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A carta de Paulo aos Romanos é um presente tão precioso de Deus, respondendo a diversas perguntas cruciais da vida cristã para nós. Pastor John, ajude-nos aqui. Você tem lido, estudado e estimado esta carta por mais de sessenta anos. Que conselhos você nos daria para nos ajudar a extrair o máximo de glórias desta grande carta?

Afirmo, sem medo de contradição, que a carta de Paulo aos Romanos é a maior carta que já foi escrita na história do mundo por qualquer pessoa — cristã ou não cristã.

Por que Romanos é tão bom

Aqui está o que quero dizer quando digo ser ela a maior carta já escrita. Três coisas.

1. É o resumo mais completo, divinamente inspirado, das maiores realidades do universo.
2. Entre esses escritos inspirados, não é apenas o resumo mais completo das maiores realidades. Ele penetra mais profundamente nessas realidades do que qualquer outro livro, como a condição da humanidade fora de Cristo, o significado da justificação pela fé, o milagre da vida cristã vivida segundo a lei no Espírito, a condição do mundo natural sob a queda, o destino futuro do povo de Israel, o mistério do porquê Deus prepararia vasos de ira para destruição — coisas assim. É simplesmente incomparável em seu poder de penetração.
3. O que quero dizer com maior é que nenhuma outra carta teve um impacto maior na história da igreja e do mundo do que ela. Agostinho traçou sua conversão em Romanos 13.13. Martinho Lutero entrou no paraíso da justiça e liberdade imputadas através do portal de Romanos 1.17. E o coração de John Wesley foi libertado dos esforços do Oxford Club para a alegria da fé ao ouvir os morávios lerem o Prefácio de Lutero a Romanos. E milhões e milhões de outros caminharam em paz com Deus ao longo do que chamamos de “estrada romana”. Por exemplo, as declarações aseguir:

• Romanos 3.23: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus.”
• Romanos 6.23: “O salário do pecado é a morte.”
• Romanos 5.6: “Quando ainda éramos fracos . . . Cristo morreu pelos ímpios.”
• Romanos 10.9: “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo.”

Nossa, imagine que milhões de pessoas ouviram essas quatro verdades gloriosas, dolorosas e maravilhosas e foram salvas por Deus! É a maior carta que já foi escrita, e deveríamos ter, sempre que nos aproximamos de Romanos, um sentimento de admiração, reverência, gratidão, expectativa e alegria.

Não é apenas o Monte Everest das Escrituras, o que de fato é. É toda uma cadeia de picos de montanhas de revelação crescente. Se há alguma Escritura à qual devemos aplicar o Salmo 119.18 , é esta: “[Ó Senhor,] abre meus olhos, para que eu possa contemplar coisas maravilhosas de tua [instrução].” (Essa é uma boa tradução de torah, às vezes traduzida como “lei”.) Então, com esse senso de expectativa, admiração, reverência e gratidão pelo maior de todos os livros, há um ângulo peculiar do qual devemos abordar este livro?

Como abordar Romanos

Bem, estou muito hesitante em limitar a abordagem de qualquer pessoa a este livro. É, sem exagero, um oceano. É um oceano de percepção da realidade, e este oceano não tem fundo e não tem margens, o que significa que este livro nunca será esgotado por seres humanos finitos no que ele tem a nos mostrar sobre Deus e seus caminhos e sobre seu mundo e seu povo. Mas se alguém nos ouvindo quiser uma sugestão, aqui está a minha.

Eu ousaria dizer que nenhum crente entende completamente quem ele é e o que Deus fez para nos tornar crentes — quem somos e o que nos tornaremos. Eu arriscaria dizer que a maioria dos cristãos tem uma compreensão incompleta — e muitos até mesmo defeituosa — do que aconteceu para que fossem feitos cristãos e da coisa milagrosa que é ser um cristão. Portanto, minha sugestão é que devemos ler Romanos, vasculhar Romanos — por três a quatro semanas ou o tempo que estivermos nele — para encontrar a resposta para cinco perguntas.

1. Qual era minha condição antes de Cristo me salvar?

Primeiro, qual era minha condição antes da conversão a Cristo? Que é uma forma da mesma pergunta: Qual seria minha condição agora se Deus não tivesse se movido poderosamente em minha vida para me salvar? Devemos deixar Deus responder a essa pergunta a partir de Romanos, não de nossa experiência.

Alguns de nós fomos salvos quando tínhamos seis anos de idade, e não temos nenhuma lembrança de qual era nossa condição antes de sermos salvos. E alguns de nós pensam que sabemos o quão ruins éramos por causa das coisas ruins que fizemos antes de sermos salvos, mas não percebemos de fato o quão ruins éramos porque, no fundo, a análise de nossa condição e nossa corrupção é muito mais profunda do que qualquer experiência poderia nos ensinar. Devemos ser ensinados por Deus qual era nossa condição (e qual seria hoje se não fôssemos salvos), ou não cantaremos “Amazing Grace (Maravilhosa Graça”, de John Newton) da maneira que deveríamos .

2. O que Deus fez para me salvar dessa condição?

Aqui está a segunda pergunta que devemos tentar responder: O que Deus fez em Jesus Cristo na história para me salvar dessa condição? Agora, não vamos confundir essa pergunta com o que Deus fez em mim — em mim. O mundo inteiro de Martinho Lutero virou de cabeça para baixo quando ele percebeu que sua salvação foi realizada fora dele. Ele chamou isso de extra nos. Lembro-me da primeira vez no seminário que ouvi essa frase, e ela caiu sobre mim de forma semelhante, com poder — extra nos, fora de nós.

Séculos atrás, em uma colina fora de Jerusalém, foi consumado. A salvação foi alcançada. A obra decisiva e divina foi feita antes que Lutero existisse, você existisse, eu existisse. O que Deus fez fora de nós para nos salvar na eternidade, na história? Romanos é muito bom nisso. Vamos responder a essa pergunta, porque precisamos saber o que ele fez por nós fora de nós milhares de anos atrás, antes de existirmos, não apenas o que ele faz em nós.

3. O que Deus fez em mim para me salvar?

Terceira pergunta: O que, então, Deus fez em nós para nos salvar? O que ele faz conosco por seu Espírito e sua graça soberana? Como minha resistência a ele foi superada? Como isso aconteceu? Como minha fé surgiu? Como foi isso? Se a mente da carne é hostil a Deus e não pode se submeter à lei de Deus (Romanos 8.7), como fui salvo? A glória da graça de Deus que encontramos na Bíblia é tão poderosa e decisiva que paramos de atribuir a nós mesmos coisas que a Bíblia atribui a Deus.

4. Como então devo viver?

A quarta pergunta que espero que possamos responder lendo Romanos é esta: Como então viverei neste mundo se fui salvo assim? Como viverei nesta igreja? Como viverei com meus inimigos? Como viverei em relação ao governo, em relação aos povos não alcançados do mundo? Por qual poder posso viver a vida cristã? Como devo ganhar esse poder? Como devo derrotar o pecado? Como vivo a vida cristã?

5. O que Deus tem reservado para mim?

Última pergunta, número cinco: Qual é o meu futuro? Qual é o meu futuro nesta vida? Que tipo de cuidado Deus tem comigo nesta vida enquanto ando no Espírito? Qual é o meu futuro para sempre? Essas são as minhas cinco perguntas.

Agora, não quero limitar os insights de ninguém enquanto você lê Romanos. Deus tem coisas para você ver além dessas cinco perguntas, tenho certeza. Então, uma maneira de fazer as duas coisas — deixar Deus dizer o que ele quiser dizer além dessas, e fazer essa busca por essas cinco respostas — é pegar um caderno ou algumas folhas de papel e colocar essas cinco perguntas em cinco páginas diferentes. E então, enquanto você lê, fique atento a essas cinco perguntas. E toda vez que você vir algo que se relacione a uma delas, anote naquela página específica enquanto Deus mostra a você todos os tipos de outras coisas também.

Deixe Deus falar com você da maneira que ele quiser. E não se preocupe que você não consegue ver tudo. Dependendo da sua idade, você pode ler talvez mais cem vezes — e sempre haverá mais para ver.

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Publicado Originalmente em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2025/04/conselhos-de-john-piper-para-ler-romanos/

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