma igreja é hoje o maior campo missionário no mundo de fala inglesa e o quinto maior em todo o globo. Gerações estão surgindo ao nosso redor sem nenhuma influência cristã. Então devemos repensar tudo o que estamos fazendo em nossos ministérios.[2]
Darrel Guder compartilha da mesma opinião ao dizer:
Os Estados Unidos ainda é, sob todos os aspectos, uma sociedade muito religiosa. Os pesquisadores afirmam que os americanos e canadenses acreditam em Deus, oram regularmente, e consideram-se religiosos. Mas eles encontram cada vez menos razões para expressarem a sua fé, unindo-se a igreja cristã.[3]
Como fazer a igreja emergir nesse novo tempo? Para o Movimento de Igrejas Emergentes a saída estava na contextualização do evangelho, na busca de relevância da igreja, e na caminhada pela contramão da tradição eclesiástica.
Um dos precursores do Movimento de Igrejas Emergentes, que chamarei aqui de MIE, Brian Mclaren, diz ser o criador do termo em parceria com Doug Pagitt:
Em 2001, eu me encontrei com Doug Pagitt. Doug é pastor da Solomon’s Porch (www.solomonsporch.com), em Minneapolis, ex-líder do YLN (Young Leader Networks), e (então) ainda bem tímido de 40. Um de nós, eu não me lembro qual veio com um novo nome para o grupo: emergente (www.emergentvillage.com). Nós não tínhamos idéia de como encaixar esse nome e quão útil seria em nosso trabalho em curso.[5]
Brian defini o movimento da seguinte forma:
O significado de emergente é uma parte essencial do ecossistema da ortodoxia generosa…Pense em um corte transversal numa árvore. Cada anel representa, não a substituição dos anéis anteriores, não a sua rejeição, mas a sua adoção, a sua inclusão em algo maior… O solo no qual cresce a árvore, é claro, é constituído pelos restos deteriorados dos seus antepassados… Estamos constantemente a surgir a partir do que foi e são para o que podemos nos tornar, não apenas como indivíduos, mas como participantes nas realidades emergentes das famílias, comunidades, culturas e mundos… Isso fez com que antigos cristãos a emergir do judaísmo do primeiro século. Causou seus descendentes a emergir do cristianismo apostólico para a era dos mártires e os apologistas, mostrando coragem e inteligência para lidar com a sua situação e evoluir… Isso fez o cristianismo moderno (em suas formas protestantes e católicos) sair da sua fase final da Idade Média. E isso está fazendo com que novas formas de espiritualidade, comunidade e missão cristã a emergir para o cristianismo moderno ocidental.[4]
Carson caracteriza o movimento como um protesto contra o evangelicalismo tradicional, modernismo e as mega igrejas (“seeker-sensitive”) dizendo:
Como vimos, a igreja emergente é um movimento que se caracteriza por um protesto bastante considerável contra o evangelicalismo tradicional e, de modo mais geral, contra tudo o que entende como modernismo. Porém, alguns de seus adeptos acrescentam outra frente de protesto, a saber, a igreja “seeker -sensitive”, a megaigreja. Embora às vezes seja difícil separar essas três frentes de protesto.[6]
Mark Driscoll por sua vez descreveu o movimento em quatro diferentes ramificações, ou como ele chama, quatro vias da rodovia emergente.
O que as três primeiras pistas têm em comum é a ortodoxia teológica. Eles não estão interessados ??em reconsiderar os princípios das doutrinas cristãs como as que vêem a Bíblia como a Palavra de Deus, Deus como trino, Jesus como Deus e os únicos meios de salvação, a humanidade como pecadora, todas as relações sexuais fora do casamento heterossexual (incluindo a homossexualidade) como o pecado e, o céu e o inferno como literal, consciente e eterna. Por isso, vou examinar brevemente cada uma das três faixas de evangélicos da igreja emergente e passar a maior parte do nosso tempo em que os liberais emergentes, que não são teologicamente evangélicos e que são os mais controversos.[7]
A primeira pista, Evangélicos Emergentes, é descrita como os emergentes que estão interessados em atualizar os estilos de adoração, pregação e estruturas da liderança para tornar a igreja relevante ao mundo pós-moderno, ou como seus críticos dizem, ser uma igreja legal para um público jovem. São na maioria das vezes divididos entre o papel da mulher no ministério, no modo correto de batismo e dons carismáticos. Seus líderes, pastores e autores, são: Dan Kimbal, John Burke, e Donald Miller.
A segunda pista, Igreja Doméstica, são igrejas evangélicas que insatisfeitas com as formas atuais das igrejas tradicionais, com propósito ou seeker sensitives, por exemplo. Estas igrejas propõem formas de igreja mais informais, ou mais orgânicas como alguns gostam de chamar esse tipo de igreja. Seus líderes, pastores e autores, são: Neil Cole e Shane Claiborne e George Barna, que argumenta contra o culto de domingo em um prédio onde um pastor prega um sermão semanal.
A terceira pista, Reformados Emergentes, encaram o mundo pós-moderno como uma oportunidade para proclamar a mensagem da Reforma Protestante. Esse grupo é agressivo na plantação de igrejas e são carismáticos em termos de dons espirituais e adoração. Diferente dos outros grupos mencionados anteriormente, só homens podem servir como pastores e pregadores.
O próprio Driscoll diz o seguinte sobre os reformados emergentes:
Além de crenças evangélicas, reformadores emergentes têm um compromisso com a tradição teológica reformada como moldada por tais figuras históricas como Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, os Puritanos , Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, juntamente com líderes evangélicos tais amplamente reconhecido como Billy Graham , JI Packer, Francis Schaeffer, e John Stott . Reformadores emergentes olham para os homens contemporâneos, como John Piper, DA Carson e Wayne Grudem para a teologia , junto com Tim Keller e Ed Stetzer para missiologia. Eles também olham para os pastores de plantação de igrejas , como Matt Chandler, Darrin Patrick, e eu.[8]
Por último, Driscoll destaca a quarta pista, Emergentes Liberais, estes criticam as doutrinas fundamentais do evangelho como a revelação divina, Deus como Trindade, divindade de Cristo, o pecado da homossexualidade e outras relações sexuais fora do casamento heterossexual, etc. Seus líderes são filiados à rede conhecida com a Emergent Village, dirigido pelo autor e teólogo Tony Jones, que já não é um pastor de jovens, mas está envolvido na igreja de Doug Pagitt, junto com outros líderes emergentes de destaque, como Doug Pagitt, Karen Ward, e Tim Keel. Os líderes liberais emergente mais visíveis são Brian McLaren e Rob Bell.[9]
O MIE, ou conversa emergente como alguns líderes preferem chamá-lo, se caracteriza por possuir líderes que na maioria das vezes são pessoas insatisfeitas com a rigidez de suas igrejas.[10] Um dos líderes do movimento emergente, Dan Kimbal, deixou isso claro ao dizer:
Aprendi que os líderes emergentes anseiam pela mesma coisa. Eles sabem que algo precisa mudar em nossas igrejas evangélicas se quisermos alcançar e envolver a cultura emergente. Eles sabem que temos de mudar o jeito que pensamos a igreja, não apenas mudar nossas formas de ministração. Os líderes emergentes não têm receio de eliminar as lentes dos ministérios modernos, pelas quais estamos enxergando a “igreja”, e substituí-las por um novo conjunto de lentes que nos permitem reexaminar tudo o que fizemos até aqui. A igreja emergente não deve tentar mudar apenas a embalagem de nossos ministérios. Precisamos olhar para dentro com uma nova mentalidade.[11]
Várias igrejas emergentes utilizam adereços, tais como incenso, velas, vídeos, poemas e uma infinidades de ferramentas que deixam as reuniões mais informais a fim de se diferenciarem das igrejas “tradicionais”. Outras são mais formais e isso dificulta a conceitualização do movimento. Porém nos últimos anos foi criada a The Emergent Village, uma rede de líderes e igrejas que se caracterizam como emergentes o que deu uma melhor percepção do movimento.[12]
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
O ponto positivo do movimento está na contextualização do evangelho o que deixou a igreja mais relevante para a nossa geração. Por sua vez, o ponto negativo, observado nesta pesquisa, é um verdadeiro paradoxo já que a contextualização tão pregada pelo movimento fez surgir uma nova espécie de neoliberalismo.
Carson, por exemplo, escreveu um livro sobre o movimento emergente, The Emergent Church, e se posicionou contrário a vários líderes do movimento por conta de suas teologias liberais:
Pelo que sei, Brian McLaren e Steve Chalke são os líderes mais influentes do movimento emergente em seus respectivos países. Eu ficaria bem menos preocupado quanto aos rumos que estão sendo seguidos por outros líderes do movimento emergente, se eles se levantassem e chamassem McLaren e Chalke a prestar contas daqueles pontos em que ambos claramente abandonaram o que a Bíblia de fato diz.[13]
Em uma entrevista com Kim Lawton, D. A. Carson, tratou da ambiguidade teológica de McLaren:
Não é que ele [Brian McLaren] não queira dar respostas, é que ele quer dar respostas difusas. Essa é a sua intenção. Não é que ele é um diplomata inteligente que está tentando evitar as questões mais difíceis usando respostas ambíguas de um elenco diplomático, mas todos que entendem sua linguagem sabem o que ele realmente quer dizer. Ele realmente quer que todos essas arestas sejam retiradas. Ele quer evitar o que ele percebe ser a angularidade da verdade confessional. E ele é muito bom em dar voltas (enrolar). Ele é muito bom no que faz. No final, parece-me que ele evita algumas das angulações da própria Bíblia.[14]
A teologia liberal de alguns líderes do MIE é facilmente percebida como no livro de Brian McLAren, A Generous Orthodoxy, onde diz que é necessário que a igreja descubra e desenvolva uma ortodoxia diferente da ortodoxia praticada pela igreja evangélica durante o período do modernismo. Ele diz que é necessário desenvolver uma ortodoxia generosa em opuseram à ortodoxia inflexível do período moderno caso queiramos alcançar as pessoas da era pós-moderna. Um bom exemplo disse é a posição:
E, embora o debate já esteja agonizado, os liberais abriram caminho, buscando tratar homossexuais e transexuais com compaixão. Pode ser que os conservadores sigam seus passos nessa questão assim como já fizeram em outras, muitas décadas depois, quando os pioneiros tiveram aberto caminho.[15]
Por conta desta visão mais liberal[16], alguns teólogos mais conservadores, que antes faziam parte do MIE, se oporam ao movimento. Entre eles Mark Driscoll que disse em um de seus livros:
Eu fiz parte do que ficou conhecido como Movimento da Igreja Emergente desde seus primeiros momentos, e passei alguns anos viajando por todo o país falando aos líderes emergentes, no esforço de ajudar a construir um movimento missional nos Estados Unidos… No entanto tive que me distanciar de uma das muitas correntes da igreja emergente, por causa de diferenças teológicas. Desde o final dos anos 90, essa corrente ficou conhecida como Emergente… Na verdade, a igreja Emergente é a última versão do liberalismo. A única diferença é que o velho liberalismo se acomodava à modernidade e o novo liberalismo acomoda-se à pós-modernidade.[17]
Aqueles líderes que queriam contextualizar as Boas Novas com a cultura pós-moderna, mas sem comprometer os fundamentos bíblicos, deixaram, outros nunca fizeram parte, do MIE e passaram a se intitular, como parte do movimento, igrejas que estão emergindo ou missionais.[18]Entre estes líderes podemos mencionar uma série de pastores e teólogos e missiólogos conservadores como Tim Keller, Ed Stetzer, Mark Driscolll entre outros, que parecem, ter uma percepção diferente quanto a morte da igreja.
Com base no que vimos até aqui fica claro que a contextualização do evangelho é algo importante, mas ao menso tempo muito perigoso e arriscado. De que adianta tentar evitar a morte da igreja sendo mais relevante se ao mesmo tempo muitos colocam em risco o que há de mais importante na proclamação do evangelho, Jesus Cristo. Além disso, mesmo as igrejas emergentes estão morrendo. O anuncio da “morte” de todas as igrejas satélites da Mars Church, fundada por Mark Driscoll, é uma prova disso. Assim continuamos na busca de uma explicação e solução para a morte das igrejas locais.
Notas
[1] Nos EUA, por exemplo, se todas as pessoas que não frequentam uma igreja hoje, criassem uma nova nação, seriam a décima primeira nação mais populosa do planeta.[1]
DRISCOLL, Mark. Reformissão: Como Levar a Mensagem sem comprometer o Conteúdo. Niterói, RJ: Tempo de Colheita, 2009, p.18
[1] Alguns livros nos ajuda a entender o conceito: The Challenge of Posmodernism (editado por David Dockery), A Primer on Postmodernism (Stanley Grenz), Telling the Truth (D.A. Carson) e Liquid Modernity (Zygmunt Bauman)
[2] KIMBALL, Dan. Igreja Emergente: Cristianismo Clássico para as Novas Gerações. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 20
[3]GUDER, Darrell L. Missional Church: A Vision for the Sending of the Church in North America, ed. Darrell L. Guder. Grand Rapids: Eerdmans, 1998, p. 1
[4] McLAREN, Brian. A Generous Orthodoxy. Grand Rapids: Zondervan, 2004, p. 276; 315-322
[5] Ibid p. 313
[6] CARSON, D.A. Becoming Conversant with the Emerging Church. Zondervam: Grand Rapids, 2005, p. 42
[7] http://theresurgence.com/2011/03/14/navigating-the-emerging-church
[8] http://theresurgence.com/2011/03/14/navigating-the-emerging-church
[9] http://theresurgence.com/2011/03/14/navigating-the-emerging-church
[10] CARSON diz que: Um dos pontos em comum que mais chama a atenção entre seus líderes é o número elevado deles que são provenientes de tradições extremamente conservadoras ou até mesmo fundamentalistas. Ver em: CARSON, D.A. Becoming Conversant with the Emerging Church. Zondervam: Grand Rapids, 2005, p.104
[11] CARSON, D. A Igreja Emergente, p. 21
[12] Carson diz que: “Em 2003, foram realizadas, ao mesmo tempo em San Diego, a Convenção Nacional de Pastores e a Convenção Emergente; dos 3 mil pastores que participaram desses encontros, 1.900 escolheram a Convenção Nacional, enquanto os 1.100 restantes escolheram participar da Convenção Emergente”. Ver em: CARSON, D.A. Becoming Conversant with the Emerging Church. Zondervam: Grand Rapids, 2005, p.104 P.12
[13] Ibid p. 232
[14] http://www.pbs.org/wnet/religionandethics/?p=11760
[15]McLAREN, Brian. A Generous Orthodoxy. Grand Rapids: Zondervan, 2004, p. 37
[16]Outro ícone do movimento é Rob Bell assumiu recentemente ser universalista e até publicou um livro o que reforça a posição liberal do movimento onde diz: Deus está fazendo um novo trabalho através de Jesus, chamando todas as pessoas para a solidariedade humana. Todo mundo é um irmão, uma irmã, iguais, filhos de Deus, que não mostra favoritismo. BELL, Rob. Love Wins: A Book About Heaven, Hell, and the Fate of Every Person Who Ever Lived. New York: Happer Collins, 2011, p. 75
[17] DRISCOLL, Mark. Confessions of a Reformission Rev.: Hard Lessons from an Emerging Missional Church, Grand Rapids: Zordevan, 2006, p.23
[18] Driscoll diz o seguinte: Certa vez, durante um jantar com meu amigo Dan Kimball… fui atingido pela distinção que fez entre a igreja Emergente e as igrejas que estão emergindo… As igrejas que estão emergindo é um movimento crescente e desconectado de pastores, basicamente jovens, que estão felizes com o fim da modernidade, ao mesmo tempo que procuram funcionar como missionários, levando o Evangelho de jesus Cristo às culturas emergentes e pós-modernas… é muito importante que toda igreja que esteja buscando ser emergente se defina como igreja emergente evangélica ou igreja emergente liberal. Ver em: DRISCOLL, Mark. Confessions of a Reformission Rev.: Hard Lessons from an Emerging Missional Church, Grand Rapids: Zordevan, 2006, p. 23-25
O que desejo com este artigo não é trazer novidade, mas sim falar de algo que é de ampla aceitação para os estudiosos das Escrituras: Jesus cumpriu as ordenanças da Lei. E não podia ser diferente, uma vez que ele veio fazer Justiça. De maneira alguma poderia transgredir a Lei; Cristo cumpriu-a por completo, por isso foi declarado justo e pôde, através da sua propiciação tornar os homens justos diante de Deus. Como está escrito em Romanos 5: 17-19:
“Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos”.
O pecado é a transgressão da Lei (1Jo 3:4) e Jesus nunca pecou (1Jo 3:5). Logo, Jesus não desobedeceu nenhum ponto da lei mosaica, tal como ele mesmo diz em Mateus 5: 17-18:
“Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra”.
Como disse anteriormente, não vos trago novidades e, recentemente, li um ótimo artigo do Frank Brito¹ sobre o tema, de modo que decidi escrever sobre o mesmo assunto não para superá-lo, mas sim, para realçar essa verdade bíblica. Talvez você ainda não tenha entendido o título dessa postagem, então aí vai uma justificativa: Muitos tem usado o relato bíblico da mulher adúltera para defender a tese de que Cristo teria descumprido e suplantado Moisés. Se isto for verdadeiro, então o Nazareno era um farsante e seu sacrifício não possui a menor validade “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;” (Hebreus 7:26).
O relato em questão se encontra no capítulo 8 do Evangelho de João e descreve uma armadilha dos fariseus para acusarem Jesus (v.6). Mas acusá-lo como? E de que? Ou de ser contrário a Lei, desqualificando seu ministério, pois nenhum judeu daria ouvidos a um messias que fosse contrário a Moisés, ou de ser um contraventor e desacatar a autoridade do Império Romano. Isso será pormenorizado mais adiante.
Fato é que uma mulher foi trazida por ter sido pega em flagrante adultério (v.4). O que fazer com ela? No caso de adultério, a pena de morte deveria ser aplicada. Todavia, existe algo errado nesse “tribunal farisaico”. No pentateuco diz que serão mortos o homem e a mulher que adulterarem (Deuteronômio 22:22). Só que os fariseus apresentam apenas a mulher para receber a sua sentença, o que constitui um grave erro da aplicação da Lei.
Outro aspecto importante é a idoneidade das testemunhas. Ninguém poderia ser acusado por uma só pessoa (Deuteronômio 19:15) e Deus requeria que a testemunha fosse inocente do crime cometido pelo acusado. Cabiam as testemunhas arremessarem as primeiras pedras (Deuteronômio 17:7). Porém, se fosse falsa a acusação, aqueles acusadores que intentaram a morte de seu irmão injustamente, receberiam a punição pela qual planejaram aplicar ao seu próximo (Deuteronômio 19:19).
Diante do que foi exposto, quando Jesus afirma “se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela” (v. 7), ele está se referindo aquela fraude montada apenas para acusá-lo. Ele até ordena que as testemunhas joguem as pedras, em conformidade com Deuteronômio 7:7, contudo, as testemunhas precisavam atender os requisitos acima citados. A justiça deveria ser aplicada por magistrados que andassem em integridade (Deuteronômio 16: 18-20). Bem, ninguém ali naquele contexto era magistrado, e ainda por cima estavam torcendo a justiça. Por isso que aqueles homens foram saindo um a um e não cometeram o apedrejamento (v.9).
Também era sabido por todos que as leis só poderiam ser aplicadas por autoridades romanas, isso era uma imposição do Império que havia dominado os judeus ainda no século VI a.C. Vale lembrar que Jesus foi levado a Pilatos, para que este aplicasse a sentença de morte a Cristo (João 18:31). Esse era o cerne da armadilha farisaica: Acusar Jesus de ser contra Moisés, deixando-o acuado para aplicar uma pena capital que competia ser efetuada pelos romanos. Jesus, sabiamente, livra-se das duas acusações.
Desmistificando a interpretação de que Jesus foi indulgente ao ponto de não aplicar o que Deus prescrevera por intermédio de Moisés, faz-se necessário agora explicar que diferente de Cristo, não estamos debaixo da Lei. Ele estava submetido a ela porque o Novo Testamento só seria válido (como todo testamento) após a sua morte. Assim nos diz Hebreus 9: 16-17:
“No caso de um testamento, é necessário que comprove a morte daquele que o fez; pois um testamento só é validado no caso de morte, uma vez que nunca vigora enquanto está vivo aquele que o fez”.
Agora debaixo da nova aliança, alguns aspectos da Lei continuam sendo observados. É o caso dos 10 mandamentos (Êxodo 20). Até hoje matar, roubar, jurar falsamente, tomar o nome de Deus em vão e etc. continuam sendo pecado e o povo de Deus não pode praticar tais abominações. O que mudou foram os aspectos que tipificavam Cristo, dentre eles, tomo emprestado uma lista feita pelo Pr. John Piper:
1 – Os sacrifícios de sangue cessaram, pois Cristo cumpriu tudo para o que eles estavam apontando. Ele foi o sacrifício final, irrepetível, pelos pecados. Hebreus 9:12: “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”.
2 – O sacerdócio que ficava entre o adorador e Deus não existe mais. Hebreus 7:23-24: “E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer. Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo”.
3 – O templo físico cessou de ser o centro geográfico da adoração. Agora, o próprio Cristo é o centro da adoração. Ele é o “lugar”, a “tenda” e o “templo” onde encontramos Deus. Portanto, o Cristianismo não tem centro geográfico, nem em Meca, nem em Jerusalém. João 4:21-23: “Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai…Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”. João 2:19-21: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei…Mas ele falava do templo do seu corpo”. Mateus 18:20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.
4 – As leis alimentícias, que colocavam Israel aparte das nações, foram cumpridas e acabadas em Cristo. Marcos 7:18-19: “E ele [Jesus] disse-lhes: Assim também vós estais sem entendimento? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora?… (Assim declarou puros todos os alimentos)”.
5 – O estabelecimento da lei civil sobre a base de um povo etnicamente fixado, que foi diretamente ordenada por Deus, cessou. O povo de Deus não é mais um corpo político unificado ou um grupo étnico ou um estado-nação, mas são peregrinos e forasteiros entre todos os grupos étnicos e Estados. Portanto, a vontade de Deus para os Estados não deve ser tomada diretamente da ordem teocrática do Antigo Testamento, mas deve ser agora restabelecida de lugar para lugar e de tempo para tempo, pelos meios que correspondam ao governo soberano de Deus sobre todos os povos, e que correspondam ao fato de que a genuína obediência, enraizada como ela é na fé em Cristo, não pode ser coagida pela lei. O Estado é, portanto, fundamentado em Deus, mas não expressivo da regra imediata de Deus. Romanos 13:1: “Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus”. João 18:36: “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos”.²
Cabe a nós louvarmos Aquele que é Santo. Cabe a nós a reverência devida ao Cristo entronizado entre as nações. Ele perdoou a mulher adúltera (v.11) alertando-a de que ela não deveria mais viver na prática do pecado. Isso é comprometimento com a Palavra, algo que nos falta hoje. Como Igreja, devemos ser misericordiosos e buscarmos o tratamento do pecador arrependido. Só não podemos usar uma indulgência frouxa que passa por cima dos mandamentos do SENHOR:
Mateus 5:19 – “Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus”.
____________
***
Divulgação: Bereianos
Nós podemos tocar profundamente o coração de Deus. Cada vez mais, minhas experiências de vida, associadas ao que vejo nas Escrituras, têm me mostrado com mais e mais clareza a essência do nosso Pai – o modo como ele pensa, age, sente e se move. Como já compartilhei em diversos posts aqui do APENAS (como ESTE), as circunstâncias que mais têm me ajudado a enxergar em profundidade e intimidade o ser divino, nos últimos anos, são as ligadas à paternidade. É impressionante como ser pai nos faz entender melhor o Pai. Recentemente vivi com minha filha de 3 anos mais uma situação que me fez experimentar um lampejo daquilo que Deus vive conosco, seus filhos. Permita-me compartilhar, na esperança de que este relato de algum modo edifique você.
Nas últimas duas semanas, eu e minha esposa tivemos de enfrentar um mal até então desconhecido para nós: nossa filha pegou pneumonia. Assim que soube do diagnóstico, fiquei bem preocupado, pois, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa é a doença que mais mata crianças menores de 5 anos em todo o mundo, e chega a ser responsável por 18% do total de mortes nessa faixa etária. Imediatamente pedi orações a minha rede de intercessores e a levamos ao hospital. Radiografia feita, exames concluídos, iniciamos rigorosamente o tratamento, que inclui antibióticos bem fortes. De início não houve muito efeito e minha filha chegou a ter uma infecção no ouvido direito, que a fez sentir muita dor. Após nova ida aos médicos, a dose do antibiótico teve de ser aumentada e recebemos a recomendação: pôr uma compressa quente algumas vezes por dia, durante vinte minutos, sobre o ouvido afetado. Assim começamos a fazer e, felizmente, a pequenininha começou a melhorar.
Na quinta-feira passada, ela foi liberada para voltar à escola, ainda sob certos cuidados: nada de tomar banho quente e ficar no vento, evitar tomar gelado, fugir do ar-condicionado, não fazer natação, esse tipo de coisa. E, claro, os antibióticos e a compressa se mantiveram no cardápio diário. Justamente nesse dia eu tinha de levá-la ao colégio. Dei o remédio sem problemas e chegou a hora de pôr a compressa aquecida sobre o ouvido. E aí começou o drama. Com sono e irritadiça, a pequena não queria de jeito nenhum deixar que eu pusesse a compressa. Com voz chorosa e birrenta, começou a dizer que estava quente demais, que não conseguia ouvir, que não queria e tudo aquilo que uma criança diz quando não quer algo. A hora passava, chegou o horário limite para sair de casa a tempo de levá-la, voltar e começar a trabalhar e eu ainda estava ali, tentando convencê-la na base do diálogo a pôr a bendita compressa. Mas nada adiantava: era manha, birra e desobediência; ela se revirava no sofá, deixava a compressa cair no chão, gemia com voz chorosa, resmungava… ufa! Se você é pai ou mãe sabe do que estou falando. Chegou um momento, então, em que, totalmente exausto, tive de dar um basta. Virei para minha filha e disse algo mais ou menos assim:
– Filha, isso é para o seu bem. Mas eu não vou ficar aqui discutindo com você, pois tenho responsabilidades e precisamos sair. Já passou da hora. Você não quer pôr a compressa, ok, não ponha, mas saiba que a sua decisão pode fazer você ficar com dor. Se é isso que você quer, vai ter de arcar com as consequências da sua escolha. Eu vou me arrumar para sairmos e estou muito triste com o que você fez. Amo você, mas a sua desobediência é errada e pode te prejudicar. A sua atitude me entristeceu muito.
Dito isso, saí da sala bastante irritado e fui para o quarto me vestir. Eu estava bem chateado, tanto pela desobediência dela quanto pelo fato de não ter conseguido tratá-la corretamente aquela manhã. Passados uns cinco minutos, eis que a pequenininha aparece à porta, se arrastando junto à parede (como costuma fazer quando percebe que pisou na bola) e, com voz bem baixinha e em tom normal, sem choro, sussurrou alguma coisa que não compreendi. Parei o que estava fazendo e, meio irritado, pedi que repetisse, pois eu não tinha conseguido ouvir. Ela chegou mais perto e disse:
– Papai… eu queria dizer uma coisa. Mas não briga comigo, tá?
Minha vontade, de tão irritado que eu estava, era falar algo do tipo “como é que eu não vou brigar com você, você desobedeceu, blablablabla…”. Naquela hora, eu só pensava em discipliná-la, pelo cansaço que me dera e pelas atitudes erradas que optou tomar. Meio sem paciência, respondi:
– Tá bem, o que é?
Foi quando ela disse as três palavras que tocaram profundamente o meu coração.
– Estou arrependida… Desculpe…
Assim, com essas exatas palavras. Consegue imaginar uma criancinha de três anos dizendo isso para você com aqueles olhinhos de gato de botas do Shrek e totalmente sincera naquilo que diz? Naquele momento, foi como se toda a irritação evaporasse por completo e eu fosse transportado a um patamar completamente diferente da realidade. Ainda estava triste porque não havia mais tempo para pôr a compressa e não queria que ela piorasse, mas a minha reação diante daquelas palavras não foi de brigar, reclamar, passar uma descompostura, nada disso: eu fui inundado de amor. Caminhei até minha filha, a peguei no colo e disse:
– Bebê, é claro que papai te desculpa. E tem mais: estou profundamente orgulhoso do que você acabou de me falar. Você fez a coisa certa. Quando a gente percebe que errou, o que tem de fazer é exatamente o que você fez: se arrepender e pedir perdão. Infelizmente, sua desobediência terá consequências, pois não temos mais como pôr a compressa e isso pode fazer você sentir dor. Mas parabéns por reconhecer que errou, pelo arrependimento e pelo pedido de desculpas, estou muito feliz que você tenha dito isso.
A enchi de beijos e abraços e confesso que fiquei tão feliz pela postura dela de reconhecer o erro, confessá-lo e pedir perdão que devo ter dito umas cinquenta vezes que estava muito orgulhoso dela daquele momento até chegarmos à escola.
O rei Davi errou no episódio de Urias e Bate-Seba. Mas, quando ele se deu conta do erro, a Bíblia relata que ele imediatamente se arrependeu e confessou o pecado: “Então Davi disse a Natã: ‘Pequei contra o Senhor!’” (2Sm 12.13). Repare a resposta que o profeta Natã lhe deu apenas um segundo depois: “E Natã respondeu: ‘O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá’”. Fico imaginando Deus olhando aquela situação. O coração do Senhor deve ter sangrado ao ver as ações de Davi durante o processo do adultério e do complô para assassinar Urias. Deus amava aquele homem, mas as atitudes dele despedaçaram o coração do Pai. Ele esperava que Davi fosse obediente e amoroso, mas seu filho foi desobediente, birrento e fez coisas que prejudicaram não só os demais envolvidos, mas, acima de tudo, a si próprio. Creio que a experiência que tive com minha filha me fez compreender com mais clareza o que o Senhor sentiu diante das atitudes de Davi – que, imagino, é o que ele sente sempre que o desobedecemos. Mas também consigo me identificar com o que aquele Pai entristecido sentiu quando o filho se arrependeu e disse “Pequei contra o Senhor!”. Que linda confissão! Consigo ver o Pai pegando Davi nos braços, o enchendo de beijos e abraços e dizendo:
– Bebê, é claro que papai te desculpa. E tem mais: estou profundamente orgulhoso do que você acabou de me falar. Você fez a coisa certa. Quando a gente percebe que errou, o que tem de fazer é exatamente o que você fez: se arrepender e pedir perdão. Infelizmente, sua desobediência terá consequências, pois terei de trazer seu filho para junto de mim e isso pode fazer você sentir dor. Mas parabéns por reconhecer que errou, pelo arrependimento e pelo pedido de desculpas, estou muito feliz que você tenha dito isso.
Se você peca, meu irmão, minha irmã, o caminho é um só: Arrependimento (“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados” – At 3.19) seguido de Confissão, que significa assumir a culpa (“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” – 1Jo 1.9) e o estabelecimento de um Firme propósito de não mais pecar (“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” – Pv 28.13). Em outras palavras:
– Estou arrependido… Desculpe…
Se você fizer isso com a sinceridade de uma criança, pode ter certeza absoluta de que a reação do Pai, motivado por um profundo sentimento de amor em seu coração divino, será tomar você nos braços, enchê-lo de beijos e dizer:
– Papai perdoou o seu pecado.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari < facebook.com/mauriciozagariescritor >


Neste vídeo, Phil Newton nos fala sobre uma igreja que achava que estava viva, mas Jesus disse que, na verdade, estava morta. Confira:
Esse vídeo foi gravado durante a 24ª Edição da Conferência Fiel para Pastores e Líderes, no ano de 2008.
Por: Phil Newton. © 2011 Ministério Fiel. Original: Morto ou Vivo – Apocalipse 3.1-6.
Pr. Phil Newton é pastor da Igreja Batista Southwoods em Memphis, TN, EUA. Possui Mestrado em Divindade pelo New Orleans Baptist Theological Seminary e Doutorado em Ministério pelo Fuller Theological Seminary. É membro do Conselho do ministério pelo Fuller Theological Seminary. É membro do Conselho do ministério Founders, nos EUA. É autor de vários artigos teológicos e livros, um deles publicado em português pela Editora Fiel: Pastoreando a Igreja de Deus. É casado com Karen; o casal tem 5 filhos e 3 netas.

Por Alessandro Miranda Brito
Observamos nos últimos capítulos dois movimentos com o mesmo objetivo, evitar o declínio e morte das igrejas. O Movimento de Crescimento de Igrejas buscou entender as pessoas por meio de pesquisas antropológicas e sociológicas, e pragmatizar as “ações evangelísticas” a fim de alcançar o maior número de indivíduos do lado de fora da igreja. Por sua vez, o Movimento de Crescimento Saudável da Igreja focou no ensino e edificação, não dos que estavam do lado de fora da igreja, mas de cristãos que precisavam amadurecer a fé. A questão é que esse objetivo, em sua totalidade, não foi alcançado como esperavam ambos os movimentos.
Logo então surgiu um terceiro movimento, um grupo de pensadores que consideraram a igreja local como um organismo vivo que, inevitavelmente, passa por fases semelhantes as do ciclo de vida. As igrejas, por exemplo, nascem, crescem e precisam reproduzir, se não se multiplicam não deixam descendentes. Para o movimento de Plantação de Igrejas o “problema” do declínio e morte da igreja poderia ser resolvido com a plantação de novas comunidades, pois ainda que algumas morram, novas igrejas plantadas equilibram os números.
HISTÓRIA DO MOVIMENTO E SEUS PRINCÍPIOS
A plantação de igrejas pode ser definida como o estabelecimento de um novo grupo de crentes em um determinado local.[1] Malphurs, por sua vez, definiu a plantação de igrejas como: “um empreendimento cansativo, mas emocionante de fé que envolve o processo planejado de início e crescimento de novas igrejas locais, com base na promessa de Jesus e na obediência à sua Grande Comissão”.[2] Graig Ott diz que a plantação de igrejas é: “aquele ministério que através de evangelismo e discipulado estabelece comunidades do reino de crentes em Jesus Cristo que se reproduzem, e estão empenhados em cumprir propósitos bíblicos sob líderes espirituais locais”.[3]
O Movimento de Plantação de Igrejas, que chamarei aqui de MPI, iniciou-se, sem sombra de dúvida, já no primeiro século da era cristã. Paulo foi, entre os apóstolos, um dos maiores plantadores de igrejas durante o período da igreja primitiva. Suas viagens tinham como missão o estabelecimento de novos corpos locais de crentes, o treinamento da liderança (Atos 14:21-23) e posteriormente o acompanhamento dessas novas igrejas. Elas foram, inicialmente estabelecidas por Paulo, mas consequentemente estas igrejas foram responsáveis pela plantação de outras novas igrejas. Começaram a enviar plantadores de igreja por todo mundo dando continuidade a missão iniciada pelos apóstolos (1 Tessalonicenses 1:8) com um enorme senso de urgência.
Quase dois mil anos após a plantação das primeiras igrejas, uma infinidade de igrejas foram plantadas em diversas partes do mundo. Na Inglaterra e Estados Unidos os grandes avivamentos auxiliaram a rápida multiplicação de igrejas, o que foi algo positivo, porém, reduziu naturalmente o senso de urgência de se plantar novas igrejas, já que elas estavam presentes em quase todo o território.
O foco e os esforços missionários passaram a ser os locais mais longínquos como a Ásia, América do Sul e África por meio das organizações missionárias. Ed Stetzer, por exemplo, em seu livro, Viral Churches, destacou um período, no qual os Estados Unidos experimentou uma espécie de Movimento de Plantação de Igrejas:
O crescimento explosivo de novas igrejas, particularmente entre 1795 e 1810, é o único movimento de plantação de igreja verdadeira que ocorreu em solo, que é hoje os Estados Unidos. Durante estes quinze anos cerca de três mil igrejas foram iniciadas, de acordo com The Churching of America. [4]
Mesmo com um grande número de igrejas plantadas, verificou-se na década de 80 um declínio jamais esperado entre as igrejas nos Estados Unidos. Win Arn disse em seu livro, The Pastor’s Manual for Effective Ministry, que 85 por cento das igrejas estavam estagnadas ou declinando nos Estados Unidos.[5]
Lyle Schaller destacou que: “um número estimado de 30.000 congregações deixaram de existir em algum momento durante os anos 80”.[6] De acordo com Jacquet entre 1965 e 1988 a Igreja Metodista tinha perdido dois milhões de membros, a Igreja Presbiteriana um milhão de membros, a Igreja Episcopal quase um milhão de membros.[7]
O resultado deste declínio foi o surgimento de um novo movimento, que encontrou neste suposto problema uma grande razão para voltar a plantar igrejas confrontando o fato de que as igrejas estavam morrendo. A plantação de novas igrejas se tornou algo tão estudado que mesmo os líderes do MCI começaram a escrever sobre o assunto vendo na plantação um novo modelo de crescimento da igreja. Um bom exemplo disso foi Peter Wagner que chegou a dizer que a Plantação de Igrejas: “…é a metodologia evangelística mais eficaz debaixo do céu”.[8]
Peter Wagner ainda disse que:
Novas igrejas são um bom ponto chave para o evangelismo; novas igrejas crescem mais do que as antigas; novas igrejas oferecem opções aos que não têm igrejas; normalmente novas igrejas são necessárias; novas igrejas ajudam as denominações a sobreviverem e novas igrejas ajudam a suprir as necessidades dos cristãos.[9]
Mesmo a plantação de igreja não sendo algo novo, foi durante a crise do declínio e estagnação da igrejas, principalmente norte americanas que a plantação de igrejas tomou força e diversos livros foram publicados sobre o assunto. Entre estes livros podemos destacar as obras: Planting Growing Churches for the 21st Century, escrito em 1998 por Aubrey Malphurs; Church Planting Moviment, escrito por David Garrison em 2000; e Global Church Planting, escrito por Craig Ott e Wilson Gene em 2011. Estes autores apresentaram suas ideias tendo como fundamento a plantação de igrejas que de uma forma rápida se multiplicam.
Malphurs escreve e ensina a partir de sua extensa experiência em a plantação de igrejas não só nos limites das fronteiras dos Estados Unidos, mas por meio de parcerias com organizações missionárias em todo o mundo. Para ele a plantação de igrejas repousa no que ele chama de, a promessa de Jesus, em Mateus 16:18: “E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Com base neste texto, Malphurs invoca repetidamente, nos primeiros capítulos de seu livro, que a promessa de Cristo em construir (ou crescer) a igreja é uma promessa para ser colocada em prática por meio da plantação. Como resultado desta promessa Malphurs diz que: “Não só a Igreja na América sobreviverá, como estamos no começo de uma onda (Movimento de Plantação) que está prestes a varrer toda a América em algum momento da primeira metade do século XXI”.[10]
A esperança levantada por Malphus em 1998 se tornou algo visível já em 2000, período que Garrison, outro propagador do MPI, divulgou suas pesquisas sobre o novo movimento. Esta pesquisa foi realizada durante os anos em que supervisionou trabalhos missionários em diversas partes do mundo como Índia, China, outros países da Ásia, África, Mundo Muçulmano, América Latina, Europa e América do Norte. Nestes países conheceu as realidades atuais do que está acontecendo em diversas nações, um novo tipo de movimento, chamado por ele de Movimento de Plantação de Igrejas.
Toda a sua experiência teve como fruto o livro, Church Planting Movement, uma obra que em tese diz que não basta apenas pregar o evangelho, é preciso ganhar grupos de pessoas que formem uma comunidade que se estabeleça, ou seja, uma igreja. Garrison defini o movimento da seguinte forma: “O Movimento de Plantação de Igrejas é um multiplicação rápida de igrejas autóctones que plantam igrejas dentro de um determinado povo ou segmento da população.” [11]
Em 2011, Graig Ott e Gene Wilson, publicaram o livro, Global Church Planting, onde avaliaram os últimos 40 anos do MPI. Nesta obra Ott e Gene destacaram algo importante a ser analisado se queremos encontrar neste movimento uma saída para a morte da igreja:
Uma das ênfases deste livro é a expansão das comunidades do Reino (de Deus)em todo o mundo. A verdade é que as igrejas dão à luz a outras igrejas. Os seres vivos que são saudáveis ??reproduzem naturalmente, como parte de seu ciclo de vida. Igrejas muitas vezes não o fazem. Eles podem crescer até a maturidade, tornar-se numericamente expressivas, mas continuam a ser estéreis. A reprodução deve ser intencional, se a igreja local quiser realizar o pleno propósito para o qual ela foi chamada e criada. Por esta razão, enfatizamos a necessidade de plantar igrejas que têm potencial de multiplicação em seu DNA, que estressa o orgânico, em vez de valores organizacionais.[12]
O princípio base da plantação de novas igrejas parece estar relacionado ao ciclo de vida, mais especificadamente na fase da reprodução. Aubrey Malphurs exemplificou isso ao dizer: “Eventualmente, os agricultores atingem um ponto em que é hora de iniciar o processo de plantio. Isso envolve a semeadura da semente, rega, adubação, e proteção da safra”.[13]
Stuart Murray, um dos estudiosos sobre a plantação de igrejas, deixou claro algo semelhante em um de seus livros:
A prática de plantação de igrejas pode encorajar a conclusão de que a reprodução é uma característica tão fundamental da igreja assim como é dos organismos biológicos. Uma igreja saudável não apenas se desenvolve internamente e expande em tamanho e impacto social, mas expressa naturalmente a sua vida em novas formas e estruturas.[14]
Murray tratou do ciclo de vida da igreja dizendo que:
“Talvez seria melhor considerar reprodução de igrejas, através de plantação, como normal, e a sobrevivência de estruturas eclesiásticas por mais de algumas gerações como anormal e problemático.”[15]
Ellis e Mitchell abordaram em um livro sobre plantação de igreja que se a igreja não: “espera ou antecipa que a (reprodução) é o negócio natural do crescimento, então é (uma igreja) realmente estéril.”[16]
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
O maior ponto positivo do MPI nos últimos anos foi o surgimento de novas igrejas por todo o mundo, o que permitiu o cumprimento da Grande Comissão em locais onde o evangelho ainda não havia chegado, como também o equilíbrio dos dados estatísticos que não mais só relatavam um crescente número de igrejas mortas, mas também um crescente número de novas igrejas.
A plantação de igrejas com uma rápida multiplicação de novas igrejas, foi algo positivo até para renovar e revitalizar aquelas igrejas em declínio. Rick Warren chegou a dizer que:
Não há melhor maneira de alcançar, ensinar, treinar e enviar discípulos pelo mundo do que por meio de igrejas que são plantadas com a intenção de plantar outras. E para igrejas ou denominações que estão estabilizadas ou em declínio, plantação de igrejas é uma indispensável ingrediente para a renovação e revitalização. É a maneira mais rápida para infundir nova vida e novas pessoas em uma comunhão atrofiada.[17]
Claro que vários advogaram contrários a essa multiplicação rápida de igrejas, pois qual é o sentido de se plantar novas igrejas se existem centenas de outras que precisam de ajuda? A oposição aumentou quando os próprios estudiosos, antes a favor da plantação de igrejas, começaram a repensar o próprio MPI. Isso, pois a reprodução de novas igrejas aumentou o número de igrejas em declínio ou mortas.
Rubens Muzio, autor do livro, O DNA da Igreja disse que:
Há diferentes tipos de crescimento: demográfico, biológico, emocional, psicológico, cultural, econômico, social, institucional, e assim por diante. E dentro de cada um desses aspectos existem as qualidades de crescimento: positivo ou negativo, bom ou ruim, saudável ou patológico. Na verdade, o organismo pode enfrentar toda sorte de perigo que causa deformação no seu crescimento e que pode levá-lo fatalmente à morte. O risco da erva daninha, do joio no meio do trigo da deformação, do hediondo, do canceroso, está sempre rondando a igreja.[18]
Martin Robinson, Diretor Nacional de Together in Mission, uma organização que conecta denominações, redes e agências para eclesiásticas em torno do tema de plantação de igrejas realizou severas críticas à sua própria obra sobre plantação de igrejas ao dizer:
Eu originalmente escrevi um livro sobre plantação de igrejas chamado Planting Tomorrow’s Church Today com coautoria de Stuart Christine. Este livro foi escrito entre 1990 e 1991 e publicado para um grande congresso de plantação de igrejas na Grã-Betanhã em 1992. Este livro está agora esgotada (com a sua edição), a solicitação original era revisar o livro substancialmente para que pudesse ser republicado. Ao analisar o livro que eu vim a perceber que não era realmente possível rever o livro como ele ficou … Minha maior crítica ao livro é que ele é extremamente mecânico em (seu) estilo. Parece que sugerem que há um valor fixo ou um método que podem empregar o que leva a uma igreja de sucesso.[19]
Robinson diz também que:
Já em 1996 , havia sinais de que muitas das tentativas de plantação de igreja pareciam perder energia e simplesmente pararam. Isto não foi verdadeiramente uniforme em todas as denominações e correntes, mas em termos do que poderia ter sido visto como o início de um amplo movimento, o impulso foi perdido.
Uma análise da experiência de um dos grupos que encararam os objetivos de forma mais séria ajuda-nos a entender por que a energia acabou. As Assembleias de Deus se comprometeram com a plantação de 1.000 congregações até o ano de 2000. Isso representou mais do que uma duplicação do número de congregações que eles já tinham. Um bom começo foi feito e, ao final de três anos, cerca de 200 congregações já tinham sido iniciadas. Por qualquer padrão, uma vez que tinha levado quase 70 anos para começar as primeiras 600 congregações esta foi uma conquista surpreendente. Neste ponto, eles estavam claramente no alvo para alcançar seu objetivo de 600 plantações de igreja. Mas, então, a plantação parou. Pior ainda, algumas das novas tentativas de plantação fecharam e a maioria das outras novas congregações não continuaram a crescer e de fato mostrou sinais do mesmo tipo de problemas que muitas das congregações mais velhas tiveram e que a plantação de igrejas foram destinadas a superar.[20]
As igrejas focaram na plantação de novas igrejas nos anos 90, porém enfrentaram os mesmos problemas uma década depois. Murray chama a atenção dos plantadores para algo maior do que a própria plantação dizendo que: “Plantação de igrejas não é um fim em si mesmo, mas um aspecto da missão de Deus que as igrejas têm o privilégio de participar”.[21]
De acordo com Win Arn: “No ciclo de vida normal de igrejas, há nascimento, e com o tempo, a morte. Muitas igrejas começam um platô e (entram num) programa de redução em torno de seu décimo quinto ao décimo oitavo ano”.[22]Ou seja, até para os mais otimistas plantadores a morte é algo inevitável com o tempo por conta das outras fases do ciclo de vida da igreja que não podem ser ignoradas.
Nos últimos 50 anos vários movimentos apontaram as mais diversas justificativas a fim de entender a estagnação, declínio e até a morte das igrejas. Todos apresentam várias soluções para evitar este crescente declínio e morte das igrejas locais em tempo de liberdade religiosa, porém o suposto problema ainda continua perturbando a muitos. Será que a morte é realmente algo inevitável? O que é o ciclo de vida da igreja, apontado por Win Arn, tem para nos ensinar?
Confira outros capítulos
Notas
[1] “O plantio de igrejas é a forma mais eficiente, autossustentável e duradoura de comunicar o evangelho dentro de um perímetro local”. Ver em: LIDÓRIO, Ronaldo. Plantado igrejas. São Paulo: Cultura Cristã, 2000, p. 17
[2] MALPHURS, Aubrey. Planting Growing Churches for the 21st Century: A Comprehensive Guide for New Churches and Those Desiring Renewal. Baker Books, 1998, p.19
[3] OTT, Craig & GENE, Wilson. Global Church Planting: Biblical Principles and Best Practices for Multiplication. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2011, p.8
[4]STETZER, Ed.; WARREN, Bird. Viral Churches: Helping Church Planters Become Movement Makers. 2010, San Francisco: Jossey-Bass, p. 51
[5]WIN Arn, The Pastor’s Manual for Effective Ministry. Monrovia, CA, Church Growth, 1988, p.43
[6]SCHALLER, Lyle. 1991, p.17
[7]JACQUET, The Yearbook of American and Canadian Churches. 1989, p.261
[8]WAGNER, Peter. Church Planting for Greater Harvest: A Comprehensive Guide. California: Regal Books, 1991, p.5
[9]WAGNER, Peter C. Estratégias para o crescimento da igreja. São Paulo: Editora Sepal, 1991.
[10]MALPHURS, Aubrey. Planting Growing Churches for the 21st Century: A Comprehensive Guide for New Churches and Those Desiring Renewal. Baker Books, 1998, p. 28
[11]GARRISON, David. Church Planting Movements: How God is Redeeming a Lost World. Midlothian, VA: WIGTake Resources, 2004, p. 22
[12]OTT, Craig & GENE, Wilson. Global Church Planting: Biblical Principles and Best Practices for Multiplication. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2011, p.65
[13]MALPHURS, Aubrey. Planting Growing Churches for the 21st Century: A Comprehensive Guide for New Churches and Those Desiring Renewal. Baker Books, 1998, p. 72-73
[14]MURRAY, Stuart: Church Planting, Laying foundations. Milton Keyness: Paternoster Press 1998, p.57-58
[15] MURRAY, Stuart: Church Planting, Laying foundations. Milton Keyness: Paternoster Press 1998, p.59
[16]ELLIS, Roger & MITCHELL Roger: Radical Church Planting. Cambridge: Crossway, 1992, p.73
[17]STETZER, Ed.; WARREN, Bird. Viral Churches: Helping Church Planters Become Movement Makers. 2010, San Francisco: Jossey-Bass, p. xi
[18]Disponível em: http://www.cristianismohoje.com.br/artigos/lideranca/o-aumento-do-numero-de-evangelicos-e-termometro-para-atuacao-de-deus-no-brasil. Acesso em: 07 jan. 2014. 10:30:00
[19] MARTIN, Robison. Planting Mission-Shaped Churches Today Oxford: Monarch Books, 2006, p. 7-8
[20] MARTIN, Robison. Planting Mission-Shaped Churches Today Oxford: Monarch Books, 2006, p. 27-8
[21] MURRAY, Stuart: Church Planting, Laying foundations. Milton Keyness: Paternoster Press 1998, p.39
[22] WIN ARN, The Pastor’s Manual for Effective Ministry Monrovia, CA: Church Growth, Inc., 1988, p. 43

O entendimento bíblico de que Jesus está conosco é muito diferente de qualquer ideia de que a presença de Jesus apenas serve como um proveitoso impulso para a vida que eu estou tentando construir para mim mesmo. “Estou convosco todos os dias” não significa que eu tenho uma miniatura de Jesus guardada dentro de mim para servir de inspiração em meio às minhas ambições ou para me confortar quando as coisas não acontecem do meu jeito. Em vez disso, minha pequenina vida é colocada diante da grandeza de Jesus. Ele está conosco tão profundamente porque, pelo Espírito, nós estamos em Cristo. Meu propósito na vida, então, é dirigido pela missão dele para com o seu povo.
Então, eu sou impelido para fora do meu lar aconchegante, onde eu gostaria de permanecer enquanto Jesus me confortava. Ele me envia ao meu vizinho mau-humorado para que eu lhe dê testemunho com a consciência de que Jesus o ama tanto quanto ama a mim. “Eu estou com você à medida que você o ama em mim”.
Jesus vai comigo da minha rua relativamente segura para aquele bairro violento cheio de marginais ameaçadores. “Faça uma tenda aqui”, ele sussurra, “assim como eu fiz para mim uma tenda de carne em um mundo destruído”. Isso pode significar abrir uma escola, um centro esportivo ou uma clínica médica em Seu nome.
Exatamente aonde eu não quero ir, Jesus já está lá. Ele até me envia para que eu me dedique a pessoas que irão zombar da simples menção do seu nome. Eu gostaria de evitá-las, de manter distância de polêmicas. Mas o Senhor que continua a confundir o mundo o qual veio reivindicar me lembra: “Você está em mim e eu estou enviando o meu evangelho ao mundo. Então você pode confiar que eu estou com você à medida que você se envolve nessas situações delicadas”.
Jesus está conosco todos os dias, antes de tudo e mais profundamente porque o seu Espírito nos uniu à sua vida e, portanto, à sua missão.
Veja todo o desenvolvimento do texto lendo o artigo completo:
Por: Gerrit Scott Dawson. © 2014 Ligonier Ministries. Original: I Am with You Always.
Este artigo faz parte da edição de Abril de 2014 da revista Tabletalk.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel. © 2014 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: A Presença de Jesus nos Une à Sua Missão.
Dr. Gerrit Scott Dawson é pastor da First Presbyterian Church, em Baton Rouge, Los Angeles, EUA, e autor de Jesus Ascended: The Meaning of Christ’s Continuing Incarnation [“Jesus Assunto: o significado da contínua encarnação de Cristo”, sem tradução em português].

“O que é o amor? I Co 13 nos traz um perfil desse supremo dom. A mulher virtuosa de Pv 31 demonstrava seu amor para com seu marido em atividades diárias.” Aprenda mais com esse vídeo de Martha Peace:
Assista ao vídeos completos da Martha Peace pela 26ª Conferência Fiel.
Por: Martha Peace. © 2012 Ministério Fiel. Original: O Amor e? Paciente – Martha Peace.
Martha Peace é formada em enfermagem pelo Grady Memorial Hospital School of Nursing. Desenvolve seu ministério na área de aconselhamento bíblico para mulheres, tendo recebido seu treinamento pela National Association of Nouthetic Counselors.

Phil Newton analisa os problemas e desafios enfrentados por três das igrejas de Apocalipse. Confira:
Esse vídeo foi gravado durante a 24ª Edição da Conferência Fiel para Pastores e Líderes, no ano de 2008.
Por: Phil Newton. © 2011 Ministério Fiel. Original: O Mundo na Igreja – Apocalipse 2.18-29.
Pr. Phil Newton é pastor da Igreja Batista Southwoods em Memphis, TN, EUA. Possui Mestrado em Divindade pelo New Orleans Baptist Theological Seminary e Doutorado em Ministério pelo Fuller Theological Seminary. É membro do Conselho do ministério pelo Fuller Theological Seminary. É membro do Conselho do ministério Founders, nos EUA. É autor de vários artigos teológicos e livros, um deles publicado em português pela Editora Fiel: Pastoreando a Igreja de Deus. É casado com Karen; o casal tem 5 filhos e 3 netas.
Série OQDQ?
“Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca. Com julgamento opressivo ele foi levado. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado. Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido qualquer violência nem houvesse qualquer mentira em sua boca.
Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão. Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles. Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.” Isaías 53:5-12
Você já passou pela situação embaraçosa de conversar com uma pessoa procurando alguém ‘mais importante’, sem saber que aquela era a pessoa que procurava, ou talvez alguém em uma posição ainda mais elevada? Isso não é incomum. Quando eu era adolescente trabalhei em uma agência bancária em que um comerciante muito rico costumava vir ao banco de bicicleta, trazendo muito dinheiro para depositar, sempre em sacos de papel pardo. Nunca foi assaltado porque as pessoas não o reconheciam como uma pessoa rica e nós os funcionários corríamos o risco de não dar a devida atenção ao melhor cliente da agência. O texto que estamos estudando nos faz pensar se Jesus tem recebido a devida atenção.
Foi da vontade do Senhor esmaga-lo
(712 aC) Esse texto é parte da quarta profecia de Isaías sobre ‘O Servo’, que descrevem a vinda de um Salvador, pessoal, sobre-humano e superior à morte. A quarta profecia está em Is 52:13 – 53:12, as outras estão em Is 42:1-7; 49:1-9; 50:4-9. Essas profecias descrevem as características, as funções e os resultados do Salvador. O primeiro versículo, na primeira profecia é marcante e decisivo para compreender esse conjunto especial de escritos sagrados: “Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem tenho prazer. Porei nele o meu Espírito, e ele trará justiça às nações” Is 42:1. Embora de tempos em tempos surjam críticos, quando essas profecias são tomadas em seu sentido literal, é impossível escapar a que se referem ao Salvador Jesus.
No início da quarta profecia, em Is 52:13, Isaías estabelece, da parte de Deus, que o objetivo seria descrever três estágios específicos da história deste ‘Servo’: “Vejam, o meu servo agirá com sabedoria; será engrandecido, elevado e muitíssimo exaltado”. – O Salvador agiria com prudência ou sabedoria, de modo a produzir resultados e portanto seria engrandecido, o que pode tratar da ressurreição, elevado, o que deve ser referir à ascensão, e muitíssimo exaltado o que reflete a glorificação de Cristo.
A profecia se inicia, como vimos, com a voz de Deus que fala até o verso 15. No verso 1 do capítulo 53 ouvimos o profeta falando em nome de seu povo, perguntando quem dentre todos eles creu verdadeiramente no que Deus havia dito sobre ‘O Servo’. A partir do verso 2, então, o profeta apresenta a previsão da biografia do Salvador, permitindo que ouçamos novamente as palavras de Deus ao relatar a glorificação nos dois últimos versículos. Nos versos 2 e 3 ouvimos falar do nascimento frágil, de sua vida simples, do desprezo que sofreu mais tarde.
Nos versos 4 e 5 o profeta descreve o ministério de Jesus, deixando claro os resultados inigualáveis que ele obteve: tomou as nossas enfermidades, levou as nossas doenças, foi traspassado e esmagado em nosso lugar, trouxe paz e cura. O primeiro verso da leitura que fizemos faz parte desse segmento: “Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados”. Os versos seguintes apresentam o sofrimento (6, 7), a morte (8, 9), a ressurreição (10, 11) e a glorificação (12).
O sofrimento: “Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho” – o desvio não aconteceu por causa de ‘O Servo’ ter sido traspassado e esmagado, é uma nova leitura que se inicia aqui, como ovelhas costumam fazer, cada um olhou apenas para o que desejava e seguiu um caminho de desobediência à vontade de Deus; “e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” – o castigo à ovelhas desobedientes, ao invés de cair sobre elas mesmas, o Senhor o fez cair sobre o Salvador. “Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.” – enquanto o profeta compara a si mesmo e ao seu povo como ovelhas desobedientes, o Salvador é apresentado como uma ovelha obediente, que não resiste à decisão de Deus.
A morte: “Com julgamento opressivo ele foi levado” – relata o aprisionamento com traição e o julgamento manipulado; “E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado.” – trata da execução de Jesus, destacando o fato de não haver deixado descendentes; “Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte” – explica que ele foi morto entre gente maldita por seus pecados e até mesmo a ideia de estar com ricos em sua morte pode ser vista negativamente, isto é, que Ele somente esteve entre os ricos quando já estava morto; “embora não tivesse cometido qualquer violência nem houvesse qualquer mentira em sua boca” – o texto destaca a justiça própria do Salvador, fazendo-o diferente de todos os outros homens cujo coração é violento e a boca é mentirosa.
Ressurreição: ao falar da futura ressurreição dO ‘Servo’, Isaías relembra que essa foi a Vontade do Senhor, esmaga-lo e fazê-lo sofrer como o pagamento da multa pela culpa dos pecadores. Mesmo assim ele veria sua descendência, aqueles que foram feitos sua família, e continuaria vivo depois de haver morrido – “Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias”. Na ressurreição do Salvador está o cumprimento da Vontade do Senhor: “e a vontade do Senhor prosperará em sua mão” – como a profecia começa dizendo que ele agiria com prudência, no sentido de que alcançaria resultados, aqui o alcance desses resultados é dado como alcançado. “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles.” – Esse é o resultado que Deus quis obter através do Salvador, a justificação de muitos.
Glorificação: a quarta profecia termina com a glória, o prêmio, que o Salvador haveria de receber: “Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes” – os adjetivos traduzidos aqui como grandes e fortes significam literalmente abundante e numeroso, por isso, o sentido desse texto deve ser que o Salvador recebeu uma porção abundante, entre um grande número, ou seja, foi distinguido da multidão. A razão de tal galardão é novamente explicitada, de modo que não sobre qualquer dúvida de como a Vontade do Senhor prosperou através dele: “porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”.
A vontade do Senhor prosperará
A clara intenção das quatro profecias de Isaías sobre o servo é apresentar o caráter, a obra e os frutos do Salvador, assim, quando ele viesse, seria facilmente identificado. Mas então, como o próprio profeta percebeu, “Quem creu em nossa mensagem e a quem foi revelado o braço do Senhor?” Is 53:1. Nossa mensagem aqui é a mensagem recebida, já que o profeta fala em nome do povo que é como ovelhas que se desviaram. Paulo cita esse versículo reforçando a ideia da incredulidade na mensagem, mesmo quando há pregadores: “Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?” Rm 10:16. Isso leva a refletir se nós mesmos temos percebido quão maravilhoso é o caráter de Cristo, quão grandiosa é sua obra e quão benéficos são os resultados que ele produziu.
Será que temos conhecido o Salvador? Quem ele é, o que fez e o que produziu em nosso favor, entendemos realmente isso? Ou será que estamos entre os que não perceberam, mesmo tendo visto, que não entenderam, mesmo tendo ouvido? Veja como Deus, o Pai, fala do Salvador: como Seu escolhido que lhe alegra (42:1), como aquele em que terras distantes terão esperança (42:4), o mediador para Israel e a luz para os gentios (42:6), em quem mostrará seu esplendor (49:3). Quanta exatidão! Quanta clareza! E mesmo assim muitos não creram nessa revelação.
Enquanto o Senhor Jesus andou por essa terra, muitos não conseguiam identifica-lo como ‘O Servo’ dessas profecias, como o Messias que haveria de vir. Jesus lhes pareceu pouco atraente, pouco poderoso, pouco engajado com o pensamento corrente, desconectado das pessoas de alto nível. E hoje? Enquanto nos relacionamos com os poderosos desse mundo, ou pelo menos admiramos seu sucesso, Jesus nos parece realmente muito mais importante do que eles? Será que os crentes acham o mesmo temor e a mesma reverência que têm diante do dono da empresa, do reitor da universidade, para oferecer a Jesus. Será que a admiração por Jesus supera aquela que o milionário causa, ou o esportista de alta performance?
É lógico que costumamos por Jesus em uma categoria isolada, mas, se pudéssemos medir da mesma forma, grande parte dos crentes não tem conhecido o suficiente a Jesus para dar a ele a admiração, o louvor, a honra, o amor que outras pessoas têm recebido nesse mundo. Precisamos dar crédito à revelação de Deus, precisamos deixar que ela nos inspire a uma adoração sem precedentes ao Senhor Jesus que, acima de tudo, submeteu-se à vontade do Pai, e apresentou os resultados que Ele pediu.
11 de dezembro, quinta feira
Ele verá a luz
“Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca. Com julgamento opressivo ele foi levado. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado. Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido qualquer violência nem houvesse qualquer mentira em sua boca.
Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão. Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles. Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.” Isaías 53:5-12
Você já passou pela situação embaraçosa de conversar com uma pessoa procurando alguém ‘mais importante’, sem saber que aquela era a pessoa que procurava, ou talvez alguém em uma posição ainda mais elevada. Isso não é incomum. Quando eu era adolescente trabalhei em uma agência bancária em que um comerciante muito rico costumava vir ao banco de bicicleta, trazendo muito dinheiro para depositar, sempre em sacos de papel pardo. Nunca foi assaltado porque as pessoas não o reconheciam como uma pessoa rica e nós os funcionários corríamos o risco de não dar a devida atenção ao melhor cliente da agência. O texto que estamos estudando nos faz pensar se Jesus tem recebido a devida atenção.
Foi da vontade do Senhor esmaga-lo
(712 aC) Esse texto é parte da quarta profecia de Isaías sobre ‘O Servo’, que descrevem a vinda de um Salvador, pessoal, sobre-humano e superior à morte. A quarta profecia está em Is 52:13 – 53:12, as outras estão em Is 42:1-7; 49:1-9; 50:4-9. Essas profecias descrevem as características, as funções e os resultados do Salvador. O primeiro versículo, na primeira profecia é marcante e decisivo para compreender esse conjunto especial de escritos sagrados: “Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem tenho prazer. Porei nele o meu Espírito, e ele trará justiça às nações” Is 42:1. Embora de tempos em tempos surjam críticos, quando essas profecias são tomadas em seu sentido literal, é impossível escapar a que se referem ao Salvador Jesus.
No início da quarta profecia, em Is 52:13, Isaías estabelece, da parte de Deus, que o objetivo seria descrever três estágios específicos da história deste ‘Servo’: “Vejam, o meu servo agirá com sabedoria; será engrandecido, elevado e muitíssimo exaltado”. – O Salvador agiria com prudência ou sabedoria, de modo a produzir resultados e portanto seria engrandecido, o que pode tratar da ressurreição, elevado, o que deve ser referir à ascensão, e muitíssimo exaltado o que reflete a glorificação de Cristo.
A profecia se inicia, como vimos, com a voz de Deus que fala até o verso 15. No verso 1 do capítulo 53 ouvimos o profeta falando em nome de seu povo, perguntando quem dentre todos eles creu verdadeiramente no que Deus havia dito sobre ‘O Servo’. A partir do verso 2, então, o profeta apresenta a previsão da biografia do Salvador, permitindo que ouçamos novamente as palavras de Deus ao relatar a glorificação nos dois últimos versículos. Nos versos 2 e 3 ouvimos falar do nascimento frágil, de sua vida simples, do desprezo que sofreu mais tarde.
Nos versos 4 e 5 o profeta descreve o ministério de Jesus, deixando claro os resultados inigualáveis que ele obteve: tomou as nossas enfermidades, levou as nossas doenças, foi traspassado e esmagado em nosso lugar, trouxe paz e cura. O primeiro verso da leitura que fizemos faz parte desse segmento: “Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados”. Os versos seguintes apresentam o sofrimento (6, 7), a morte (8, 9), a ressurreição (10, 11) e a glorificação (12).
O sofrimento: “Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho” – o desvio não aconteceu por causa de ‘O Servo’ ter sido traspassado e esmagado, é uma nova leitura que se inicia aqui, como ovelhas costumam fazer, cada um olhou apenas para o que desejava e seguiu um caminho de desobediência à vontade de Deus; “e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” – o castigo à ovelhas desobedientes, ao invés de cair sobre elas mesmas, o Senhor o fez cair sobre o Salvador. “Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.” – enquanto o profeta compara a si mesmo e ao seu povo como ovelhas desobedientes, o Salvador é apresentado como uma ovelha obediente, que não resiste à decisão de Deus.
A morte: “Com julgamento opressivo ele foi levado” – relata o aprisionamento com traição e o julgamento manipulado; “E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado.” – trata da execução de Jesus, destacando o fato de não haver deixado descendentes; “Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte” – explica que ele foi morto entre gente maldita por seus pecados e até mesmo a ideia de estar com ricos em sua morte pode ser vista negativamente, isto é, que Ele somente esteve entre os ricos quando já estava morto; “embora não tivesse cometido qualquer violência nem houvesse qualquer mentira em sua boca” – o texto destaca a justiça própria do Salvador, fazendo-o diferente de todos os outros homens cujo coração é violento e a boca é mentirosa.
Ressurreição: ao falar da futura ressurreição dO ‘Servo’, Isaías relembra que essa foi a Vontade do Senhor, esmaga-lo e fazê-lo sofrer como o pagamento da multa pela culpa dos pecadores. Mesmo assim ele veria sua descendência, aqueles que foram feitos sua família, e continuaria vivo depois de haver morrido – “Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias”. Na ressurreição do Salvador está o cumprimento da Vontade do Senhor: “e a vontade do Senhor prosperará em sua mão” – como a profecia começa dizendo que ele agiria com prudência, no sentido de que alcançaria resultados, aqui o alcance desses resultados é dado como alcançado. “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles.” – Esse é o resultado que Deus quis obter através do Salvador, a justificação de muitos.
Glorificação: a quarta profecia termina com a glória, o prêmio, que o Salvador haveria de receber: “Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes” – os adjetivos traduzidos aqui como grandes e fortes significam literalmente abundante e numeroso, por isso, o sentido desse texto deve ser que o Salvador recebeu uma porção abundante, entre um grande número, ou seja, foi distinguido da multidão. A razão de tal galardão é novamente explicitada, de modo que não sobre qualquer dúvida de como a Vontade do Senhor prosperou através dele: “porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”.
A vontade do Senhor prosperará
A clara intenção das quatro profecias de Isaías sobre o servo é apresentar o caráter, a obra e os frutos do Salvador, assim, quando ele viesse, seria facilmente identificado. Mas então, como o próprio profeta percebeu, “Quem creu em nossa mensagem e a quem foi revelado o braço do Senhor?” Is 53:1. Nossa mensagem aqui é a mensagem recebida, já que o profeta fala em nome do povo que é como ovelhas que se desviaram. Paulo cita esse versículo reforçando a ideia da incredulidade na mensagem, mesmo quando há pregadores: “Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?” Rm 10:16. Isso leva a refletir se nós mesmos temos percebido quão maravilhoso é o caráter de Cristo, quão grandiosa é sua obra e quão benéficos são os resultados que ele produziu.
Será que temos conhecido o Salvador? Quem ele é, o que fez e o que produziu em nosso favor, entendemos realmente isso? Ou será que estamos entre os que não perceberam, mesmo tendo visto, que não entenderam, mesmo tendo ouvido? Veja como Deus, o Pai, fala do Salvador: como Seu escolhido que lhe alegra (42:1), como aquele em que terras distantes terão esperança (42:4), o mediador para Israel e a luz para os gentios (42:6), em quem mostrará seu esplendor (49:3). Quanta exatidão! Quanta clareza! E mesmo assim muitos não creram nessa revelação.
Enquanto o Senhor Jesus andou por essa terra, muitos não conseguiam identifica-lo como ‘O Servo’ dessas profecias, como o Messias que haveria de vir. Jesus lhes pareceu pouco atraente, pouco poderoso, pouco engajado com o pensamento corrente, desconectado das pessoas de alto nível. E hoje? Enquanto nos relacionamos com os poderosos desse mundo, ou pelo menos admiramos seu sucesso, Jesus nos parece realmente muito mais importante do que eles? Será que os crentes acham o mesmo temor e a mesma reverência que têm diante do dono da empresa, do reitor da universidade, para oferecer a Jesus. Será que a admiração por Jesus supera aquela que o milionário causa, ou o esportista de alta performance?
É lógico que costumamos por Jesus em uma categoria isolada, mas, se pudéssemos medir da mesma forma, grande parte dos crentes não tem conhecido o suficiente a Jesus para dar a ele a admiração, o louvor, a honra, o amor que outras pessoas têm recebido nesse mundo. Precisamos dar crédito à revelação de Deus, precisamos deixar que ela nos inspire a uma adoração sem precedentes ao Senhor Jesus que, acima de tudo, submeteu-se à vontade do Pai, e apresentou os resultados que Ele pediu.
Jesus, O Servo, é nosso exemplo. O louvor que Ele merece é dado porque Ele fez a vontade do Pai e produziu os resultados que o Pai queria. Sabendo isso, vamos oferecer a Ele um culto pleno.
Adoração: a) adore ao Senhor porque Ele é O Servo, e por isso é o líder; b) adore ao Senhor porque Ele fez a vontade do Pai e isso resultou em grande salvação para nós; c) adore ao Senhor porque ele ressuscitou e está conosco todos os dias, para sempre.
Confissão: a) confesse ao Senhor se o seu respeito e admiração por pessoas e coisas nesse mundo foi maior do que o que ofereceu ao Ele; b) avalie e reconheça se não se apropriou de toda a revelação sobre o Salvador, se não o conhece como deveria; c) confesse se andou como ovelha desgarrada, buscando seus próprios interesses e não a perfeita vontade de Deus.
Gratidão: a) agradeça por Jesus ter substituído você na punição mortal pelos seus pecados; b) agradeça por Jesus ter provido os meios para a cura da lepra do pecado que destruía você; c) agradeça porque em Jesus você recebeu um lugar na família de Deus.
Súplica: a) peça ao Senhor que lhe dê um caráter humilde e obediente como o dEle, para que você cumpra a vontade de Deus; b) Suplique ao Senhor que lhe oriente em fazer o que Deus quer, para que você também O agrade; c) ore para que o resultado de seu esforço seja o fruto que o Pai espera de você.
Dedicação: a) consagre a sua vida a explicar quem é Jesus, a descrever seu caráter, suas obras e seus resultados; b) dedique sua vida a buscar conhecer e obedecer a vontade de Deus; c) engrandeça, eleve e exalte ao Senhor Jesus, O Servo de Deus.
11 de dezembro, quinta feira
Ele verá a luz
“Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca. Com julgamento opressivo ele foi levado. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado. Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido qualquer violência nem houvesse qualquer mentira em sua boca.
Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão. Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles. Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.” Isaías 53:5-12
Você já passou pela situação embaraçosa de conversar com uma pessoa procurando alguém ‘mais importante’, sem saber que aquela era a pessoa que procurava, ou talvez alguém em uma posição ainda mais elevada. Isso não é incomum. Quando eu era adolescente trabalhei em uma agência bancária em que um comerciante muito rico costumava vir ao banco de bicicleta, trazendo muito dinheiro para depositar, sempre em sacos de papel pardo. Nunca foi assaltado porque as pessoas não o reconheciam como uma pessoa rica e nós os funcionários corríamos o risco de não dar a devida atenção ao melhor cliente da agência. O texto que estamos estudando nos faz pensar se Jesus tem recebido a devida atenção.
Foi da vontade do Senhor esmaga-lo
(712 aC) Esse texto é parte da quarta profecia de Isaías sobre ‘O Servo’, que descrevem a vinda de um Salvador, pessoal, sobre-humano e superior à morte. A quarta profecia está em Is 52:13 – 53:12, as outras estão em Is 42:1-7; 49:1-9; 50:4-9. Essas profecias descrevem as características, as funções e os resultados do Salvador. O primeiro versículo, na primeira profecia é marcante e decisivo para compreender esse conjunto especial de escritos sagrados: “Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem tenho prazer. Porei nele o meu Espírito, e ele trará justiça às nações” Is 42:1. Embora de tempos em tempos surjam críticos, quando essas profecias são tomadas em seu sentido literal, é impossível escapar a que se referem ao Salvador Jesus.
No início da quarta profecia, em Is 52:13, Isaías estabelece, da parte de Deus, que o objetivo seria descrever três estágios específicos da história deste ‘Servo’: “Vejam, o meu servo agirá com sabedoria; será engrandecido, elevado e muitíssimo exaltado”. – O Salvador agiria com prudência ou sabedoria, de modo a produzir resultados e portanto seria engrandecido, o que pode tratar da ressurreição, elevado, o que deve ser referir à ascensão, e muitíssimo exaltado o que reflete a glorificação de Cristo.
A profecia se inicia, como vimos, com a voz de Deus que fala até o verso 15. No verso 1 do capítulo 53 ouvimos o profeta falando em nome de seu povo, perguntando quem dentre todos eles creu verdadeiramente no que Deus havia dito sobre ‘O Servo’. A partir do verso 2, então, o profeta apresenta a previsão da biografia do Salvador, permitindo que ouçamos novamente as palavras de Deus ao relatar a glorificação nos dois últimos versículos. Nos versos 2 e 3 ouvimos falar do nascimento frágil, de sua vida simples, do desprezo que sofreu mais tarde.
Nos versos 4 e 5 o profeta descreve o ministério de Jesus, deixando claro os resultados inigualáveis que ele obteve: tomou as nossas enfermidades, levou as nossas doenças, foi traspassado e esmagado em nosso lugar, trouxe paz e cura. O primeiro verso da leitura que fizemos faz parte desse segmento: “Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados”. Os versos seguintes apresentam o sofrimento (6, 7), a morte (8, 9), a ressurreição (10, 11) e a glorificação (12).
O sofrimento: “Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho” – o desvio não aconteceu por causa de ‘O Servo’ ter sido traspassado e esmagado, é uma nova leitura que se inicia aqui, como ovelhas costumam fazer, cada um olhou apenas para o que desejava e seguiu um caminho de desobediência à vontade de Deus; “e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” – o castigo à ovelhas desobedientes, ao invés de cair sobre elas mesmas, o Senhor o fez cair sobre o Salvador. “Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.” – enquanto o profeta compara a si mesmo e ao seu povo como ovelhas desobedientes, o Salvador é apresentado como uma ovelha obediente, que não resiste à decisão de Deus.
A morte: “Com julgamento opressivo ele foi levado” – relata o aprisionamento com traição e o julgamento manipulado; “E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado.” – trata da execução de Jesus, destacando o fato de não haver deixado descendentes; “Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte” – explica que ele foi morto entre gente maldita por seus pecados e até mesmo a ideia de estar com ricos em sua morte pode ser vista negativamente, isto é, que Ele somente esteve entre os ricos quando já estava morto; “embora não tivesse cometido qualquer violência nem houvesse qualquer mentira em sua boca” – o texto destaca a justiça própria do Salvador, fazendo-o diferente de todos os outros homens cujo coração é violento e a boca é mentirosa.
Ressurreição: ao falar da futura ressurreição dO ‘Servo’, Isaías relembra que essa foi a Vontade do Senhor, esmaga-lo e fazê-lo sofrer como o pagamento da multa pela culpa dos pecadores. Mesmo assim ele veria sua descendência, aqueles que foram feitos sua família, e continuaria vivo depois de haver morrido – “Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias”. Na ressurreição do Salvador está o cumprimento da Vontade do Senhor: “e a vontade do Senhor prosperará em sua mão” – como a profecia começa dizendo que ele agiria com prudência, no sentido de que alcançaria resultados, aqui o alcance desses resultados é dado como alcançado. “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles.” – Esse é o resultado que Deus quis obter através do Salvador, a justificação de muitos.
Glorificação: a quarta profecia termina com a glória, o prêmio, que o Salvador haveria de receber: “Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes” – os adjetivos traduzidos aqui como grandes e fortes significam literalmente abundante e numeroso, por isso, o sentido desse texto deve ser que o Salvador recebeu uma porção abundante, entre um grande número, ou seja, foi distinguido da multidão. A razão de tal galardão é novamente explicitada, de modo que não sobre qualquer dúvida de como a Vontade do Senhor prosperou através dele: “porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”.
A vontade do Senhor prosperará
A clara intenção das quatro profecias de Isaías sobre o servo é apresentar o caráter, a obra e os frutos do Salvador, assim, quando ele viesse, seria facilmente identificado. Mas então, como o próprio profeta percebeu, “Quem creu em nossa mensagem e a quem foi revelado o braço do Senhor?” Is 53:1. Nossa mensagem aqui é a mensagem recebida, já que o profeta fala em nome do povo que é como ovelhas que se desviaram. Paulo cita esse versículo reforçando a ideia da incredulidade na mensagem, mesmo quando há pregadores: “Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?” Rm 10:16. Isso leva a refletir se nós mesmos temos percebido quão maravilhoso é o caráter de Cristo, quão grandiosa é sua obra e quão benéficos são os resultados que ele produziu.
Será que temos conhecido o Salvador? Quem ele é, o que fez e o que produziu em nosso favor, entendemos realmente isso? Ou será que estamos entre os que não perceberam, mesmo tendo visto, que não entenderam, mesmo tendo ouvido? Veja como Deus, o Pai, fala do Salvador: como Seu escolhido que lhe alegra (42:1), como aquele em que terras distantes terão esperança (42:4), o mediador para Israel e a luz para os gentios (42:6), em quem mostrará seu esplendor (49:3). Quanta exatidão! Quanta clareza! E mesmo assim muitos não creram nessa revelação.
Enquanto o Senhor Jesus andou por essa terra, muitos não conseguiam identifica-lo como ‘O Servo’ dessas profecias, como o Messias que haveria de vir. Jesus lhes pareceu pouco atraente, pouco poderoso, pouco engajado com o pensamento corrente, desconectado das pessoas de alto nível. E hoje? Enquanto nos relacionamos com os poderosos desse mundo, ou pelo menos admiramos seu sucesso, Jesus nos parece realmente muito mais importante do que eles? Será que os crentes acham o mesmo temor e a mesma reverência que têm diante do dono da empresa, do reitor da universidade, para oferecer a Jesus. Será que a admiração por Jesus supera aquela que o milionário causa, ou o esportista de alta performance?
É lógico que costumamos por Jesus em uma categoria isolada, mas, se pudéssemos medir da mesma forma, grande parte dos crentes não tem conhecido o suficiente a Jesus para dar a ele a admiração, o louvor, a honra, o amor que outras pessoas têm recebido nesse mundo. Precisamos dar crédito à revelação de Deus, precisamos deixar que ela nos inspire a uma adoração sem precedentes ao Senhor Jesus que, acima de tudo, submeteu-se à vontade do Pai, e apresentou os resultados que Ele pediu.
Jesus, O Servo, é nosso exemplo. O louvor que Ele merece é dado porque Ele fez a vontade do Pai e produziu os resultados que o Pai queria. Sabendo isso, vamos oferecer a Ele um culto pleno.
Adoração: a) adore ao Senhor porque Ele é O Servo, e por isso é o líder; b) adore ao Senhor porque Ele fez a vontade do Pai e isso resultou em grande salvação para nós; c) adore ao Senhor porque ele ressuscitou e está conosco todos os dias, para sempre.
Confissão: a) confesse ao Senhor se o seu respeito e admiração por pessoas e coisas nesse mundo foi maior do que o que ofereceu ao Ele; b) avalie e reconheça se não se apropriou de toda a revelação sobre o Salvador, se não o conhece como deveria; c) confesse se andou como ovelha desgarrada, buscando seus próprios interesses e não a perfeita vontade de Deus.
Gratidão: a) agradeça por Jesus ter substituído você na punição mortal pelos seus pecados; b) agradeça por Jesus ter provido os meios para a cura da lepra do pecado que destruía você; c) agradeça porque em Jesus você recebeu um lugar na família de Deus.
Súplica: a) peça ao Senhor que lhe dê um caráter humilde e obediente como o dEle, para que você cumpra a vontade de Deus; b) Suplique ao Senhor que lhe oriente em fazer o que Deus quer, para que você também O agrade; c) ore para que o resultado de seu esforço seja o fruto que o Pai espera de você.
Dedicação: a) consagre a sua vida a explicar quem é Jesus, a descrever seu caráter, suas obras e seus resultados; b) dedique sua vida a buscar conhecer e obedecer a vontade de Deus; c) engrandeça, eleve e exalte ao Senhor Jesus, O Servo de Deus.
Meu servo justo justificará a muitos
Jesus, O Servo, é nosso exemplo. O louvor que Ele merece é dado porque Ele fez a vontade do Pai e produziu os resultados que o Pai queria. Sabendo isso, vamos oferecer a Ele um culto pleno.
J.C.Ryle
1° bispo da Diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool
E 4° capítulo do livro “A Carreira Cristã’
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jeremias 17:9-10
O primeiro desses dois versículos contém uma afirmação muito forte, e que o mundo em geral não está de todo disposto a acreditar. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas”, diz nosso texto. “Eu nego isso”, diz o homem infiel. “Certamente, meu coração é muito negligente e imprudente, mas é um coração honesto apesar de tudo.” “O coração é perverso”, diz nosso texto. “Nada disso”, replica o pecador. “Eu sei que desprezo bastante os meios de graça, e talvez não viva como deveria viver, mas eu estou certo que no fundo tenho um bom coração.” “Quem o conhecerá?” pergunta o texto. “O conhecemos!” nós havemos dito: “por quê, nós não pretendemos ser tão santos quanto vocês querem que sejamos, mas de certo modo nós conhecemos nossos próprios corações, nós sabemos quais são nossas faltas.”
E então, amados, parece haver aqui duas afirmações, e uma delas deve ser falsa. A eterna Bíblia está de um lado, e carne e sangue do outro; Deus diz uma coisa, e o homem diz outra. Agora, eu irei me esforçar para convencer-vos nesta manhã que o que a Escritura registra sobre o coração é estritamente e literalmente verdadeiro e correto; uma imagem fiel, uma figura viva, e não deve ser suavizada e chamada de figurativa e extravagante porque soa rude e simples, e não deixa espaço para que você se gabe. Ó, que o Espírito Santo possa trazer muitos de vocês ao entendimento correto dos seus próprios corações! É quase impossível dizer quão imensamente importante é ter uma visão clara do seu estado natural: “com o coração se crê para a justiça”; “dele procedem as fontes de vida”; “o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (Romanos 10.10; Provérbios 4.23; 1 Samuel 16.7.); em resumo, ao menos que você realmente conheça o caráter do seu próprio coração, você nunca dará valor ao Evangelho como deveria, você nunca amará o Senhor Jesus Cristo em sinceridade, você nunca verá quão absolutamente necessário foi que Ele sofresse a morte sobre a cruz para salvar nossas almas do inferno e apresentar-nos a Deus. Eu quero portanto, primeiramente, provar a você a verdade das palavras “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso”; em segundo lugar, eu direi algumas palavras para lembrar que Deus conhece o que está dentro de você: “Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração”; e, finalmente, eu apresentarei brevemente o único remédio que pode fazer a você qualquer bem, se você quiser ser salvo. É o meu desejo sincero e minha oração que todos vocês venham a Cristo e sejam salvos da ira vindoura; mas isto não acontecerá até que sejam convencidos do pecado, e vocês nunca serão completamente convencidos até que saibam que a raiz e origem e fonte de tudo isto está dentro de vocês, nos vossos próprios corações.
I. Ora, quanto ao engano e maldade naturais de cada homem, mulher, e criança que nasce no mundo, acima de tudo o que diz a Escritura? Como está escrito? O que nós lemos? Ouça o livro de Gênesis: “E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”; “A imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice”. O primeiro livro de Reis: “Não há homem que não peque”. O livro de Salmos: “O SENHOR olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um”. “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, e cometido abominável iniquidade; não há ninguém que faça o bem”. O livro de Jó: “Como seria puro aquele que nasce de mulher?” “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém”. O livro de Provérbios: “Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?” O livro de Eclesiastes: “Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”. “O coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal”. “O coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem”.
O livro de Isaías: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho”. “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia”. As palavras do Senhor Jesus no evangelho de Mateus: “Do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem”. As mesmas palavras de modo mais completo em Marcos: “Do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem”. Ó este puro coração, este bom coração de que as pessoas falam! Esses não são textos que descrevem o caráter do ímpio apenas; eles são escritos para toda a humanidade, para mim e você e o mundo inteiro, e devem ser prova suficiente daquilo que Salomão declara: “O que confia no seu próprio coração é insensato”.
Mas talvez vocês gostariam de saber o que a história da Bíblia nos ensina neste ponto: é possível que vocês possam se gabar que esses são textos simples, e provavelmente não significam algo tão forte como eu fiz parecer. Não se enganem: vocês não encontrarão nada que os animem a pensar bem de vocês mesmos; o caráter do homem natural é em todo lugar descrito nas mesmas cores – é todo negro, muito negro. Talvez vocês algumas vezes pensem que a Bíblia é um livro que contém a história de muitos homens bons, e um registro da bondade de Deus para conosco, e um grande depósito de bons conselhos. Sem dúvida ela contém tudo isso, mas ela também contém algo mais: ela contém a verdadeira descrição do coração do homem, ela remove as frágeis coberturas que orgulho e vaidade lançam sobre nossas disposições naturais, e nos mostra o homem como ele realmente é; ela fornece prova contínua do começo ao fim da maldade inerente de nossos corações, e nos mune com incontáveis exemplos de nossa inclinação em direção ao pecado, ao menos que sejamos refreados e nos voltemos para a graça de Deus.
Ó amados, que vocês desejassem apenas buscar a Escritura para seu próprio proveito neste assunto! Eu não estou pregando minha própria doutrina; eu estou dizendo a vocês essa simples e humilde verdade que o Espírito Santo empenha-se em cada oportunidade possível em conduzir aos nossos corações, nesse bendito volume que foi escrito para nossa exortação.
Você dificilmente pode se voltar para uma única parte da história da Bíblia em que essa doutrina não se sobressaia. Olhe para os homens antes do dilúvio! Quem pensaria, com o Paraíso como testemunha diante de seus olhos (pois até o dilúvio, o Paraíso estava na terra), quem pensaria que eles pudessem virar suas costas para Deus, e se entregarem a todo tipo de luxúrias e pecado? Mas eles fizeram assim, apesar de cada advertência, e Deus foi obrigado a inundar o mundo inteiro, com exceção de oito pessoas. Olhe para os homens depois do dilúvio! Sem dúvida você esperaria que cada um fugisse do pecado como se fosse uma serpente, lembrando da ira de Deus contra a iniquidade; e mesmo assim, pasmem, a primeira coisa com que nos deparamos é a chamada de Abraão e sua família para preservar a memória de Deus sobre a terra; o mundo inteiro havia se tornado tão pecaminoso e idólatra que o Senhor Jeová foi obrigado a interferir, de certo modo, de uma maneira especial, e separou o lar de um homem para que Ele não fosse inteiramente esquecido. E para que você não imagine que as coisas não estavam tão más, e a chamada de Abraão não foi tão necessária, o próximo evento com que nos deparamos é a destruição de Sodoma e Gomorra, por causa de sua maldade abominável. Olhe para a história de Israel, sua família escolhida. Eles desceram ao Egito e habitaram lá, e duzentos anos depois, eles tinham se afastado tanto das coisas espirituais que tinham esquecido o nome do Deus de seus pais. Eles foram trazidos para fora por milagres com uma mão poderosa, e ainda nem haviam entrado pelo deserto quando murmuraram e desejaram retornar ao Egito. Eles foram levados à terra de Canaã, e tinham as melhores e mais puras leis dadas a eles, e ainda assim Josué estava praticamente sepultado quando eles lançaram fora seus ídolos. Vez após vez você lê sobre sua existência no duro cativeiro por seus pecados, vez após vez você lê sobre Deus libertando-os; e após alguns poucos anos parece ter sido tudo esquecido. O Senhor deu-lhes juízes e reis, sacerdotes, profetas, ministros, pregações e avisos; e ainda assim sua história, com umas poucas exceções, é uma história de incredulidade; reincidência, transgressão e crime até o próprio dia quando eles crucificaram o próprio Senhor Jesus Cristo. O que você pode dizer sobre essas coisas? Se já houve uma nação livre da incitação e tentação externa ao pecado, foram os judeus; eles estavam cercados e protegidos por todo lado por regras estritas, que os preveniam de se misturarem com outras nações, e apesar de tudo você vê o que eles foram. Você só pode explicar isso levando em conta a razão da Bíblia: eles têm a raiz de todo mal dentro deles, eles foram homens como nós, e assim como eles tinham corações enganosos e perversos acima de todas as coisas; também como muitos de nós eles não acreditavam, e assim eles caíram.
Mas eu não vou abandonar a Bíblia aqui. Eu digo ainda mais que você dificilmente pode se voltar para uma única família, mesmo dos melhores servos de Deus, em que a corrupção natural de nossos corações não apareça mais ou menos em algum dos ramos. O primogênito na casa de Adão foi Caim, um assassino. A família de Noé, aquele homem justo, continha Cão, o perverso pai de Canaã, a raça maldita. Abraão foi o pai de Midiã, um povo idólatra que enganou Israel no deserto, bem como de Isaque. Isaque foi o pai de Esaú, aquele “profano”, bem como de Jacó. Jacó foi o pai de Rúben que maculou a cama de seu pai, bem como de José. Eli, o sacerdote do Senhor, foi o pai de Hofni e Finéias, que fizeram o povo abominar a oferta de Deus. Davi foi o pai de Absalão e Amnom bem como de Salomão. Ezequias, aquele bom homem, foi o pai de Manassés, o mais perverso dos reis de Judá. Por que eu estou lhes dizendo essas coisas? Eu digo que elas mostram que boa educação e bom exemplo não podem sozinhos tornar bons os filhos dos santos sem a graça de Deus. Para lhes mostrar quão profundamente enraizado está a corrupção de nossas disposições naturais.
Mas eu ainda irei mais adiante. Eu digo que você dificilmente pode se voltar para um único personagem, entre os santos homens descritos na Bíblia, que não tenham, para seu próprio espanto e desalento, caído uma vez ou outra. Noé plantou uma vinha, e foi um dia encontrado bêbado. Davi cometeu adultério com a esposa de Urias. Pedro negou seu Senhor três vezes. O que isso prova? Prova sem sombra de dúvida que os mais excelentes da terra descobriram que a raiz de toda sua pecaminosidade estava dentro deles; eles nunca se vangloriaram da pureza ou bondade de seus corações, todos eles chegaram a registrar a verdade que, embora Satanás faça muito e o mundo faça muito, ainda depois de tudo o grande inimigo está sempre dentro de nós; é um coração enganoso acima de todas as coisas e perverso. Parem, amados, por um instante, e pensem nisso: os homens que foram os amigos de Deus, que viveram mais próximos a Ele, foram aqueles a quem encontramos pesando e lamentando mais amargamente sobre seus corações pecaminosos. Certamente o coração deve ser mais traiçoeiro do que você supôs.
Bem, talvez você diga que tudo isto pode ser mesmo verdadeiro; os homens de quem lemos na Bíblia certamente pecaram bastante; mas as coisas estão diferentes agora que vivemos sobre a luz do Evangelho. As coisas podem estar certamente diferentes em alguns aspectos; mas o coração é exatamente o mesmo. Eu não consigo ver a menor prova de qualquer mudança nele. Desde que cada jornal contém registros de crimes em uma forma ou outra de todos os tipos; desde que cadeias e prisões estão cheias e novas cadeias e prisões estão sendo continuamente construídas; desde que centenas e milhares são cada ano julgados e punidos, e ainda no próximo haverá muito mais cometidos; desde que homens fazem um deus e um ídolo do dinheiro, jurem e oram a Deus para condenação de suas almas, e transgridem o Sábado de cada maneira possível, e mostrem uma total falta de afeição e gentileza nas suas próprias relações, e revoltem-se e exaltem-se na mais insignificante ocasião, e pensem muito levianamente sobre fornicação, e pensem sagaz e claramente em enganar seus vizinhos, e não hesitem em dizer o que não é verdadeiro se isso serve aos seus interesses, e cobicem cada um o dinheiro, a casa, a terra e a propriedade do outro da manhã até a noite, e se embriaguem, como se vangloriassem em arruinar ao mesmo tempo corpo e alma – desde que, eu afirmo, tais coisas continuam na Inglaterra, que professa ser um país Cristão – e você sabe que elas continuam – desde que tais coisas continuam diante de Deus que tudo vê, e da Bíblia que tudo isso condena, e da Igreja que testemunha contra tudo isso; portanto eu declararei que a única razão possível que pode ser dada para tudo isso é a simples descrição do meu texto: “O coração natural de cada homem é enganoso acima de todas as coisas e perverso”. Deve haver alguma causa e origem escondida dentro de nós, ou os homens nunca seriam culpados de tão enorme insensatez.
Mas eu não irei deter-vos com provas desta natureza, que todos vocês devem conhecer. Eu gostaria especialmente de pôr diante vocês umas poucas questões que talvez muitos de vocês não tenham considerado.
Qual, então, é a razão dos homens serem tão ativos e diligentes em seus negócios e tão desatentos sobre suas almas? Eles se entregam inteiramente de coração e alma por seu trabalho, plantação, construção e jardinagem; eles levantam cedo e vão para a cama tarde; eles se agitam; eles levam tudo a sério; eles acham errado não ser diligente e trabalhador; mas quanto a servir a Deus, eles parecem pensar que seu dever é sentar quieto e não fazer nada.
Qual é a razão para os homens terem sempre tantas desculpas em servir a Deus? As mais ridículas, as mais insignificantes parecem satisfazê-los, mesmo sabendo que se dessem tantas desculpas para um mestre terreno, eles seriam imediatamente demitidos de seus empregos.
Qual é a razão para que homens prestem tanto respeito para aqueles acima deles sobre a terra? Seus senhores, seus mestres, o rico e o nobre, são sempre tratados com uma reverência e deferência próprias; mesmo assim o Senhor Deus Todo-poderoso, o Criador e Juiz de todas as coisas, é honrado quando é conveniente, como se fosse um favor assistir Sua casa e ouvir Seus ministros.
Qual é a razão para que os homens deem nomes suaves e amenizem práticas que Deus detesta, e falem de um adúltero como um homem feliz, do bêbado como um homem alegre, animado, de um festejador barulhento como um homem extravagante; enquanto que aquele que está se esforçando em permanecer em Cristo é chamado de louco, e aquele que tem uma consciência sensível às coisas espirituais é chamado de careta, e aquele que anseia por santidade de santarrão?
Qual é a razão para que muitos falem tanto e mostrem tanto conhecimento sobre os assuntos deste mundo, mas são sérios, silenciosos e ignorantes sobre suas almas – conseguem lembrar de cada coisa ruim com que eles tenham se deparado, mas esquecem as boas – conseguem ouvir de outros morrendo, e nunca consideram seu próprio estado – conseguem ver a morte chegando perto de suas portas, e mesmo assim negligenciam fazer preparativos para recebê-la?
Amado, estas coisas são admiráveis, mas elas não são verdadeiras? O homem, tão sábio, tão prudente, tão atencioso sobre a vida como agora é, parece um tolo em matéria do mundo porvir. E porquê? Ele tem dentro dele “um coração enganoso acima de todas as coisas, e perverso”.
E qual é a razão para que homens que professam e chamam a si mesmos cristãos geralmente criticarem as doutrinas que eles ouvem anunciadas, e dizer que elas devem estar erradas, e que elas não podem ser a verdade de Deus, que elas são tão humilhantes, tão rígidas: e mesmo assim não se dão ao trabalho de buscarem nas suas Bíblias, para ver se estas coisas são realmente assim. Qual é a razão para que tantos continuem dizendo que conhecem todas estas coisas, e mesmo assim nunca as fazem? Eles estão prontos em ficarem ofendidos se duvidamos de sua familiaridade com o Evangelho; mas eles param aí, seu conhecimento parece não fazer a mínima diferença em suas vidas.
Qual é a razão para que muitos utilizem as formas exteriores da religião, mas nunca orem em secreto? Eu sei que alguns de vocês não oraram noite passada e nem ainda essa manhã. Qual razão que tantos ouçam o Evangelho pregado semana após semana e nunca o apliquem a si mesmos, e vão embora da igreja tão frios e indiferentes como se tivessem ido assistir instruções dadas aos seus vizinhos, mas não referentes a eles mesmos?
Qual é a razão para que muitos se encorajem com a ideia de que tudo ficará bem no final, e mesmo que eles não possam explicar porquê; e que muitos façam uma grande profissão, e tentem enganar os ministros, como se Deus não visse tudo; e que muitos desejem ter o nome de cristãos espirituais sobre a terra, os quais claramente não estão carregando a Cruz ou mostrando a mente que estava em Cristo Jesus?
Verdadeiramente, amados, há apenas uma razão a ser dada, que é a razão da Bíblia. Comportamento tal qual eu tenho descrito – e vocês sabem que eu mencionei assuntos de acontecimentos cotidianos – tal conduta é tão completamente diferente do modo que os homens agem sobre os cuidados com seus corpos e as coisas deste mundo, que deve haver alguma razão oculta, alguma fonte secreta do mal dentro de nós. Eu afirmo que é impossível detalhar quão diferentemente os homens geralmente vivem dos simples preceitos da Bíblia; é impossível considerar o número e a variedade de formas que a lei de Deus é continuamente quebrada, e não enxergar a mais evidente prova que o coração natural dos homens é de fato enganoso acima de todas as coisas e perverso. Verdadeiramente estas palavras foram acrescentadas, “quem o conhecerá?” Quem pode mesmo entender como os homens podem fechar seus olhos para tal luz, e viver de tal forma como tantos fazem? Jó pensou que conhecia seu coração, mas a aflição veio e ele descobriu que não o conhecia. Davi pensou que conhecia seu coração, mas ele aprendeu pela amarga experiência quão tristemente ele estava enganado. Pedro pensou que conhecia seu coração, e em pouco tempo ele estava se arrependendo em lágrimas. Oh, orem, amados, se amam vossas almas, orem por alguma compreensão da própria corrupção de vocês; os mais santos de Deus nunca perceberam completamente a extrema pecaminosidade do velho homem que estava neles.
II. Eu prometi dizer poucas palavras sobre a segunda parte do meu texto, e não vou deter-lhes muito tempo nele. Nós lemos: “Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Há duas coisas escritas aqui: uma é que, ainda que vocês não conheçam seus próprios corações, o Senhor Deus Todo-poderoso conhece, e mantém uma estreita vigilância sobre eles; a outra é que Ele um dia os chamará à prestação de contas, e os julgará conforme seus caminhos e ações. Vocês não observam aqui o que a mente do Espírito nos aponta? Alguns homens podem dizer: “Deus não será radical em atentar o que está errado, eu terei paz mesmo que eu ande na imaginação do meu coração”; mas o profeta acabou com estes refúgios de mentiras nos avisando da busca e do julgamento logo após ter-nos declarado da falsidade do coração dos homens. Lembre-se, agora, ó homem infiel, que Deus põe seus pecados secretos à luz do Seu rosto (Salmos 90.8); as imaginações mais vis do vosso perverso coração, as obras que você tão cuidadosamente escondeu da vista dos homens, os pensamentos abomináveis que você não suspeitaria dos seus melhores amigos – tudo tem sido visto completamente por Aquele Puro e Único Santo que um dia será o Juiz de vocês. Lembre-se que a ira de Deus se manifesta sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça; que o ímpio será lançado no inferno, e todas as nações, juntamente, que se esquecem de Deus, e não atentam para tão grande salvação (Romanos 1.8; Salmos 9.17; Hebreus 2.3), que o inferno é um Ai eterno: milhões de milhões e milhares de milhares de anos passarão, e o bicho e o fogo serão justamente os mesmos, e este é o lugar para onde você está indo. Você não se agrada em crer no registro que temos dado do seu coração natural; mas olhe para trás na sua vida e conte-nos de um único dia em que você tenha feito tudo que Deus requereu de você e não tenha deixado nada por fazer: você não pode encontrá-lo; e o que você fará quando cada um dos trezentos e sessenta e cinco dias de cada um dos vinte, quarenta, sessenta anos da vida que você possa ter vivido vier à luz, quando milhares de pequenas coisas das quais você agora não se lembra aparecerem todas, e Deus perguntar a você, “O quê tens tu a dizer, porquê estas coisas não te condenariam?” Oh, não se iluda, mas leve em consideração o que Tiago disse que uma simples ofensa fará de você culpado, que Jesus ensina que do ponto de vista de Deus um pensamento ou sentimento é tão mal quanto um ato exterior, que um olhar lascivo é adultério, e que o ódio é assassinato. É melhor ser humilde agora e confessar que você não conhece sua própria vileza, do que elogiar sua vaidade e presunção, e perecer eternamente.
III. Amado, você está se sentindo disposto a dizer, “Se é assim, quem pode ser salvo?” e eu irei me esforçar para lhes dar bem resumidamente a resposta da Bíblia; eu tentarei apontar o caminho. Verdadeiramente qualquer plano de salvação terreno seria impossível, mas com Deus todas as coisas são possíveis, e Deus tem posto diante de nós um caminho pelo qual o mais vil pode chegar aos céus. Você está pensando que eu fui longe demais, que eu falei muito fortemente; mas você não pode dizer que eu tenha ido além da Bíblia, nem mesmo além do Livro de Oração Comum[1], o qual vocês usaram hoje e chamaram a si mesmos de pecadores miseráveis.
Eu afirmo, então, ó miseráveis pecadores, apesar de seus corações serem enganosos acima de todas as coisas, e perversos, apesar de que não haja saúde em vocês, eu digo que Deus lhes ama excessivamente. Ele tem dado Seu unigênito Filho para padecer por seus pecados; e agora todo aquele que nEle crê não perecerá, não será condenado, tem a vida eterna. “Quem pode ser salvo?” Todos, eu respondo, que desistem de suas iniquidades, e se lamentam por elas, e põem sua inteira confiança em Jesus Cristo. E quanto a esses corações enganosos? Arrependa-se e creia, e Deus os lavará no sangue da cruz, e fará como se fossem novos, e os criará de novo em justiça e verdadeira santidade; e os preencherá com o Espírito Santo, e colocará amor onde havia ódio e indiferença, e colocará paz onde havia dúvida e ansiedade, colocará força onde havia fraqueza. Certamente seu pecado é abundante, mas você descobrirá, somente se você tentar, que a graça é ainda mais abundante. Ó vocês miseráveis pecadores, que estão neste instante pensando bem do próprio estado, e não se preocupam sobre suas almas, e estão particularmente ofendidos da imagem que eu tenho desenhado de vossos corações – eu devo dizer nossos corações, pois meu coração é naturalmente tão abominável quanto o de vocês – ó miseráveis pecadores, eu lhes suplico que orem a Deus para que vocês vejam claramente a corrupção da natureza de vocês! Eu falo aos jovens entre vocês, seus corações são perversos, e enquanto vocês adiam o arrependimento e o chamado de Deus, são como crianças brincando com uma navalha – vocês são como um tolo brincando com um tigre. Eu falo àqueles entre vocês que estão avançando na vida, seus corações são perversos, e enquanto vocês hesitam e falam de uma ocasião mais conveniente para vir a Cristo, vocês estão adicionando pedra sobre pedra e tijolo por tijolo numa grande muralha que vocês têm levantado entre si mesmos e o Reino dos Céus.
Seus corações são enganosos acima de todas as coisas, e ao menos que eles sejam mudados, a Bíblia diz que a maioria de vocês irá seguramente perecer. Mas em nome do meu amoroso Mestre eu lhes ofereço um remédio completo; eu lhes proclamo a mais libertadora salvação. Eu imploro que não a rejeitem. Venham para Jesus: Ele não veio salvar o sábio aos seus próprios olhos, mas buscar o que estava perdido. Venham para o Cordeiro de Deus: ele tira os pecados do mundo; e mesmo que seus corações sejam cheios de iniquidade eles serão mudados, “ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.” (Isaías 1.18). Mas notem minhas palavras: Deus tem testificado que a menos que vocês escolham este caminho, o caminho do arrependimento e da fé, vocês não terão salvação, e por mais libertadoras e graciosas que sejam as ofertas que vocês rejeitaram, tão mais duramente vocês serão julgados no último dia. “Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” (Isaías 55.6-7).
ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA EDIFICAÇÃO DE MUITOS E SALVAÇÃO DE PECADORES
FONTE:
Traduzido de http://www.tracts.ukgo.com/ryle_bad_heart.rtf
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público
Tradução: Israel Alves
Revisão: Armando Marcos
Capa: Salvio Bhering
Projeto Ryle – Anunciando a Verdade Evangélica.
Projeto de tradução de sermões, tratados e livros do ministro anglicano John Charles Ryle, mais conhecido como J.C.Ryle (1816-1900) para glória de Deus em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo, para edificação da Igreja e salvação e conversão de incrédulos de seus pecados.
Acesse em: www.projetoryle.com.br
| Você tem permissão de livre uso desse material, e é incentivado a distribuí-lo, desde que sem alteração do conteúdo, em parte ou em todo, em qualquer formato: em blogs e sites, ou distribuidores, pede-se somente que cite o site “Projeto Ryle” como fonte, bem como o link do site www.projetoryle.com.br. Caso você tenha encontrado esse arquivo em sites de downloads de livros, não se preocupe se é legal ou ilegal, nosso material é para livre uso para divulgação de Cristo e do Evangelho, por qualquer meio adquirido, exceto por venda. É vedada a venda desse material |

INTRODUÇÃO
O ministério terreno de Cristo teve por essência o ensino. Todos os seus atos – inclusive os milagres – não fugiram à regra. Onde quer que estivesse, tinha uma meta: ensinar as pessoas. As situações aparentemente mais corriqueiras serviam-lhe de instrumento para expor uma lição aos seus ouvintes. Jesus viveu movido por este propósito e empregou as estratégias certas para cumpri-lo.
Igualmente, a Igreja hoje exerce o ministério pedagógico. Essa é a sua prioridade. O complexo mundo pós-moderno impõe-lhe o dever de multiplicar as suas energias nessa direção e ter como foco, sobretudo, as crianças, pois é nos primeiros anos de vida que ocorre a estruturação psicológica do indivíduo.
Não desconhecemos o avanço da pedagogia, nem lhe tiramos o mérito de introduzir novas formas de pensar a educação para que os objetivos do ensino sejam alcançados. Mas estas são as grandes perguntas de nossa reflexão: os métodos de Jesus continuam válidos para a época atual ou perderam a sua eficácia? Se Cristo vivesse sua humanidade hoje como seria a sua forma de aproximação das pessoas? Se a pedagogia põe ao nosso dispor novas ferramentas para cumprir os objetivos do ensino, em que podemos aprender com os métodos de Jesus?
UM HOMEM AFINADO COM O SEU TEMPO
Para que tenhamos uma visão clara sobre isso, precisamos primeiro descobrir como Jesus se relacionou com a sua época, envolvendo não só a questão religiosa, mas também a cultura e os aspectos sociais. Esta premissa é necessária para que não se tenha a idéia, pela leitura equivocada dos evangelhos, de que o Mestre tenha sido uma pessoa alienada do contexto em que viveu.
Não obstante Cristo ter nascido para cumprir os propósitos de Deus de implantar o Novo Concerto entre os homens, do qual seria o mediador através do próprio sacrifício vicário, sem nenhum vínculo formal com o judaísmo, a sua nacionalidade judaica não foi uma circunstância, mas uma necessidade espiritual, profética e teológica. Deus usou a nação de Israel para ser a depositária de sua revelação à humanidade. Portanto, o Salvador do mundo, enquanto homem, teria de vestir-se de judeu para cumprir os propósitos divinos.
Assim, Cristo foi em tudo uma pessoa afinada com o seu tempo. Ele viveu como judeu, cumpriu os ritos do Antigo Concerto, incorporou em sua prática diária os elementos básicos de sua cultura e fez uso das convenções sociais de então nos seus relacionamentos. É óbvio que confrontou os erros, condenou a hipocrisia religiosa, combateu o formalismo da fé, proclamou as boas novas do novo tempo que Ele próprio representava, mas sempre se utilizou de ferramentas judaicas para isso, inclusive na arte de ensinar ao povo.
Em suma, esta é a expressão que melhor resume como o Mestre se comportou em sua vida humana: um homem contemporâneo.
UM HOMEM QUE CONHECIA AS NECESSIDADES HUMANAS
Outra peculiaridade de Jesus está na importância que dava aos relacionamentos. Ele não deixou de valorizar os momentos a sós com Deus, onde renovava as forças para os embates diários, mas ocupava grande parte de seu tempo em contatos com as multidões e as pessoas em particular. Ele o fazia porque conhecia as necessidades humanas. Esse era o foco de sua atenção. Essa era a prioridade do seu ensino.
Qualquer que fosse a forma de aproximação de alguém necessitado, ou da própria multidão, o Senhor conduzia o processo até chegar ao âmago do problema para então propor os caminhos para a mudança de curso e a restauração pessoal ou comunitária. Mas o ponto de partida nunca se constituía de um discurso vazio e sem levar em conta o que importava: a necessidade do próximo.
Em outras palavras, o ensino não pode ser superficial, nem apenas formal. É preciso considerar o que as pessoas necessitam e ponderar sobre como é possível levá-las a mudar a sua concepção e a pôr em prática os conceitos aprendidos para que façam sentido em sua vida e produzam aperfeiçoamento.
Isso implica em convivência, compartilhamento, aceitação do ser humano, capacidade de avaliar as reações alheias, interesse pelo que as outras pessoas vivem e sentem e disposição para ser mais que um professor: tornar-se um verdadeiro condutor de pessoas, segundo a etimologia do termo grego. Esse foi o sentimento que moveu o coração de Cristo em sua compaixão pelo homem.
UM HOMEM QUE DOMINAVA OS RECURSOS PEDAGÓGICOS
Em vista do que acabamos de expor, Jesus sabia fazer uso dos recursos pedagógicos e os aplicava à luz das especificidades humanas. Ele não era um autômato que seguia a mesma rotina em todos os casos. Mas agia como um conhecedor dos problemas humanos.
Os diálogos do Mestre não se restringiam à mera ocupação do tempo, mas tinham objetivos bastante definidos; suas perguntas retóricas não eram para demonstrar conhecimento, mas instrumentos para chegar a um fim; suas parábolas não o tornavam um simples contador de histórias, mas levavam-no a estabelecer analogias consistentes; os seus simbolismos não ficavam no mundo abstrato, mas eram extraídos da linguagem do povo para que este o compreendesse – em qualquer situação o método era aplicado conforme o propósito.
Quando a circunstância exigia conduzir o processo pedagógico etapa por etapa, esse era o caminho; quando o confronto direto se impunha, esse era o método; quando a demonstração de atitude era mais forte do que as palavras, esse era o comportamento. Mesmo naquelas situações que envolviam logística, o Senhor preocupou-se em criar condições para que seus ouvintes não tivessem nenhuma dificuldade que os impedisse de serem alcançados.
Portanto, quando se olha para a tríplice perspectiva do ministério terreno de Cristo – ensinar, pregar e curar – percebe-se com bastante precisão que Ele não perdia as oportunidades de cumprir os seus propósitos pedagógicos. Qualquer que fosse o contexto, nunca deixava de ser contemporâneo na forma de falar às pessoas em busca do fim desejado.
UM HOMEM CUJOS MÉTODOS PERMANECEM ATUAIS
Após esta reflexão, chegamos então à nossa grande pergunta: permanecem ainda atuais os métodos empregados por Jesus? A resposta é positiva. À medida que a pedagogia avança, novos conceitos são incorporados e outros vão sendo aperfeiçoados. Não se discute, por exemplo, a importância da tecnologia para a educação. Entre o antigo flanelógrafo e um moderno sistema multimídia a distância é muito grande e ninguém, em sã consciência, abre mão do último recurso, se estiver disponível.
Todavia, se nos dermos ao gratificante trabalho de comparar conceitualmente os recursos da pedagogia moderna com os métodos empregados por Cristo, numa época em que as limitações físicas eram enormes e o sistema educacional não dispunha das mesmas facilidades de hoje, temos de convir que o Mestre sempre esteve na vanguarda. Não só o seu ensino continua atual – e jamais deixará de sê-lo – mas os seus métodos se constituem em excelente modelo para a nossa prática pedagógica.
Quando estudamos as várias correntes da pedagogia, descobrimos conflitos entre uma e outra escola. Mas há também nelas verdades que se complementam. Se cotejarmos essas verdades à luz dos métodos de Cristo, veremos por fim que o Senhor, para o nosso exemplo, “ousou” antecipá-las na realização do seu ministério pedagógico.
CONCLUSÃO
A conclusão se dá, portanto, em duas vertentes. Na primeira, somos levados a crer que temos muito a aprender com o modelo pedagógico de Cristo. Sem desconsiderar o que os especialistas de hoje nos apontam como tendências da educação, no seu aspecto positivo, nunca devemos abrir mão de compreender que o Senhor continua sendo o nosso modelo de melhor educador.
Na segunda, temos também de aceitar que se Jesus vivesse fisicamente entre os homens nos dias atuais, não se furtaria em estar na vanguarda da educação com o propósito de levar os seus ouvintes modernos a compreenderem cabalmente o seu ensino. Repita-se: Ele é o nosso exemplo, somos seus imitadores, exerçamos o paidon em toda a sua plenitude.
Post Script:
Resumo de palestra ministrada em diferentes conferências e congressos na área da Educação Cristã.

Em minha última viagem aos Estados Unidos fiquei impressionado com o número de crentes que estão abraçando o antinomianismo. Um pastor amigo compartilhou que em sua igreja dois pastores abandoram a denominação por se considerarem antinomianos. Para piorar a situação, sei de inúmeros casos no Brasil onde pastores e líderes de segmentos denominacionais diferentes rejeitam o cumprimento da lei moral de Deus.
Um antinomianista significa literalmente alguém que se posiciona contra a lei. Na verdade, ele é um “antilei”. Ele nega ou diminui a importância da lei de Deus na vida do crente.
Os antinomianistas acreditam que em virtude da graça adquirida em Cristo o crente está desobrigado a obedecer às leis morais de Deus simplesmente porque Jesus os libertou da lei. Para estes a graça não só liberta da maldição da lei de Deus, mas também nos liberta da obrigação de obedecê-la.
Caro leitor, o antinomianismo é antibíblico pela razão de que o Senhor deseja com que obedeçamos a lei moral de Deus. O apóstolo João em sua primeira carta nos adverte a guardar os mandamentos do Senhor. (I João 5:03), isso sem falar é claro nos inúmeros textos que nos incentivam a viver a vida de forma santa. Ora, o antinomianismo é contrário a tudo o que a Bíblia ensina. Deus espera que vivamos uma vida de moralidade, amor e integridade. Além disso as Escrituras nos ensinam devemos lutar para vencer o pecado e viver uma vida de santidade. João nos admoesta a guardarmos os mandamentos do Senhor: “Ora, aquele que diz: eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade; mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.”
Para terminar cito o notável teólogo R.C, Sproul que ensinou:
“O Antigo Testamento é um testemunho monumental da maravilhosa graça de Deus em favor de seu povo. Semelhantemente, o Novo Testamento está literalmente cheio de mandamentos. Não somos salvos pela lei, mas demonstramos nosso amor a Cristo obedecendo a seus mandamentos.” Jo 14.15.
Pense nisso!
Renato Vargens

Plantação de igrejas parece estar na moda em nossos dias. Mas eu diria que revitalizar igrejas existentes é, no mínimo, tão importante para a causa do reino. De fato, revitalizar uma igreja não saudável é como ter “dois pelo preço de um”. Você não apenas estabelece uma base de operações reformada e vibrante para o evangelho, mas também elimina o fraco testemunho que havia antes. Igrejas doentes são, como afirma Mark Dever, “forças anti-missionárias terrivelmente eficazes”. Elas anunciam à comunidade: “É assim que um cristão é! É assim que um cristão é!”. Tal propaganda enganosa difama o evangelho e, de fato, impede o evangelismo nas proximidades daquela região. Mas, quando uma igreja é transformada, o evangelho cresce e avança à medida que a comunidade é confrontada com um genuíno testemunho corporativo de Cristo.
Eu testemunhei duas reviravoltas em igrejas, uma em Louisville, Kentucky, EUA, e outra em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em ambos os casos, as igrejas foram completamente transformadas, da pregação à adoração corporativa, à cultura da igreja, ao impacto evangelístico nos bairros vizinhos. Em ambas as reviravoltas, embora não possa reivindicar o crédito por nenhuma delas, eu desfrutei de um lugar na primeira fila para observar a reforma radical de uma igreja.
O que tornou aquelas reformas de igreja possíveis?
Pregação
A força motriz por trás de qualquer reforma verdadeira será a Palavra de Deus. Ao operar no meio de uma congregação, a Palavra prepara e amacia o solo árido e produz mudança espiritual. Em Dubai, havia membros fiéis que labutavam há anos, mas sem grande resultado; eles não estavam sendo apoiados de modo consistente pelos sermões dominicais. Eles tentavam corajosamente fortalecer a comunidade, mas algo estava faltando. Porém, quando a pregação se tornou consistemente expositiva e centrada no evangelho, foi como se alguém jogasse um palito de fósforo aceso na gasolina. O ministério se multiplicou. Quando a igreja começou a passar pela reviravolta, um membro de longa data comparou a pregação a um fogo de artilharia semanal. O persistente lançar da Palavra amenizou a oposição e abriu caminhos para que mais ministérios frutíferos surgissem no meio do corpo.
O púlpito deve conduzir o esforço de reforma de uma igreja e isso significa pregar expositivamente, com ênfase no evangelho e aplicações pertinentes à vida da igreja, especialmente naquelas áreas que precisam de reforma. Se o púlpito não estiver firme por trás do esforço, os reformadores provavelmente estão perdendo tempo. É melhor mudar para um lugar onde a Palavra já esteja sendo devidamente pregada e descobrir como aquele ministério pode ser apoiado.
Veja o restante do desenvolvimento e a conclusão desse artigo:
Por: John Folmar. © 2011 9Marks. Original: What Makes a Church Reform Possible?.
Este artigo faz parte do 9Marks Journal.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel. © 2014 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: O que Torna a Reforma de Uma Igreja Possível?.
John Folmar, casado com Keri, é pai de Ruth, Chloe e Andrew. Mudou-se para Dubai em 2005 para servir na UCCD como Pastor efetivo. Depois de formar-se no Southern Baptist Theological Seminary, John atuou na equipe de Capitol Hill Baptist Church, em Washington DC, por vários anos antes de ser chamado para servir na UCCD.

Por Alessandro Miranda Brito
Quando Jesus nos salva ele nos torna justo, o que nos dá o direito de viver com Ele eternamente no céu. Porém, mesmo perdoados, não vamos direto para lá, pois somos salvos do mundo para voltarmos ao mundo como missionários. São os salvos os portadores da notícia de que Cristo morreu na cruz para resgatar da perdição eterna os que aqui vivem sem esperança.
Charles Spurgeon dizia que: “Todo cristão ou é um missionário ou é um impostor”. Ou seja, um missionário não é apenas aquela pessoa que deixa a sua terra natal para pregar o evangelho em terras mais distantes. Pelo contrário, todo cristão é um missionário justamente onde está. O estudante é missionário na sala de aula, o comerciante em sua empresa, o médico no hospital e a faxineira no local onde trabalha.
Isso por outro lado levanta algumas questões: todo missionário é um plantador de igrejas? Como saber se você é um missionário com uma vocação específica para plantar igrejas?[1] Para respondermos essas perguntas precisamos entender o método utilizado por Jesus ao recrutar os seus discípulos fazendo o uso do texto de Mateus 4.18-22.
“E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos – Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.” (Mateus 4.18)
Jesus ao ser batizado estava na Judeia, região sul de Israel, onde habitavam os nobres, os principais mestres da lei, o sinédrio, a cidade de Jerusalém e as melhores “universidades” da época.[1] Esse parecia ser o melhor local para se recrutar uma pessoa, certo? Não para Jesus, pois voltou para a Galiléia a fim de encontrar os seus primeiros discípulos.
Dos doze discípulos, escolhidos por Jesus, apenas Judas Iscariotes era da Judeia.[2] A grande maioria dos convocados eram do norte, da região da Galiléia, onde se concentravam os iletrados, menos privilegiados e marginalizados.[3] Ou seja, aqueles desprezados pela sociedade e jamais escolhidos. Qual era o critério de escolha de Jesus?
Primeiro, Jesus é quem escolhe o plantador. O texto diz que Jesus andando pela praia viu Pedro e André que estavam pescando e viu também Tiago e João que estavam consertando as redes. Ou seja, não foram eles que viram Jesus, e sim Jesus quem os viu, pois estavam focados em suas atividades rotineiras.
Jesus é aquele quem vem ao nosso encontro já temos uma venda, chamada pecado, em nossos olhos. Somos como cegos espirituais, tão focados no pecado, que para ser mal não precisamos nem da influência de Satanás, pelo contrário, temos uma propensão natural para a maldade.[4]
Somos eleitos e esta eleição foi realizada por Deus antes mesmo do nosso nascimento e não por nós mesmos. Chales Spurgeon dizia que: “Ainda bem que Deus me escolheu antes do meu nascimento porque certamente Ele não teria me escolhido depois”.[5]
O segundo motivo é que Jesus não escolhe os melhores. Vivemos em um mundo onde os processos de seleção para uma vaga são rígidos a fim de aumentar a probabilidade de se encontrar o melhor dos melhores. Aqueles que realmente merecem. Jesus, por outro lado, agiu de forma totalmente contrária, escolhendo justamente quem não merecia.
Conheço pessoas que fazem questão de aparecer para serem vistas como as melhores escolhas de Deus. Outros que fazem de tudo para serem escolhidos por Cristo, não por terem abandonado o pecado, mas a fim de tirar algum proveito da igreja. E, em alguns casos, aqueles que se acham autossuficientes ao ponto de acharem que Deus precisa deles.
O plantador escolhido por Cristo sabe que só foi recrutado por conta da misericórdia de Deus e não pelas suas habilidades e talentos. Planta não como se estivesse fazendo um favor a Deus, mas em agradecimento por ter tido os seus pecados perdoados mesmo sem merecer. Vale a pena relembrar a famosa frase que diz:“Deus não escolhe os capacitados. Capacita os escolhidos.”
“Disse-lhes: Vinde após mim…E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.”(Mateus 4.19a; 21)
Jesus além de escolher os discípulos vai até ao encontro de cada um e faz uma convocação. Ele é quem toma a iniciativa de chamar e neste caso, os chamou para segui-lo, mesmo sabendo que estes pescadores estavam ocupados com os seus afazeres.
Mas como saber se fui chamado? Para uns será através de uma convicção interna que não lhes permitirá investir suas vidas em qualquer outra coisa que não seja a plantação de igrejas. Muitos plantadores possuem a certeza de seus chamados justamente por terem abdicado de uma carreira de sucesso ou de um melhor salário que lhes garantia uma vida instável. Ou ainda por que sabem que ninguém em sã consciência escolheria enfrentar as dificuldades que envolvem uma plantação se não possuíssem essa convicção interna.
Além desta convicção interna você precisa realizar uma avaliação pessoal e honesta se perguntando: as pessoas ao meu redor já viram em mim o que Jesus um dia viu? Muitos confirmarão o que Deus já colocou em seu coração. As vezes a igreja terá essa percepção de chamado na sua vida antes mesmo que você tenha uma convicção interna.
Por outro lado, se você é a única pessoa que tem essa convicção de chamado para plantar igrejas é melhor esperar um pouco ou seguir o conselho de Darrin Patrick: “…se você não tem um sentimento de chamado para o ministério, então, por favor, encontre outra vocação!”[6]
Existem vários líderes que nunca foram vistos por Jesus, quem dirá escolhidos. Plantadores que se chamam a si próprios em busca de um emprego já que falharam em uma dezena de outras atividades. Talvez isto explique o motivo pelo o qual temos tantas igrejas em declínio. A consequência disso é que muitos acabam abandonando o ministério por não terem a certeza de que foram realmente chamados. Não entramos no ministério por não termos mais nada para fazer na vida ou por buscar uma profissão, na verdade quando somos escolhidos o oposto acontece.
“e eu vos farei pescadores de homens.” (Mateus 4.19b)
Os pescadores desta passagem tinham um conhecimento extenso sobre pesca. Sabiam quais eram os melhores horários, melhores partes do lago e formas para se obter uma boa pesca, porém, precisavam aprender novas lições, pois nada entendiam da pesca de almas. Sabendo disso Jesus diz que faria deles pescadores de homens, ou seja, ele os ensinaria.
Ser um especialista, um mestre ou mesmo um doutor em um determinado assunto não faz de nós plantadores de igrejas. Para pescar almas precisamos aprender como pescá-las. Ou seja, para plantar igrejas precisamos aprender como espalhar a semente. Jesus nos deixou o evangelho justamente para nos ensinar.
Só ter o chamado não é tudo, pois o plantador deve ser qualificado. Darrin Patrick, em seu livro O Plantador, diz que: “Ninguém embarcaria num avião se soubesse que o ‘piloto’ adora aviões, mas não tem um brevê”.[7] Mas como conhecer a Cristo?
Primeiro, através do estudo diário da Palavra de Deus em nossos lares. Todos nós crentes em Jesus Cristo sabemos da necessidade de conhecermos melhor a palavra de Deus e isso deve ser algo constante. Segundo, através do estudo realizado na igreja, ou seja, por meio de discipulado conduzido por mestres mais experientes do que nós. Terceiro, através de um curso específico.
Já ouvi por diversas vezes líderes, de algumas denominações, dizerem que não é necessário realizar um curso em um seminário, por exemplo, para ser um plantador de igrejas. Concordo em partes com tais líderes, já que Charles Spurgeon nunca frequentou aulas em um seminário. Mas devemos destacar que Spurgeon era um verdadeiro autodidata que conhecia muito bem a Bíblia. Aos seis anos de idade, por exemplo, já tinha lido o livro de John Bunyan, O Peregrino. Antes dos seus 20 anos de idade, já havia pregado mais de 600 sermões. Lia quase um livro por dia e fundou um seminário onde lecionava. Se você for um plantador como Spurgeon, realmente não precisa realizar um curso teológico. Porém, se esse não for o seu caso, procure uma instituição séria e se matricule o mais rápido possível.
Enquanto Jesus estava escolhendo, chamando e ensinando os seus discípulos um homem chamado Natanael perguntou: “E será que pode sair alguma coisa boa de Nazaré?” (João 1.46). Esse preconceito ainda paira na mente de muitos que duvidam dos métodos estabelecidos por Cristo para formar sua liderança. Mas quem é o plantador de igrejas de acordo com a Bíblia? Como observamos, Jesus bem diferente do mundo, não procura os melhores, mais capacitados e mais ágeis. Pelo contrário, escolhe pessoas simples acostumadas com as crises da vida. Além disso não chama pessoas perfeitas, como fazem os profissionais de RH, mas sim os pecadores. É justamente esses homens que Jesus quer ensinar hoje.
Notas
[1] “Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.” (Hebreus 5:4)
[2] Paulo estudou na capital do farisaísmo, isto é, em Jerusalém onde frequentou a escola de Gamaliel: “Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas fui educado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, em todo o rigor da Lei dos nossos pais e cheio de zelo pelas coisas de Deus, como todos vós sois agora”. (Act 22,3)
[3] Iscariotes, significa “homem de Keriote”.
[4] O preconceito era tão grande que enquanto Jesus montava seu time, um habitante da Galileia perguntou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1.46).
[5] Isaías 64:6-7, Romanos 1:29-31, 3:10-18
[6] I Pedro 1:2
[7] PATRICK, Darrin. O plantador de igrejas: O homem a mensagem, a missão. São Paulo, SP: Editora Vida Nova. 2013, p.39
[8] Ibid, p.5

Diante dos ditames do pragmatismo, uma infinidade de igrejas cresceram, e ainda crescem, mas o que esse crescimento quer dizer? Para o Movimento de Crescimento Saudável da Igreja, MCSI, nem todo crescimento é algo positivo e em alguns casos não passa de um “inchaço”?. Assim o problema enfrentado pelas igrejas em declínio não está simplesmente relacionado a falta de crescimento numérico, mas ligado a falta de integridade doutrinária em que muitas igrejas se encontram hoje. Uma igreja enferma espiritualmente, pode até crescer por um tempo, entretanto, consequentemente declina e fatalmente morre quando se torna sincrética ou liberal. Em ambos os casos a Escritura ou sofre subtrações ou adições que alteram a verdade.
Apesar dos esforços do Movimento de Crescimento de Igrejas a sua influencia começou a diminuir por conta de uma infinidade de críticas que surgiram contra o movimento, principalmente em relação a ênfase no crescimento numérico ao invés de um crescimento “espiritual”.[1]
HISTÓRIA DO MOVIMENTO E SEUS PRINCÍPIOS
Em meados dos anos 90, vários líderes que haviam sido, de certa forma, influenciados por Donald McGavran, insatisfeitos com os resultados do pragmatismo do MCI, apresentaram um nova explicação para a morte da igreja e defenderam uma forma de se evitar a estagnação, declínio e morte da igreja. Para este grupo, igrejas que não são saudáveis morrem, assim o problema para estes não está do lado de fora, mas sim do lado de dentro da igreja. Todo o evangelismo e esforço para alcançar os que estavam do lado de fora da igreja resultaria em um acréscimo numérico, mas enfermo. [2]
Uma Igreja com Propósito
Em 1995, por exemplo, Rick Warren, um seguidor dos princípios de McGavran[3], publicou o conhecido livro, The Purpose Driven Church, dizendo que:
O problema de muitas igrejas é que começam com a pergunta errada. Eles perguntam: O que fará a nossa igreja crescer? É um mau começo. A certa é: O que está impedindo o crescimento de nossa igreja? Quais barreiras estão bloqueando as ondas que Deus está colocando em nosso caminho? Quais obstáculos e empecilhos que não permitem que o crescimento aconteça?… Todas as coisas vivas crescem, não sendo necessário um trabalho especial para fazer com que isso ocorra. É um processo natural em seres vivos saudáveis. Não preciso mandar meus três filhos crescerem, por exemplo. Eles crescem naturalmente. Desde que eu tire certos obstáculos, como má alimentação ou ambientes inadequados, o crescimento deles será automático…. O crescimento de uma igreja é o resultado natural de sua saúde. Uma igreja somente pode ser sadia quando sua mensagem é bíblica e sua missão equilibrada. [4]
McIntosh diz que alguns dos percussores do MCSI, diferente de Rick Warren, a fim de não se assemelharem ao MCI, realizaram críticas mais severas, porém ainda assim seguiam vários de seus princípios:
Como o movimento de crescimento da igreja entrou no vigésimo primeiro século, os princípios de crescimento da igreja de McGavran tinha sido enxertado no pensamento da maioria das igrejas e denominações protestante norte-americana. Princípios de crescimento da igreja são valorizados, respeitados e amplamente ensinada em teologia pastoral e cursos de missiologia. Infelizmente, a confusão continua a surgir sobre o Crescimento da Igreja, como ilustrado em um livro, best-seller, de 1997, Fresh Wind, Fresh Fire, por Jim Cymbala. Cymbala faz crítica em seu livro sobre Crescimento da Igreja, mas os leitores vão descobrir que ele está realmente seguindo muitos princípios do Crescimento da Igreja, como a oração, espiritualidade apaixonada, compromisso com a autoridade das Escrituras, e relevância cultural, em sua igreja, mesmo não reconhecendo-os como princípios de crescimento da igreja.[5]
Desenvolvimento Natural da Igreja
Surgiu na Alemanha, Christian Schawrz, talvez um dos maiores críticos do MCI que em 1996 publicou uma obra em uma clara oposição ao pragmatismo. Para Schawrz os princípios de crescimento deviam seguir as leis de Deus na natureza e não modelos mecânicos e sem “espiritualidade” do MCI:
Princípios são valores universais que estão presentes em toda a Igreja de Cristo, independente da localização geográfica, ou qualquer outro fator, enquanto que modelo, e um molde arbitrário de valores convencionados e não divinos, que se deva seguir, é uma imitação dos procedimentos, quando princípios, se baseiam nos valores.[6]
Sua pesquisa foi bastante extensa e exaustiva a fim de não repetir o erro cíclico de se analisar apenas um local, extrair um modelo e querer inserir uma realidade local em outro. Segundo Schwarz os seus dez anos de pesquisas em mais de 1.000 igrejas espalhadas em 32 países funcionavam realmente, ao contrário do Movimento de Crescimento da Igreja, pois a igreja cresce naturalmente quando implantada sob condições e qualidades necessárias.[7] Ele deixa isso claro ao dizer:
Muitos cristãos que têm um desejo profundo por crescimento, cujos corações estão ardendo pelos perdidos e que estão dispostos a avaliar criticamente a sua própria forma de trabalho, nunca se identificam com o movimento do crescimento de igreja. Eles têm a impressão de que nesse movimento sempre são apresentadas receitas simples que, na prática, não funcionam.[8]
Nove Marcas de uma Igreja Saudável
Uma outra oposição ao MCI foi realizado por Mark Dever e Matt Schmucker da Capitol Hill Baptist Church, em Washington, DC. Ambos tinham estado em uma congregação em declínio durante várias décadas, quando Dever e Schmucker começaram a “reformá-la” (termo utilizado por eles) no início de 1990 eles não seguiram a convencional literatura do MCI, mas focaram na edificação bíblica da igreja.[9] Dever posteriormente escreveu um livro intitulado, 9 Marcas de uma Igreja Saudável, onde destaca nove características chaves de uma igreja saudável.[10]
Este livro representou um contraste em relação aos livros que surgiram na década de 90 sobre o tema da saúde da igreja, com destaque para o livro, Uma Igreja com Propósitos. Mesmo o livro de Warren afirmando ter como tema a saúde da igrejas, acabou tendo como foco o crescimento. No livro 9 Marcas, Mark Denver foi capaz de separar a saúde do crescimento, e os princípios dos modelos. O foco foi sobre como “ser” igreja ao invés de se “fazer” igreja, tendo uma preocupação com a santidade da igreja acima dos números ou relevância cultural. Nesta obra, Denver revela uma sua profunda preocupação com a enfermidade vivida pelas igrejas e propõe nove princípios, ou como o autor chama, marcas: “…abordar algumas marcas que distinguem as igrejas saudáveis de igrejas verdadeiras, porém enfermas…”.[11]
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
De acordo com McIntosh, mesmo Schawarz sendo uma clara oposição ao movimento de Crescimento da Igreja muitos de seus princípios já eram estudados e disseminados por todo mundo muito antes das pesquisas desenvolvidas pelo Desenvolvimento Natural da Igreja. Ele diz o seguinte:
Outro caso interessante é o uso recente do termo igreja saudável, em vez de crescimento da igreja. Pessoas em alguns círculos têm ido em direção a aceitação da nova terminologia e o novo paradigma da saúde da igreja. O mais popular livro do movimento igreja saudável é o livro Desenvolvimento Natural da Igreja por Christian Schwartz. A posição do autor em seu livro é uma rejeição ao Crescimento da Igreja, mas depois vai apresentando as conclusões a partir do que é relatado ser o maior estudo das igrejas já concluídos. Para leitores conhecedores ??da literatura do Crescimento da Igreja, as oito qualidades essenciais de Schwartz da igreja saudável são simplesmente afirmações dos resultados dos estudos anteriores do Crescimento da Igreja apresentados no anos 70 e 80. Um crítico escreveu: ‘Na minha opinião, se os líderes da igreja abraçarem o Desenvolvimento Natural da Igreja, adotarão o coração de Donald McGavran sobre o pensamento sobre o crescimento da igreja.’ Curiosamente, a maioria dos pastores e líderes denominacionais que adotaram Desenvolvimento Natural da Igreja acham que têm rejeitado o pensamento do Crescimento da Igreja e adotado pensamento da igreja saudável. Princípios de crescimento da igreja tornaram-se tão profundamente arraigados que os líderes não percebem que eles estão realmente usando ideias de crescimento da igreja! [12]
O MCSI, foi de suma importância para evitar a morte da igreja local durante os últimos 40 anos. Várias obras surgiram sob a influencia destes movimentos. A Revitalização de Igrejas é um bom exemplo dos benefícios que surgiram, a partir da influencia do MCSI, pois restaurar a saúde espiritual da igreja é o foco principal da revitalização, diz um de seus principais líderes, Harry Reeder, em seu livro, From Embers to a Flame:
O que acontece quando uma igreja não progride mais, está estagnada, morrendo ou declinando? Ou, que problemas você deve evitar para impedir que a igreja caia em ineficácia e desapontamento? É claro que uma queda na frequência aos cultos e na arrecadação geralmente é sinal de enfermidade. Porem, há outros sinais, menos óbvios, que observei em igrejas que precisam de um ministério de revitalização…O conceito de ‘recuperação’ é usado na área da medicina, o que o torna apropriado à revitalização de igrejas, pois nosso objetivo deve ser uma igreja saudável… O objetivo não deve ser o crescimento da igreja, mas a saúde da igreja, pois o crescimento deve proceder da saúde.[13]
Livros publicados no Brasil sobre revitalização de igrejas expressam a mesma opinião: “A igreja é um organismo vivo. Ela cresce naturalmente. Se não cresce é porque está doente e, se está doente, precisa ser revitalizada. Uma igreja pode adoecer e até morrer”, disse Hernandes Dias Lopes.[14] Existe até mesmo um curso de Pós-Graduação em revitalização de igrejas no Brasil oferecido pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. O curso visa especializar pessoas com vistas à condução do processo de revitalizar igrejas estagnadas ou em declínio.[15]
O que não pode deixar de ser pontuado é que este movimento, mesmo com uma série de resultados positivos, não foi capazes de atingir 100 por cento de seus objetivos iniciais, pois continuamos a ver igrejas em declínio. Aubrey Malphurs publicou um livro em 1994, Vision America, dizendo o seguinte: “O problema da igreja na década de 1980 transitou para a década de 1990. A igreja como um todo continua a experimentar declínio e o aumento de pessoas sem igreja.”[16]
Dottie Escobedo-Frank analisa a revitalização da seguinte forma:
Algumas igrejas ainda estão vivas, mas declinando rapidamente. Algumas estão próximas da morte, agarradas naquilo que foi a esperança de um futuro. Como resultado de uma óbvia experiência de morte da congregação, estruturas denominacionais estão buscando caminhos para “revitalizar” igrejas. Revitalização significa pegar algo que existe e torná-lo vivo novamente. Tende a usar a liderança corrente, compreensões correntes do que significa ser uma igreja, localização corrente e estilos de adoração correntes. Revitalização faz a suposição de que o que é já foi vital antes e, pode ser vital outra vez, se fizermos o mesmo, só que melhor. Então, igrejas aumentam programas, dólares gastos e fórmulas adotadas, a fim de trazer a re, em revitalização. O prefixo re, significa “de volta ao lugar de origem.” Revitalização implica voltar no tempo para recuperar um período em que o papel da Igreja na sociedade era vital. A busca de revitalização da igreja normalmente não faz muito mais do que o mesmo, mas de uma forma mais empolgada.[17]
As setes igrejas da Ásia, mencionadas no capítulo 2 e 3 do livro de Apocalipse, receberam consultoria do maior especialista sobre a saúde da igreja. Jesus Cristo mostrou claramente que existia enfermidades sérias dentro das igrejas. Entre as sete igrejas, podemos destacar a igreja de Laodiceia, uma igreja ortodoxa, ou seja, com a doutrina equilibrada, mas que mesmo assim recebeu a maior censura por parte de Jesus. Uma igreja ética e sem problemas morais, mas que ainda assim não resistiu ao tempo, pois todas as sete igrejas morreram e o que resta hoje são ruínas que relembram um passado de glória. A antiga Ásia Menor, hoje a região da Turquia possui pouco mais de 1% da população composta por cristãos.
Concluímos este capítulo dizendo que a busca por um crescimento saudável é absolutamente necessário, assim como a revitalização de igrejas também é fundamental. Porém observamos, hoje, segundo os últimos relatórios estatísticos, que mesmo com todo o trabalho de se implantar um processo de edificação saudável, ou um processo de revitalização de igrejas saudáveis, ainda não se evitou o declínio ou morte de várias igrejas. E quanto às sete igrejas da Ásia, será que se negaram a realizar as mudanças propostas por Jesus? Qual seria o problema e consequentemente a solução para o declínio e morte da igreja então?
Confira outros capítulos
Notas
[1] WILBERT, S. R. Write the Vision. Valley Forge: Trinity Press International, 1995, p.43
[2]Karl Barth anos antes do surgimento do movimento dizia: “Um crescimento que é meramente abstratamente extenso não é o crescimento [da comunidade] como a communio sanctorum. Assim, ele nunca pode ser saudável se a Igreja pretende crescer apenas ou predominantemente neste sentido horizontal, com vista a um maior número de adeptos”. Ver em: BARTH, Karl. Church Dogmatics. Edinburgh: T. & T. Clark, 1957
[3]WARREN, Rick. The Purpose Driven Church: Growth Without Compromising Your Message & Mission, Michigan: Zondervan, 2004 p.29
[4]WARREN, Rick. The Purpose Driven Church: Growth Without Compromising Your Message & Mission, Michigan: Zondervan, 1995, p.49
[5] McINTOSH, G. L. Evaluating the Church Growth Movement: 5 Views.Michigan: Zondervan, 2004 p.22
[6]SHWARZ, Cristian A. O Desenvolvimento Natural da Igreja. Curitiba: Editora Evangélica Brasileira 1996, p.15-17
[7] O desenvolvimento natural da igreja de Shwarz baseou-se em princípios universais onde oito marcas foram destacadas. Marca número 1. Liderança capacitadora; 2. Ministérios orientados pelos dons; 3. Espiritualidade contagiante; 4. Estruturas funcionais; 5. Culto Inspirador; 6. Grupos familiares; 7. Evangelização orientada para as necessidades; 8: Relacionamentos marcados pelo amor fraternal. A pesquisa mostrou que existe uma correspondência altíssima entre a capacidade de amar de uma igreja e o seu potencial de crescimento. Isso implica em tempo de relacionamento fora das programações da igreja. Ver em: SHWARZ, Cristian A. O Desenvolvimento Natural da Igreja. Curitiba: Editora Evangélica Brasileira 1996
[8]Ibid, p.6
[9] Disponível em: http://www.9marks.org/about/who-9marks/. Acesso em: 07 jan. 2014. 10:30:00
[10] As marcas de uma Igreja Saudável segundo Denver são: 1. Pregação expositiva; 2. Teologia bíblica; 3. Compreensão bíblica do Evangelho; 4. Compreensão bíblica da conversão; 5. Compreensão bíblica da evangelização; 6. Compreensão bíblica da membrazia; 7. Disciplina bíblica da igreja; 8. Promoção do discipulado; e 9. Uma compreensão bíblica da liderança da igreja. Ver em: DEVER, Mark & PLATT, David. Nine Marks of a Healthy Church Crossway, 1997
[11] Ibid, P.24
[12] Ibid, p. 22
[13] REEDER III, Harry L.: A Revitalização da sua Igreja segundo Deus. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2011, p.12, 38
[14] LOPES, H. D. & CASIMIRO D. A., Revitalizando a igreja: Na busca por uma igreja viva, santa e operosa. São Paulo: Hagnos, 2012, p. 11
[15] Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/swf/index.html#. Acesso em: 07 jan. 2014. 10:30:00
[16] AUBREY Malphurs. Vision America: A Strategy for Reaching a Nation. Grand Rapids: Baker Books, 1994, p. 62
[17] ESCOBEDO-FRANK, Dottie. Restart Your Church. Nashville: Abigdon Press, 2012, p.6

Por que igrejas morrem? No livro Autoridade e Poder, destaquei várias comunidades cristãs que foram vítimas do exercício despótico do poder, durante a história, todavia a perseguição parece não ser a única causa da morte de algumas igrejas.[1] No Congresso Internacional para Evangelização Mundial realizado em 1974 em Lausanne, Suíça, a perseguição não foi, nem ao mesmo vista, como a causa principal da morte da igreja local, mas uma tempestade permitida por Deus para disseminar a semente da Palavra e espalhar os semeadores e ceifeiros por muitos campos.
Muitos estudiosos defenderam neste congresso que o problema do declínio da igreja, hoje, era algo que ia além das perseguições sofridas pelas igrejas locais,[2] pois existe uma maior tolerância e liberdade religiosa na maioria dos países, principalmente aqueles que assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos na Assembleia Geral da ONU em 1948. Como, tentam, alguns movimentos evitar essa morte em tempo de paz? Como explicar a morte da Igreja Local?
HISTÓRIA DO MOVIMENTO E SEUS PRINCÍPIOS
Estudiosos liderados por Donald McGavran[3], apresentaram[4] outros fatores para explicar os reais motivos da morte da igreja local. Uma pergunta levantada por eles, conhecidos hoje como parte do Movimento de Crescimento da Igreja, norteiam os estudos: Por que algumas igrejas crescem, enquanto outras igrejas não? Pergunta realizada frente ao fenômeno observado de que em alguns campos missionários as igrejas crescem rapidamente, mas em contra partida outras crescem lentamente ou declinam e morrem. Para o Movimento de Crescimento da Igreja, que a partir de agora tratarei como MCI, a falta de um evangelismo, precedido de pesquisas e métodos pragmáticos, é o problema do declínio e morte da igreja local.[5]
Alguns de seus estudiosos buscaram então reverter o declínio da igreja, evitando consequentemente a morte da igreja local, por meio de suas pesquisas e métodos realizados principalmente no campo acadêmico. Em 1965 já havia sido estabelecido o School of World Mission no Fuller Theological Seminary.[6] Winfield C. Arn foi um dos alunos de McGavran, responsável em estabelecer o Instituto de Crescimento da Igreja Americana em parceria com McGavran em 1973. Em 1988 Arn publicou um livro intitulado, The Pastor’s Manual for Effective Ministry, chamando a atenção para uma nova realidade nos EUA. Neste livro Arn demonstra como a América havia se tornado um campo missionário, ou seja, ao invés de enviar missionários deveria pregar para seus próprios conterrâneos.[7]
O núcleo central do MCI possui mais de 150 princípios que possivelmente levam uma igreja a crescer segundo os autores que surgiram nos últimos 30 anos. Porem sete conceitos podem ser destacados a fim de entendermos melhor o que realmente vem a ser este movimento, conforme apontou Gary L. McIntosh, líder especialista, da segunda geração do movimento, em um de seus artigos:
Movimento de Pessoas. “As pessoas gostam de se tornarem cristãos sem ter que cruzar barreiras linguísticas, raciais ou de classe” (Wagner 1986, 17). Nenhum conceito de crescimento da igreja tem recebido tanta atenção quanto a este princípio fundamental. Conhecido popularmente como princípio de unidade homogênea, foi mal entendido por ser um princípio de exclusão, quando na verdade, é um princípio de inclusão: como trazer mais pessoas para Cristo.
Pesquisa Pragmática. Um distintivo da teoria do crescimento da igreja é o baseado em pesquisa pragmáticas. Os praticantes usam questionários, entrevistas, observações de campo e análises históricas em seus projetos de pesquisa. “Crescimento da Igreja tem uma abordagem pragmática ferozmente na avaliação dos resultados, utilizando dados para determinar a fidelidade e eficácia nas missões da Igreja “(McGavran 1980, 335).
Pesquisa Científica. Vendo toda a verdade como a verdade de Deus, os pesquisadores do crescimento da igreja aproveitam todas as disciplinas científicas que possam ajudá-los a cumprir a comissão de Cristo. Os líderes da igreja estudam a ciências sociais, a antropologia e a sociologia, a fim de aprenderem sobre a dinâmica e as tendências culturais. Essa informação é colocada em uso de forma que possa auxiliar o crescimento de uma congregação local.
Relacionamento. Estudos sobre o crescimento da igreja descobriram que o cristianismo se espalha mais rapidamente ao longo das redes naturais de pessoas e em suas unidades sociais, em vez de através das redes. Abordagens mais populares de evangelismo, tais como evangelismo estilo de vida, o evangelismo da amizade, e evangelização das famílias, traçam suas raízes para essa percepção.
Receptividade. Uma descoberta precoce de investigação do crescimento da igreja percebeu que as pessoas são mais sensíveis à mensagem do evangelho, quando eles podem vir a fé, sem ter que atravessar barreiras linguísticas ou culturais. Estratégias evangelísticas, então, devem se concentrar em grupos específicos de pessoas, com recursos direcionados para aquelas que parecem ser as mais sensíveis.
Prioridade. Os cristãos devem estar envolvidos em “discipulado” e “aperfeiçoamento”. Esses termos são basicamente sinônimos de “evangelizar” e “nutrir”, e ambos devem ser aspectos importantes da igreja ministério.
Propósito. O objetivo central da igreja é alcançar homens e mulheres perdidos e trazê-los(as) para a adesão responsável as igrejas cristãs. Não é suficiente apenas convencer as pessoas a tomarem decisões para Cristo. Proclamação e persuasão deve conduzir a assimilação de convertidos nas congregações pragmáticas locais, discipulado propositalmente. [8]
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
Várias são as contribuições que se sucederam após o desenvolvimento dos fundamentos teóricos do movimento. Hoje sete áreas são as que mais se beneficiaram por meio destes estudos:
A identificação dos povos ocultos. Mais de 16.000 alcançados grupos de pessoas foram identificadas e orientadas para uma futura ênfase evangelística.
A preocupação com a plantação de igrejas. A recente ênfase no plantio de igreja nos Estados Unidos está enraizada firmemente no Movimento do Crescimento da Igreja.
A ênfase na Grande Comissão. O foco na continuidade do evangelismo mundial através da análise e investigação surgiu a partir do foco na pesquisa pragmática do crescimento da igreja.
O estabelecimento de um novo campo acadêmico. A maioria dos seminários agora oferecem uma ênfase educacional em estudos de crescimento da igreja, particularmente em programas de Doutorado Ministerial.
A revitalização de igrejas. Dezenas de denominações e milhares de igrejas foram alertados para o seu declínio e têm sido dada uma ajuda específica para renovar o seu crescimento.
O entendimento de igrejas. Os líderes da Igreja têm agora um melhor conhecimento dos ciclos de vida, dos padrões de crescimento, barreiras e das necessidades de tamanhos diferenciados de igrejas.[9]
Em 2004 McIntosh publicou um livro intitulado, Evaluating the Church Growth Movement, onde realizou uma avaliação em conjunto com outros autores sobre o movimento. Neste estudo observaram que as mais diversas especializações e sub-especializações resultaram em uma múltipla interpretação do movimento e uma variedade de ministérios sob o rótulo de Crescimento da Igreja. Por exemplo:
A plantação de igrejas, grupos de células, oração, guerra espiritual, estudos geracionais, gestão de conflitos, agência de mudança, planejamento de longo alcance, liderança, captação de recursos, e outros ministérios têm contribuído para um mal entendimento do Crescimento da Igreja. A esta diversificação relaciona-se o número de organizações identificadas como parte do Movimento de Crescimento da Igreja. Por exemplo, um pesquisa descobriu que foram mencionados como organizações de Crescimento da Igreja: Campus Crusade for Christ, Renewal Magazine, Dallas Theological Seminary, Leadership Network and Son Life. Cada um deste ministérios é certamente útil para a causa de Cristo, mas eles não são diretamente parte do Movimento de Crescimento da Igreja.[10]
Algumas objeções foram levantadas em oposição ao Movimento de Crescimento da Igreja vinte anos após o congresso de Lausanne. Uma das críticas foi o foco dado de forma excessiva aos números, estatísticas, uso de metodologias e, uma das maiores críticas, o princípio de unidade homogênea.[11] Para os críticos do Movimento de Crescimento da Igreja todo o pragmatismo do movimento não gerou um genuíno crescimento, mas sim uma redistribuição de cristãos entre as igrejas e até um racismo mascarado por conta do princípio da homogeneidade.[12]
Pela observação dos aspectos analisados sobre o Movimento de Crescimento de Igrejas somos levados a acreditar que seus princípios impulsionaram, de certa forma, o crescimento de várias igrejas o que deixa claro que, quando colocados em prática funcionam. Mas com o crescimento de várias igrejas no Brasil cresceu também o número de evangélicos sem igreja.
Segundo pesquisa realizada pelo IBGE entre 2003 e 2009 o número de evangélicos que se disseram sem vínculo institucional passou de 4% para 14%, o que representa quase 4 milhões de pessoas.[13] Por que o número de pessoas sem igrejas tem aumentado? Houve um real crescimento ou somente transferência de membros em busca de algo novo e atrativo? O mero crescimento numérico é evidência de uma evangelização bíblica e genuína?
Notas
[1] BRITO, Alessandro Miranda. Autoridade e Poder:Ensaios Interdisciplinares de História do Cristianismo. São Paulo, Brasil: Editora Reflexão, 2013, p. 73.
[2] On the Cutting Edge of Mission Strategy by C. Peter Wagner in Perspectives on the World Christian Movement: A Reader 4th Edition, William Carey Library, 2009, p. 578.
[3] Donald McGavran é considerado hoje como o pai do Movimento (moderno) de Crescimento da Igreja. Nascido na cidade de Damoh, India em 1897, McGavran foi neto e filho de missionários que totalizavam mais de 279 anos de serviço na India. Atuou como missionário na Índia por vários anos. Em 1932 McGavran foi eleito secretário executivo de sua missão na Índia onde após analise de seu campo missionário percebeu que das 145 congregações apenas dez de suas igrejas estavam crescendo. Frustrado com este baixo desempenho conduziu uma pesquisa a fim de encontrar os motivos que explicassem o sucesso de algumas e o fracasso de outras igrejas em sua área. Em 1936 deixou a sua posição de secretário executivo e dedicou os seus próximos 18 anos em trabalhos evangelísticos. As suas ideias foram testadas de forma real no campo missionário e em 1951 escreveu o livro Bridges of God, o que muitos consideram como sendo a Carta Magna do movimento.[3] Em 1954, McGavran foi convidado para realizar estudos em nove outros campos missionários e em 1959 publicou as suas pesquisas no livro intitulado, How Churches Grow.
[4] Estes fatores foram apresentados no Congresso Internacional para Evangelização Mundial em 1974.
[5] Três princípios formam o núcleo central deste movimento segundo Donald McGavran. O primeiro princípio fundamental é perceber que Deus quer que seus filhos perdidos sejam encontrados e envolvidos. O crescimento da igreja explode por meio da natureza do Deus eterno que dá vida. Jesus Cristo deu aos seus discípulos, a Grande Comissão, e todo o Novo Testamento pressupõe que os cristãos proclamem Jesus Cristo como Deus e Salvador e encoraja homens e mulheres para se tornarem seus discípulos e membros responsáveis ??de sua igreja. Descobrir os fatos de crescimento da igreja é o segundo princípio essencial do pensamento Crescimento da Igreja. Investigação responsável sobre as causas e as barreiras para o crescimento da igreja deve ser conduzida. Deus nos deu a Grande Comissão, e não ousamos supor que tudo está indo bem ou que estamos fazendo o melhor que pode ser feito. O Senhor da colheita quer a sua ovelha perdida encontrada, e devemos prestar contas ao seu comando. Descobrindo o grau de crescimento ou declínio e afirmando tais fatos significativos é crucial para o fiel. O terceiro princípio essencial é o desenvolvimento de planos específicos com base nos fatos que são descobertos. Tomando a iniciativa de estabelecer metas e desenvolver estratégias ousadas para ganhar pessoas para Cristo e plantar novas igrejas deve ser o resultado prático de convicção e de investigação significativa. Ver em: McINTOSH, G. L. Evaluating the Church Growth Movement: 5 Views; Michigan: Zondervan, 2004 p.15-6
[6] Já em 1965 foi estabelecido o School of World Mission no Fuller Theological Seminary. McGavran reuniu nesta instituição um grupo de professores que pudessem comunicar os princípios do movimento em volta do mundo. Entre eles podemos citar: Alan R. Tippett, J. Edwin Orr, Ralph Winter, Charles H. Kraft, Arthur F. Glasser and C. Peter Wagner. Como os Estados Unidos já enfrentavam um acentuado declínio, em 1972 McGavran and Wagner iniciaram um curso piloto sobre o crescimento da igreja desenvolvido especialmente para lideres de igrejas dos Estados Unidos a fim de reverter o declínio e morte da igreja americana. Ver em: BERKLEY, D. J. Leadership Handbooks of Pratical Theology: Volume Two Portland Baker Books, 1994 p. 31-33
[7] Arn apontou os seguintes dados nesta obra: “Entre 80% e 85% de todas as igrejas na América estão estagnadas ou em declínio.” Ele diz também que dos seus 240 milhões de habitantes, 96 milhões (40%) não têm filiação religiosa. Outros 73 milhões (31%) são cristãos nominais, ou seja, 169 milhões (71%) não frequentam uma igreja regularmente. WIN ARN, The Pastor’s Manual for Effective Ministry Monrovia, CA: Church Growth, Inc., 1988, p. 16
[8] BERKLEY, D. J. Leadership Handbooks of Pratical Theology: Volume Two Portland Baker Books, 1994 p.37-8
McIntosh e o filho de Win Arn, Charles Arn publicaram um livro com outros princípios e como aplicá-los com sucesso em sua igreja. McINTOSH, G.L. & ARN, C. What Every Pastor Should Know: 101 Rules for Effective Leadership and Ministry in Your Church, Baker Books, 2013
[9] Ibid p.39
[10] McINTOSH, G. L. Evaluating the Church Growth Movement: 5 Views. Michigan: Zondervan, 2004, p.21
[11] O princípio de unidade homogênea diz que as pessoas se unem mais facilmente a uma igreja quando possuem aspectos culturais semelhantes. A frase mais clássica do princípio de homogenidade foi dita pelo precursor do MCI, Donald Mc Gavran: “Pessoas gostam de se tornar cristãs sem ter que cruzar barreiras sócias, linguísticas e de classe). BERKLEY, D. J. Leadership Handbooks of Pratical Theology: Volume Two Portland Baker Books, 1994 p. 34-36
[12] BERKLEY, D. J. Leadership Handbooks of Pratical Theology: Volume Two Portland Baker Books, 1994, p. 41-42
[13] No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1508201102.htm. Acesso em: 07 jan. 2014. 10:30:00

No artigo “Um Roteiro para Reformar uma Igreja“, Greg Gilbert nos traz um pequeno roteiro com 9 orientações para nos ajudar. Confira:
1. Pregue a Palavra.
Primeiro, pregue a Palavra. Isso não é apenas o primeiro passo, é o ar que você respira. Em todo tempo, e enquanto o Senhor lhe der fôlego, pregue a Palavra. É a Palavra de Deus que dá vida e é a Palavra de Deus que o Espírito Santo usa para moldar uma igreja à imagem de Jesus. Se você não fizer isso – fielmente, acuradamente e bem –, reformar a igreja não valerá de nada.
Ao mesmo tempo, uma parte importante de reformar uma igreja é constantemente ensinar a sua congregação acerca dos fundamentos bíblicos daquilo que você está fazendo. A cada passo ao longo do caminho, você precisará ensiná-los – sobre membresia, sobre presbíteros, sobre diáconos, sobre congregacionalismo e até mesmo sobre o significado da própria igreja. O elemento do ensino, na reforma, nunca está acabado. De fato, ele limpa o caminho para tudo o mais.2. Aprenda sobre o governo da igreja.
Segundo, aprenda sobre o governo da sua igreja. Se você vai reformar uma igreja, em vez de começá-la do zero, você precisa conhecer o seu governo. Você precisa saber como mudar as coisas. O que você precisa saber para mudar as regras? Para eleger líderes? Para receber ou excluir membros? Como tudo isso funciona? Você, como o pastor reformador, precisa conhecer as regras existentes melhor do que qualquer outro na igreja. Se não fizer isso – se você simplesmente tentar passar por cima das coisas –, você criará grandes problemas para si mesmo, porque as pessoas se sentirão traídas. Geralmente é mais fácil engolir a derrota quando se sente que ela aconteceu de maneira honesta. Quer criar uma rebelião contra si mesmo? Ignore as regras.
3. Conheça os vigias.
Terceiro, conheça os vigias. Toda igreja tem “pontos de pressão” de autoridade, pessoas que estão em posições chaves de liderança, sejam formais ou informais. Em uma situação que precisa de reforma, um bom número desses vigias – por definição – será problemático. De outra sorte a igreja teria reformado a si mesma antes de você chegar lá.
Para reformar uma igreja, então, conheça essas pessoas. Dedique tempo a elas, antes de ofendê-las, e descubra o valor delas, como elas se comunicam e como elas podem ser persuadidas. É útil saber quais dessas pessoas podem influenciar outras dentre elas e onde essas pessoas serão úteis a você em diferentes pontos da reforma. Se o principal dos diáconos gosta da idéia de presbíteros, mas odeia a idéia de membresia significativa, confie nele ao estabelecer presbíteros, mas não conte com ele quando estiver lidando com membresia.
Veja os outros 6 pontos lendo o artigo completo:
Por: Greg Gilbert. © 2014 9Marks. Original: A Roadmap for Church Reform.
Este artigo faz parte da edição do 9Marks Journal.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel. © 2014 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Um Roteiro para Reformar uma Igreja.
Greg Gilbert é o pastor principal da Third Avenue Baptist Church, em Louisville (Kentucky). É formado pela universidade de Yale e obteve seu mestrado em teologia pelo Southern Theological Seminary. É preletor de conferências teológicas e escreve frequentemente para o Ministério 9 Marcas.

“O que nos torna mais produtivos em nossos trabalhos é a correta aplicação da tecnologia”. Entenda mais sobre o assunto com esse trecho do DVD “Economia para Todo Mundo: Aplicando Princípios Bíblicos ao Trabalho, Dinheiro e Mundo”, de R. C. Sproul Jr.:
Nesse DVD, R. C. Sproul Jr. faz uma profunda e divertida investigação de princípios, práticas e consequências de um dos tópicos mais abordados (e menos compreendidos) dos nossos dias.
Por: R. C. Sproul Jr. © 2014 Ministério Fiel. Original: O Empreendedor e a Tecnologia.
Dr. R.C. Sproul Jr. é o fundador do Ministério Highlands e professor parceiro do Ministério Ligonier. Ele é autor do livro e séries Believing God e professor no documentário Economics Has Consequences.

Por Ruy Cavalcante
Como cristão evangélico, estou familiarizado sobre o ensino a respeito da submissão que a esposa deve ao marido e, quando observado dentro dos parâmetros das Escrituras, entendo como uma atitude importante da esposa para com o mesmo (cf. Ef 5:22; Cl 3:18; Tt 2:5). Mas não é sobre o papel da esposa que gostaria de comentar, e sim sobre o outro lado da questão.
Isso porque vejo muitos irmãos ensinando sobre submissão, especialmente sobre a necessidade de a mulher se submeter ao marido, entretanto afirmo, sem medo de me equivocar, que a maioria dos que falam sobre o assunto (ou uma grande parcela deles) não entendem nada a respeito, e acreditam realmente que suas esposas precisam obedecê-los, ou algo parecido com isso, transformando seus ensinos em apenas uma reivindicação de seus “direitos de homem”.
Entendo sim que o marido é “o cabeça” da família e o grande responsável, diante de Deus, por ela. Mas é justamente neste ponto que se encontra a confusão na mente da maioria dos “machos”.
Ora, os mesmos textos que dizem para a esposa ser submissa ao marido, ordenam também que o marido ame sua esposa. Mas há um detalhe importantíssimo aqui: O marido deve amar a esposa, mas não amar de qualquer maneira e sim amar como Cristo amou (e ama) a Igreja!
“Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela”. (Ef 5:25)
O amor de Cristo pela igreja fez, dentre outras coisas, que Ele tomasse forma de servo, e de fato serviu a Igreja. Mais do que isso, ele a serviu com sua própria vida, não a tendo por mais preciosa que a Igreja. Resumindo, Cristo deu mais importância à Igreja do que a si mesmo (falo do Cristo homem). Não há medidas para o amor de Cristo pela Igreja, nem medida nem requisitos. Ele não veio e ficou dando ordens a ela, Ele veio, a amou e, por seu amor e sacrifício, a salvou.
Vejamos também o que diz o apóstolo Pedro:
“Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações”. (1Pe 3:7)
Observe que, falando sobre o papel do marido, Pedro declara que o mesmo deve ser sábio no convívio, o que implica, dentre outras coisas, não usar de direitos que acredita ter para proveito próprio, prejudicando a harmonia do lar. Diz ainda que o marido tem a obrigação de considerar a esposa como parte mais frágil, ou seja, é o sentimento dela que deve ser levado em maior grau de importância. Assim ela me deve submissão, e eu devo considerar que são os desejos dela, e não os meus, que devem ser priorizados, obviamente quando não afrontam a vontade revelada de Deus.
Acredito que estes dois textos sejam suficientes para que se entenda o recado, mas se for o caso convido vocês a meditarem nos outros textos citados no início deste artigo.
Para resumir o que pretendo ensinar, afirmo que é fácil ser um marido que dá ordens à esposa, que exige dela submissão, mas não é disso que se trata o casamento.
Um marido que compreende o que Jesus e os apóstolos ensinam a respeito do tema, jamais agirá com sua esposa como um superior que “manda na família”, pelo contrário, um marido que ama sua esposa como cristo amou a Igreja irá servi-la, priorizá-la em suas necessidades, será terno e carinhoso e caminhará sempre com sabedoria, em busca da felicidade no casamento que todos sonham.
Não sou mulher, mas imagino como deve ser infeliz a vida de uma esposa submissa (conforme o entendimento bíblico da expressão), mas que vive ao lado de um marido que não compreende o que Deus espera dele.
Enfim, o casamento jamais será sem desentendimentos, mas quando cada um assume e cumpre seu papel, as chances de que ele dure para sempre, mesmo neste mundo pós-moderno, aumenta exponencialmente (Lembro que para o cristão é mister que dure no mínimo, até a morte). Além do mais, é isso o que Deus quer de nós, homens, o que já é motivo suficiente para observarmos estas diretrizes.
No mais, no casamento não há lugar para que se deem ordens… Ali é o melhor lugar do mundo para amar e servir.
Lembre-se disso.
_____
Ruy Cavalcante, para o Púlpito Cristão.
