Peço desculpas a você que acompanha o APENAS, pois escrevo sempre aqui no blog com a intenção de edificar, exortar ou consolar a sua vida, mas, hoje, gostaria de abordar um assunto que tem ferido a minha alma. Já explico, mas, para chegar ao ponto principal da minha reflexão, antes tenho de apresentar alguns argumentos. Se você tiver paciência de ler até o final, sigamos juntos. O fato é que, já há alguns anos, algo tem me incomodado muito. Mas muito. Muito. Demais. A desunião da Igreja de Jesus Cristo em nosso país alcançou patamares elevadíssimos. Para mim, preciso dizer, insuportáveis. Viramos uma família abençoada, porém, em enorme parte, problemática. Por mais que me doa muito dizer isso, nós, evangélicos, somos um povo desunido. O que ainda não é o pior: não satisfeitos em vivermos entre “inimizades, porfias, […] discórdias, dissensões, facções” (Gl 5.20), tratamos os irmãos em Cristo de quem discordamos com um nível de agressividade, arrogância, desrespeito e falta de amor que considero espantoso para quem segue Jesus.
Vários pastores normalmente tem dificuldade de pregar de forma expositiva e evangelística em um mesmo sermão, principalmente quando pensamos em textos do Antigo Testamento. A boa notícia é que a teologia bíblica pode ajudar o pastor nesse objetivo. Jeramie Rinne no artigo “Teologia bíblica e exposição evangelística” afirma que a teologia bíblica:
“O que é teologia bíblica? Podemos defini-la como o estudo do enredo geral da Bíblia. Juntos, os 66 livros da Bíblia contam uma única narrativa sobre a missão de Deus de salvar um povo e estabelecer um reino para a sua glória, por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo. O AntigoTestamento monta o palco e nos conduz a Jesus. Os evangelhos revelam sua pessoae obra. O restante do Novo Testamento descortina as implicações da morte e daressurreição de Jesus até o fim, até Deus realizar plenamente a sua missão.Quanto mais compreendemos essa trama abrangente, mais somos capazes de ver como o texto da nossa pregação se relaciona com o evangelho.””
No artigo, ele propõe 5 formas de como a teologia bíblica pode levar nossa exposição do Antigo Testamento até Jesus:
1. Promessa e cumprimento
Comecemos com a rota mais simples e direta para o evangelho. Na estratégia de promessa e cumprimento, o texto que você está estudando contém uma profecia ou promessa que é explicitamente cumprida em algum aspecto do evangelho. Promessa e cumprimento são os frutos mais baixos da teologia bíblica: fáceis de ver e de pegar. […]
2. Tipologia
A tipologia é semelhante à promessa e cumprimento, exceto porque, em vez de uma profecia verbal sendo cumprida em Jesus, nós vemos eventos, instituições ou pessoas que preanunciam Jesus e o evangelho. Você pode pensar na tipologia como uma profecia não verbal. […]
3. Temas
Estou usando a palavra “temas” para descrever motivos ou imagens recorrentes no enredo bíblico que não apontam diretamente para Jesus do modo como a tipologia faz. Contudo, esses temas ou motivos estão inteiramente conectados ao evangelho e podem nos ajudar a situar o nosso texto no descortinar da história bíblica. […]
4. Ensino ético
[…] Novamente, a teologia bíblica mapeia um caminho da lei para o evangelho. Nós podemos ler mandamentos morais específicos no fluxo do enredo bíblico de, pelo menos, três modos distintos. Primeiro, as leis e a ética bíblica nos conduzem a Jesus ao nos mostrarem nosso pecado e nossa necessidade de um salvador. Como se costuma dizer, os mandamentos de Deus funcionam como um espelho que nos confronta com a nossa deformidade moral. Quando lemos a história crônica do colapso moral de Israel, nós vemos a história da humanidade e a nossa própria história. “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3.20). […]
5. Solucionando enigmas
Quando começamos a perceber o fluxo da teologia bíblica, também vemos como o evangelho soluciona, com freqüência, enigmas do Antigo Testamento. Como Deus poderia cumprir suas promessas a Davi, uma vez que Judá fora enviado ao exílio e não havia rei em Jerusalém? Se os sacrifícios do templo removiam o pecado, então por que Deus julgava Israel? O Antigo Testamento fala com freqüência sobre as bênçãos de Deus sobre o justo e o julgamento sobre os ímpios. Então por que nós vemos ocorrer o contrário? […]