29 de julho de 2024

“Se você tivesse que fazer tudo de novo, você ainda faria isso?”

Essa parece ser uma pergunta que você pode fazer a alguém que acabou de ser condenado por um crime, e é uma pergunta que me fizeram hoje de manhã. Meu crime? Mandar embora 37 de nossos melhores membros, juntamente com dois de nossos melhores presbíteros, para plantar uma igreja. E quem me fez esta pergunta “acusatória”? Um presbítero de uma nova igreja em Dubai. Eu tinha acabado de compartilhar com ele o quanto nossa mais recente plantação de igreja nos custou.

Sempre podemos encontrar motivos, até mesmo bons, para não plantar uma igreja. No entanto, a necessidade de plantar igrejas em minha cidade (Austin, Texas) supera em muito quaisquer efeitos adversos que possamos enfrentar.

NOSSA NECESSIDADE DE PLANTAR OUTRA IGREJA

Não precisávamos plantar outra igreja porque estávamos com o templo lotado. Ainda temos muito espaço em nosso prédio.

Não plantamos outra igreja porque possuímos recursos financeiros abundantes. Temos uma dívida enorme que está pendurada como uma pedra de moinho em nosso pescoço.

Em vez disso, precisávamos plantar uma igreja por motivos pastorais e evangelísticos.

Primeiro, tínhamos um número significativo de membros que dirigiam do noroeste de Austin para se reunir conosco todas as semanas. Para a maioria deles, isso significa pelo menos trinta minutos de carro. Quando os membros moram tão longe, é difícil “apascentar o rebanho de Deus entre vocês” (1 Pedro 5.2). Tivemos dificuldades para promover a comunidade do evangelho entre nossos membros porque a distância se tornou um obstáculo logístico.

Em segundo lugar, os membros que moravam longe achavam difícil construir relacionamentos evangelísticos com os vizinhos e convidá-los para nossas reuniões.

Mas não só precisávamos plantar uma igreja, como também nossa cidade precisava que plantássemos outra igreja. Entre 2005 e 2015, a área metropolitana de Austin cresceu quase 38%, ultrapassando dois milhões de pessoas. De fato, de 1º de julho de 2015 a 1º de julho de 2016, a população da área metropolitana de Austin aumentou em 58.301 pessoas. Isso equivale a cerca de 164 pessoas por dia. Esse crescimento significa que os esforços de plantação de igrejas em nossa cidade não estão acompanhando o crescimento populacional. Em nosso contexto, não podemos nos dar ao luxo de NÃO plantar uma igreja.

NOSSO RISCO CALCULADO DE PLANTAR OUTRA IGREJA

Então, compreendendo nossas preocupações pastorais e evangelísticas e a necessidade de nossa cidade, assumimos um risco calculado e plantamos outra igreja. Quase nunca há um bom momento para plantar uma igreja. Quase sempre é possível encontrar motivos válidos e até mesmo lógicos para adiá-la. Em nosso caso, porém, percebemos que muitos de nossos motivos para não plantar estavam baseados no medo. Tínhamos medo de perder membros, finanças e líderes.

E sentimos os efeitos de plantar uma igreja quase que imediatamente. Anteriormente, tínhamos oito presbíteros para pouco mais de 500 membros. Em dezembro, antes de plantarmos a igreja, um de nossos presbíteros saiu do quadro de presbíteros. Em fevereiro do ano seguinte, nossa nova igreja plantada realizou suas primeiras reuniões públicas. Em um período de pouco mais de dois meses, passamos de oito presbíteros para cinco. E assim que a igreja recebeu oficialmente novos membros, removemos os que havíamos enviado de nossa membresia: um total de 37.

Não me entenda mal. Não estávamos interessados apenas nos números. Mas esses números representavam alguns de nossos melhores membros e os que mais doavam. Consequentemente, no ano seguinte, começamos a sentir o vazio. Nossos cinco presbíteros restantes tiveram dificuldade para cuidar de nossos quase 500 membros. Embora tenhamos reduzido nosso novo orçamento em 10% para compensar a perda de renda calculada, nossa doação não foi tão forte quanto esperávamos. A essa altura, plantar aquela nova igreja parecia uma decisão insensata.

Então, se tivéssemos que fazer tudo de novo, ainda o faríamos? Com certeza!

AS BÊNÇÃOS DE PLANTAR UMA IGREJA

Como sempre, Deus é fiel. Quando excluímos do rol de membros 37 de nossos melhores membros em fevereiro de 2015, pedimos a Deus que nos enviasse 37 novos membros no ano seguinte. O Senhor respondeu às nossas orações. Ele gerou o crescimento (1 Cor. 3:6) e, no final de 2015, havíamos recebido 74 novos membros. Ao observarmos a bondade de Deus, fomos encorajados em nossa decisão de plantar uma igreja. Se não tivéssemos plantado uma nova igreja, teríamos perdido a alegria da resposta à oração por novos membros.

Infelizmente, o acréscimo de novos membros não compensou nosso déficit financeiro. Pensamos que a redução de dez por cento em nosso orçamento, juntamente com o aumento de novos membros, resolveria nossas necessidades financeiras. Estávamos errados.

Mas, novamente, Deus é fiel! Depois de alguns meses de vida da nova igreja, eles tinham mais dinheiro do que nós. Compreendendo nossa situação financeira, eles nos pediram que deixássemos de lhes dar apoio financeiro. Embora nos alegrássemos com a liberdade financeira deles e fôssemos gratos por sua generosidade, esse alívio financeiro não foi suficiente para manter nossa igreja longe de dificuldades financeiras. No outono do segundo ano de nossa nova plantação de igrejas, nos encontrávamos em um déficit financeiro significativo.

Estávamos com um atraso de aproximadamente US$ 130.000 em nosso orçamento. Depois de muita deliberação, nossos presbíteros concordaram em ir até a congregação e informá-la de nossa necessidade. Além de nossa necessidade semanal normal de cerca de US$ 28.000, os presbíteros propuseram uma oferta especial de um dia com uma meta de US$ 100.000. Pela graça de Deus, nossos membros responderam com uma generosidade transbordante. Recebemos pouco mais de US$ 105.000 para a oferta especial e cerca de US$ 48.000,00 para nossa oferta semanal regular. Se não tivéssemos plantado uma nova igreja, nunca teríamos conhecido a graça de Deus por meio da generosidade de nossos membros (2Co 8.1-5).

Por fim, ainda tínhamos a necessidade de mais líderes (2 Timóteo 2.2). Devido ao fardo de tão poucos presbíteros cuidando de tantos membros, pedimos a Deus mais presbíteros. Como sempre, continuamos a identificar homens qualificados para serem líderes na congregação. Mas agora, sentimos uma urgência maior. Tendo orado regularmente e testado os homens diligentemente, identificamos vários homens mais jovens em nossa congregação que eram qualificados. Um ano depois de fundar a igreja, o presbítero que havia se afastado anteriormente retornou, elevando-nos a seis presbíteros. Também identificamos outros cinco homens que acreditávamos serem qualificados. Embora, por vários motivos, dois desses homens não pudessem servir naquele momento, três deles serviram. No ano seguinte, a igreja confirmou todos os três e, até hoje, temos nove presbíteros. Se não tivéssemos plantado uma igreja, talvez não tivéssemos escolhido esses homens com urgência, mas cada um desses irmãos provou ser um acréscimo valioso ao nosso quadro de presbíteros.

CONCLUSÃO

Não tenho dúvidas de que faríamos tudo de novo. De fato, fizemos isso novamente em 2022. Enviamos 47 membros, incluindo dois presbíteros e dois homens que estavam em nosso próprio grupo de presbíteros. E com eles foram cerca de US$ 140.000 de nosso orçamento anual. Esta é agora nossa quinta igreja plantada. E todas as vezes há um custo. Mas todas as vezes vemos a fidelidade do Senhor em nos sustentar.

Sem dúvida, nem todo contexto é o mesmo. Nem toda cidade está crescendo como Austin. Nem toda igreja será abençoada da mesma forma. Mas, depois de plantar essas igrejas, o Senhor nos ensinou que não apenas nossa cidade precisa que continuemos plantando igrejas, mas, para a saúde de nossa igreja, precisamos continuar plantando igrejas. E isso seria verdade quer continuássemos ou não a crescer, a aumentar nosso orçamento e a levantar uma abundância de novos líderes. Independentemente dos custos e dos efeitos da plantação de igrejas sobre a igreja plantadadora, o Senhor é sempre fiel.

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Publicado Originalmente em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2024/07/assumindo-riscos-na-plantacao-de-igrejas/